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Sua fortuna aumenta a cada dia com a gripe suína

Norbert Bischofberger, vice-presidente executivo da empresa Gilead

Ele quer melhorar o mundo com medicamentos. Como descobridor do Tamiflu, o pesquisador austríaco Norbert Bischofberger, que fez doutorado na Escola Politécnica de Zurique, torna-se a cada dia mais rico. Questionado sobre o tema, ele reage contrariado.

Todos querem Tamiflu. A multinacional farmacêutica suíça Roche quase não dá conta de tantos pedidos. No momento ele é o mais importante meio no combate à gripe suína, cuja periculosidade ainda não pode ser avaliada.

O medicamento foi desenvolvido pelo austríaco Norbert Bischofberger no natal de 1994. A imprensa da sua localidade de origem, Mellau (norte da Áustria), o denomina orgulhosamente de “um dos mais importantes cientistas dos nossos tempos”. O título de doutorado em Química Orgânica foi obtido pelo pesquisador de 55 anos na Escola Politécnica Federal de Zurique.

Em 1990, ele se tornou chefe de pesquisas na pequena empresa Gilead, sediada em São Francisco, nos Estados Unidos. Hoje Norbert Bischofberger é seu vice-presidente. Atualmente a Gilead é considerada a terceira maior empresa do setor de biotecnologia. Dentre outras, ela detém os direitos sobre o Tamiflu. A Roche, que co-financiou seu desenvolvimento, fabrica e distribui o medicamento.

“Sempre tenho de fazer algo”

Graças às suas pesquisas, Bischofberger acumulou fortuna. Há pouco tempo o austríaco comprou e renovou o Hotel Sonne, transformando-o em um spa de luxo, nas proximidades de Bregenz (norte da Áustria), por 12 milhões de francos. Como o jornal britânico Daily Mail escreve, ele ganha aproximadamente 792 mil francos por ano. Além disso, recebe bonificações na casa dos vários milhões.

O pesquisador austríaco também tem participação em um porcentual considerável nos lucros obtidos das vendas de Tamiflu para governos de todo o mundo. Durante entrevistas ele não escuta de bom grado se alguém lhe diz que está fazendo dinheiro com o pânico das pessoas em relação a uma pandemia. Bischofberger ressalta ter apenas um objetivo: fazer do mundo um lugar melhor para viver através de medicamentos eficazes.

Também para repórteres do portal austríaco Vorarlberg Online ele dá a entender que dinheiro não representa muito para ele. “O trabalho dá sentido à vida. Eu sempre tenho de estar fazendo algo. Não posso simplesmente me deitar na praia e observar o céu. Sim, sou também bastante disciplinado. Acordo às quatro e meia da manhã e pratico esporte. Às sete horas já estou no escritório.”

Ele guarda Tamiflu na geladeira

A vontade de pesquisar surgiu cedo no jovem Bischofberger. No sótão da sua casa, ele construiu um pequeno laboratório. Um dia ele conseguiu fabricar pólvora em segredo e explodiu a caixa postal do vilarejo com ela. Depois sabia o que iria fazer: estudar Química. Hoje Bischofberger pesquisa para desenvolver medicamentos contra inflamações do fígado.

Apesar dos seus esforços por um mundo mais saudável, Bischofberger prevê tempos sombrios. A probabilidade é grande de que a situação piore e uma pandemia irrompa sobre a humanidade. “A ameaça através de uma nova bactéria ou vírus é maior do que a de uma guerra nuclear.” Ele até confirma guardar na geladeira alguns pacotes de Tamiflu para toda a família, como escreve o Daily Mail.

Pouca sensibilidade

“O perigo de uma disseminação mundial de uma infecção como a gripe não pode ser previsto por ninguém”, declara o bioquímico à revista suíça Hora da Saúde (Gesundheit-Sprechstunde). Ele diz: “Se as autoridades sanitárias alertam com muita agressividade e não acontece nada, então elas são alarmistas. Se elas alertam tardiamente, são incriminados, pois dormiram numa situação perigosa”. Na revista o pesquisar demonstra também ter dúvidas sobre a resistência do vírus ao Tamiflu. “A questão da resistência significa muitas vezes uma sensibilidade reduzida ao medicamento. Porém, isso não significa que o Tamiflu não está mais atuando.”

Mas por quanto tempo o Tamiflu permanecerá ainda como o meio mais eficaz de combate à gripe? Hans H. Hirsch, professor de virologia clínica na Universidade da Basileia respondeu ao jornal dominical NZZ am Sonntag que diversos medicamentos com atuação semelhante ao Tamiflu estariam “a ponto de ser lançados”.

Marc Brupbacher, Tagesanzeiger.ch/Newsnetz
(Tradução: Alexander Thoele, swissinfo.ch, com autorização do jornal)

Quando Tamiflu estreou no mercado, ele foi um fracasso. Devido à pouca demanda, a Roche chegou a ser obrigada a destruir estoques.

O medicamento começou a ser vendido na Suíça a partir de outubro de 1999. O início foi difícil. Depois se seguem invernos, onda as epidemias de gripes foram apenas moderadas. Na multinacional farmacêutica muitos se questionam se foram investidos milhões à toa. Além do que, a produção do Tamiflu é bastante complexa.

Depois veio a gripe aviária e o medicamento encontrou há quatro anos uma demanda crescente. A gripe suína acabou transformando finalmente o Tamiflu em um dos mais cobiçados medicamentos do mundo.

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