Biden vai acentuar contraste com Trump em discurso sobre Estado da União
Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usará seu discurso sobre o Estado da União na noite desta quinta-feira para acentuar as distinções entre ele e seu oponente republicano Donald Trump, divulgar a forte economia do país, pressionar os ricos a pagar mais impostos e tentar aliviar as preocupações dos eleitores sobre sua idade avançada.
O discurso anual de Biden, um evento que se origina da exigência da Constituição dos EUA de que um presidente relate informações ao Congresso “de tempos em tempos” sobre o estado da união, será realizado às 23h (no horário de Brasília) diante de uma rara sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado, e de uma audiência nacional.
Essa pode ser a maior oportunidade de Biden neste ano para alcançar os milhões de eleitores que estão pensando em votar nele, escolher o ex-presidente Trump, que derrotou sua última adversária republicana Nikki Haley nesta semana, ou ficar em casa no dia da eleição, em 5 de novembro.
As pesquisas mostram que Biden, de 81 anos, e Trump, de 77 anos, estão empatados em Estados decisivos para o pleito. A maioria dos eleitores norte-americanos, no entanto, não está entusiasmada com nenhum deles ou com a revanche entre os dois.
Biden procurará convencer os eleitores de que está lutando para proteger a democracia contra Trump – que continua mentindo sobre sua derrota nas eleições de 2020 e propôs a prisão de inimigos políticos. Ele também prometerá proteger o direito ao aborto e reduzir os custos para os norte-americanos afetados pelos preços altos.
O presidente renovará sua cruzada para fazer com que os norte-americanos ricos e as grandes corporações paguem mais impostos, revelando novas propostas que incluem impostos mínimos mais altos para empresas e cidadãos com patrimônio superior a 100 milhões de dólares.
Qualquer reforma tributária desse tipo é improvável, a menos que os democratas conquistem as duas casas do Congresso em novembro, o que não é esperado.
Biden promoverá seu apoio aos sindicatos e apresentará seus sucessos legislativos, por exemplo, em infraestrutura e produção de chips de computador, para mostrar o que é possível se ele tiver mais quatro anos no cargo.
Ele ainda enfatizará o papel de liderança dos EUA no mundo e citará o apoio norte-americano à Ucrânia e a Israel como exemplos, disse um assessor. Espera-se que ele use o discurso para pressionar, novamente, por um pacote de ajuda de 95 bilhões de dólares para armas à Ucrânia e ajuda a Israel que tem sido bloqueado pelo presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson.
Johnson, que se antecipou ao discurso de Biden na quarta-feira, disse que o presidente prejudicou a economia e a reputação dos EUA. “Nossa estatura foi diminuída a um ponto que é difícil de calcular”, afirmou ele.
A economia dos EUA está tendo um desempenho melhor do que a maioria dos países de alta renda, com forte crescimento de empregos, salários e gastos do consumidor. No entanto, os eleitores republicanos dizem que estão profundamente insatisfeitos com a economia, segundo as pesquisas, e os norte-americanos em geral dão a Trump avaliações melhores em questões econômicas.
Em meio a preocupações sobre a aptidão de Biden para um segundo mandato após uma série de deslizes, o desempenho do presidente nesta quinta-feira será observado de perto em busca de sinais de fraqueza física ou mental. Biden deve falar por pelo menos uma hora, lendo em um teleprompter.