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Como lidar com a fadiga pandêmica?

Person wearing jacket and mask tied to collar cords
© Keystone / Gaetan Bally

Estamos todos fartos de férias canceladas, com saudades de nossas famílias em outros países, e nenhum de nós, se formos honestos, gosta de usar uma máscara.

A Organização Mundial da Saúde adverte que as pessoas em toda a Europa estão exaustas e estressadas pelas medidas para controlar a Covid-19. A “fadiga pandêmica” está minando os esforços para controlar o vírus. Uma pesquisa da OMS constatou que até 60% dos europeus estão ficando irritados com as restrições governamentais, e às vezes relutantes em segui-las.

Em 18 de março deste ano, eu tinha um bilhete de avião para Singapura, o início de uma longa viagem planejada de um mês para a Austrália e Nova Zelândia. Durante dois anos eu economizei milhas aéreas para, finalmente, conseguir viajar em classe executiva.

Imogen Foulkes
Imogen Foulkes é correspondente em Genebra para a BBC e SWI swissinfo.ch swissinfo.ch

Tudo cancelado agora, ou na melhor das hipóteses em espera. Nos meses seguintes, trabalhei de casa, vi meus filhos preocupados com o futuro deles enquanto seus cursos universitários prosseguiam pela internet, e preocupados com minha mãe idosa, em um lar sem visitas, sofrendo com Alzheimer avançado. 

Minhas experiências não são únicas, milhões de pessoas já tiveram experiências semelhantes. Algumas perderam empregos, outras perderam entes queridos. A OMS está agora percebendo que as pessoas precisam ser remotivadas, e publicou conselhos para os governos sobre como combater a fadiga pandêmica.

Consulta e inovação

A OMS diz que “tomar o pulso” das comunidades locais é fundamental. Elas deveriam ser consultadas sobre as novas medidas – a Dinamarca o fez ao incluir estudantes no grupo que trabalhava com as formas mais eficazes de abrir universidades com segurança. A inovação também é importante; o período de festas está se aproximando e as pessoas querem esperar por algo de bom. Portanto, não diga às pessoas que não podem festejar, em vez disso, convide-as a discutir maneiras de comemorar sem correr o risco de espalhar o vírus, diz a OMS.

Como isso pode funcionar em Genebra, e em toda a Suíça, é o que procurei saber com Samia Hurst-Majno e Nicola Low, ambas da equipe de trabalho Covid-19 do governo suíço, e a especialista mundial em saúde Ilona Kickbusch. Elas me ajudaram a entender como os governos podem nos motivar, como reagimos, como a pandemia está nos mudando, e o que podemos esperar neste inverno.

Já vou avisando que algumas respostas delas não foram nada otimistas. Uma coisa fundamental que todas concordaram é que temos muito mais meses, possivelmente até um ou dois anos, para viver com essa situação. Então, quais são as maneiras dos governos poderem nos motivar a lidar com isto?

Samia Hurst-Majno aconselha o grupo de trabalho sobre comportamento social. Ela sugere explicar a situação em termos de um orçamento de risco: quanto mais o vírus se espalha, menos risco podemos correr, mais atividades temos que restringir. Se o vírus está diminuindo, podemos “gastar” mais riscos, ter reuniões maiores, etc.

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Não prometa o que você não pode dar

Ilona Kickbusch diz que os governos não devem “fazer promessas que não podem cumprir”. Não adianta, segundo ela, dizer que haverá uma vacina até o Natal, quando a maioria das evidências científicas sugere que ela levará mais tempo. Mas ela entende que “as pessoas querem suas vidas de volta… é uma reação muito humana”. É por isso que ela acredita que é crucial ter especialistas em comportamento social como Samia aconselhando os governos ao lado dos epidemiologistas.

Nicola Low, que é uma epidemiologista que aconselha a força-tarefa, está atualmente observando com uma certo apreensão o aumento dos casos na Suíça. Ela não está satisfeita com a decisão de permitir reuniões de massa de mais de 1000 pessoas a partir do início de outubro. Isso, para usar a analogia de Samia, é um risco que Nicola teme que não entre no orçamento da Suíça.

Todos querem permanecer saudáveis, mas todos querem continuar trabalhando também. Há a pressão para proteger a saúde, e a pressão de setores da economia já empurrados para a beira da falência. Favoreça um, e você corre o risco de prejudicar o outro. Este é o dilema que os governos enfrentam.

“Estamos constantemente falando em voltar ao normal, ou reconstruir melhor. Devemos parar com esse tipo de pensamento. Nossas sociedades, a maneira como vivemos, a forma como nossas economias estão estruturadas, onde o dinheiro está sendo feito, onde os empregos vão estar, estão sendo reestruturados por este vírus enquanto falamos”, adverte Ilona.

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Adaptação: Fernando Hirschy


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