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Atentado a bomba prejudica retorno de Bolsonaro e aprofunda divisão política

Por Anthony Boadle e Eduardo Simões

BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) – O atentado a bomba sem sucesso ao Supremo Tribunal Federal na última quarta-feira deve reunificar Brasília contra o radicalismo de extrema-direita e afundar um possível retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, que contesta a decisão judicial que o impede de concorrer a cargos públicos.

Mas essa resposta institucional também deve alimentar a crença de seus apoiadores de que eles estão sendo silenciados, polarizando ainda mais o país que vem presenciando um crescimento de violência política desde a ascensão de Bolsonaro em 2018, após décadas relativamente calmas.

O ataque, que resultou na morte do homem-bomba, mas não causou outras fatalidades, também coloca em foco o quanto o Supremo tornou-se perigosamente alvo da ira da extrema-direita, motivada por um profundo sentimento de que o tribunal procurou expulsá-la da arena política.

Como nos Estados Unidos, os dois lados do Brasil acreditam que a democracia está sob risco.

Os progressistas apontam para atos de violência como as bombas da última quarta-feira como um ataque direto às instituições democráticas do Brasil, enquanto a extrema-direita insiste que são essas mesmas instituições que estão manipulando a democracia contra ela.

Após as explosões, o ministro do STF Alexandre de Moraes reforçou a opinião de que o discurso de ódio da extrema-direita está ameaçando a democracia brasileira e estimulando a violência, argumentos utilizados por ele para silenciar alguns dos seus mais ferozes críticos nas redes sociais.

“O que ocorreu não é um fato isolado do contexto”, disse Moraes na quinta-feira. “Foi se avolumando sob o falso manto de uma criminosa utilização da liberdade de expressão.”

O ministro comparou o atentado a bomba aos atos de 8 de janeiro do ano passado na capital, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram a corte e as outras duas sedes de Poderes para protestar contra sua derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.

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