Uribe assume responsabilidade por revés eleitoral do partido governista em legislativas
O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe assumiu nesta terça-feira (15) a responsabilidade pelo revés de seu partido, o governista Centro Democrático, nas eleições legislativas celebradas no fim de semana e nas quais a oposição de esquerda conseguiu um avanço histórico.
"Encolhemos em muitos assentos. O principal responsável sou eu", expressou Uribe, investigado por suposta manipulação de testemunhas em um processo em que ficou em prisão domiciliar por várias semanas em 2020.
Segundo o ex-presidente (2002-2010), as acusações afetaram sua "reputação" e acabaram impactando nas urnas.
Uribe foi o político mais votado nas legislativas de 2018, mas renunciou ao Senado dois anos depois, pressionado por problemas com a justiça.
Nas eleições de domingo, o Centro Democrático passou de 51 para 30 assentos nas duas Câmaras do Legislativo de 296 assentos, enquanto a esquerda, liderada pelo ex-guerrilheiro e candidato presidencial Gustavo Petro, conseguiu uma bancada de 41 parlamentares, seu melhor resultado histórico.
"Não é um dia de festa, não estamos na bonança", lamentou Uribe na reunião com legisladores e outros líderes do partido que fundou em 2014.
"Houve dias em que não pude (participar da campanha) pelas audiências judiciais", desculpou-se o ex-presidente, que agora responde ao processo em liberdade.
O partido também pagou nas urnas a impopularidade do presidente em fim de mandato Iván Duque, que venceu as eleições de 2018 com o apoio de Uribe. Seu mandato, que acaba em 7 de agosto, é rejeitado por 70% dos colombianos, segundo pesquisas de opinião.
Esteve presente ao comício o ex-ministro Óscar Iván Zuluaga, que retirou na segunda-feira sua candidatura presidencial para apoiar Federico Gutiérrez, indicado por uma coalizão de centro-direita.
No entanto, Uribe se absteve de apoiar Gutiérrez no primeiro turno das eleições presidenciais, em 29 de maio.
"Qualquer candidato do qual me aproxime, na hora o chamam de uribista e o estigmatizam (...) Por isso, quero fazer uma tarefa aplicando aqui o princípio (de que) faz muito aquele que não atrapalha", afirmou o ex-presidente.
No entanto, investiu contra Petro, favorito em todas as pesquisas para chegar à Presidência. "Temos um problema muito grave com Petro. Em sua vida, sempre com ódio, tem falado de expropriações. Agora, relativiza falando de democratização, a mesma democratização de (Nicolás) Maduro na Venezuela", reforçou.