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Estrangeiros chocados com “preços absurdos” da COP30 em Belém

Setor hoteleiro de Belém se prepara para receber as delegações da COP 30.
Setor hoteleiro de Belém se prepara para receber as delegações da COP 30. Keystone / Jorge Saenz

Detalhes logísticos e escassez de hotéis em Belém preocupam delegações estrangeiras; brasileiros no Mundial de Clubes voltam a empolgar; cegos pilotam veleiros no Rio de Janeiro, e Portugal pode bater 47 graus neste verão.

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De 21 a 27 de junho de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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“Chocante e discriminatório”: os “preços exorbitantes” para acomodação em Belém

Apesar da insistência das autoridades brasileiras de que a cidade de Bélem está pronta para sediar a COP30 em novembro, a falta de acomodações a preços acessíveis está causando pânico entre as delegações. Elas dizem que estão atônitas com os “preços exorbitantes”.

Os trabalhos estão a todo vapor na capital do Pará, mas a escala dos desafios logísticos está alarmando os representantes dos países participantes, a sociedade civil e a mídia, com uma pergunta candente: como encontrar acomodações a um preço decente?

“Eu nunca vi nada igual. O preço estonteante das acomodações, de vários milhares de dólares por noite até mesmo para os quartos mais básicos, não é apenas chocante, mas também discriminatório”, disse Mariana Paoli, da ONG Christian Aid, à Agência France Presse (AFP).

“Os delegados do Sul global, em particular ativistas, líderes indígenas e outros representantes da sociedade civil” se veem “totalmente excluídos por esses preços”, insiste essa veterana brasileira das cúpulas climáticas.

Nos últimos meses, a AFP viu hotéis oferecendo quartos a 1.200 euros por noite. Na plataforma de reserva de acomodações Airbnb, algumas ofertas foram ainda mais altas.

Com um total de 50.000 pessoas esperadas, Claudio Angelo, do Observatório do Clima, um grupo de ONGs brasileiras, alertou que “algumas delegações estão considerando reduzir o número de delegados”.

Essas preocupações se espalharam por Bonn (Alemanha), onde as negociações técnicas sobre mudanças climáticas estão ocorrendo nos últimos dias. Os representantes brasileiros se viram sob fogo cerrado. “Nós mesmos estamos muito preocupados com o custo das acomodações”, admitiu Ana Toni, diretora geral da COP30, à AFP.

Diante da emergência, as autoridades brasileiras estão tentando pressionar o setor hoteleiro. A Secretaria Nacional de Direitos do Consumidor (SENACON) convocou os principais hotéis de Bélem a dar explicações para “esclarecer eventuais práticas abusivas de preços”. O setor denunciou as “ameaças” e apoiou as “negociações” em andamento.

Fonte: bluewin.chLink externo, 27.06.2025 (em francês). 

A (re)ascenção do futebol brasileiro

Danilo do Flamengo (esq.) cabeceia uma bola ao lado de Denis Bouanga, do Los Angeles FC, durante a partida de futebol do Grupo D da Copa do Mundo de Clubes em Orlando, Flórida, 24 de junho de 2025.
Danilo do Flamengo (esq.) cabeceia uma bola ao lado de Denis Bouanga, do Los Angeles FC, durante a partida de futebol do Grupo D da Copa do Mundo de Clubes em Orlando, Flórida, 24 de junho de 2025. Copyright 2025 The Associated Press. All Rights Reserved

Com uma mudança na lei em 2021, permitindo a entrada de investidores externos nos clubes, e o brilhante desempenho dos clubes brasileiros na Copa Mundial de Clubes, o diário conservador suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ) se pergunta se a liga nacional se tornará a próxima Premier League.

“O cemitério do futebol está cheio de favoritos”, disse Renato Paiva no início da Copa do Mundo de Clubes nos EUA. A mensagem do técnico português do Botafogo FR do Rio de Janeiro sobre o supostamente claro equilíbrio de poder no futebol entre a Europa e a América do Sul foi clara: a arrogância geralmente leva ao fracasso. E, até o momento, são de fato os brasileiros que estão fazendo os europeus sambar.

Entretanto, a influência positiva dos investidores em toda a liga é indiscutível. Os clubes brasileiros se desenvolveram visivelmente mais – isso ficou evidente na Copa do Mundo de Clubes por meio de um melhor trabalho em equipe e de uma sólida estrutura tática das equipes. Os jogadores de futebol do Brasil nunca tiveram falta de motivação, competitividade e classe individual.

A transformação também se reflete no aumento da força financeira dos clubes. Os clubes agora estão em condições de fazer transferências maiores e manter jogadores talentosos por mais tempo.

Fonte: NZZLink externo, 26.06.2025 (em alemão).

O “déspota” que afundou o Lyon – e “salvou” o Botafogo

John Textor
John Textor Copyright 2024 The Associated Press. All Rights Reserved

O portal Watson, por sua vez, dedicou uma reportagem ao controverso empresário John Textor, dono, entre outros clubes, do Botafogo do Rio de Janeiro. A partir do rebaixamento do clube francês Olympique de Lyon, o portal destrincha a carreira do investidor.

Acusado de fraude nos Estados Unidos, adulado como o “salvador” do Botafogo no Brasil, insultado como o destruidor da “identidade” de seus clubes Olympique Lyonnais e Molenbeek na Europa, Textor é um homem complexo e inclassificável que parece ter injetado mais esperança do que confiança em seus empreendimentos.

Essas duas faixas, exibidas no estádio pela maior torcida organizada do OL, resumem suas queixas contra o empresário:

“As figuras históricas foram demitidas, o império vendido, os valores desprezados, o treinamento insultado – o que resta do OL?

“Textor em três anos: 4 técnicos, 2 diretores executivos, 2 diretores financeiros, 1.000 promessas”

Para esses torcedores, a identidade histórica do clube, que ganhou sete títulos franceses consecutivos entre 2002 e 2008, não foi respeitada e a administração é caótica. Inicialmente, o objetivo era retornar à Liga dos Campeões. O clube seguiu exatamente o caminho oposto, com um elenco – e, portanto, resultados – que não são dignos dessa ambição.

Apesar de várias medidas para melhorar suas finanças, incluindo a redução da folha salarial, a saída de funcionários e a venda de jogadores, o Olympique Lyonnais não mudou suficientemente sua sorte, de acordo com o DNCG. Como resultado, o clube foi rebaixado para a L2. O Lyon – que recorrerá dessa decisão – estava jogando na primeira divisão desde 1989.

Textor certamente procurou revitalizar as finanças e a organização do clube. Ele se desfez de ativos não essenciais, como a Décines Arena e a seção feminina. Ele reduziu a folha salarial dos jogadores e da equipe. Mas, localmente, de acordo com a imprensa de Lyon, os prestadores de serviços estão cobrando suas contas e o pagamento está sendo adiado sempre que possível…

Fonte: Watson.chLink externo, 25.06.2025 (em francês) 

O timoneiro é cego – mas tudo sob controle!

No Rio de Janeiro, um projeto inovador está permitindo que pessoas com deficiência naveguem um veleiro. O projeto ‘Navegando com sentido’ oferece oficinas de vela adaptada, transformando a Baía de Guanabara em um espaço de aventura inclusiva.

Fernando Araujo sente a brisa do mar em seu rosto enquanto dirige um veleiro na baía do Rio de Janeiro. O capitão por um dia mantém o rumo, mesmo sem enxergar nada da paisagem ao seu redor. “É um cego que está pilotando”, diz sorrindo para os outros membros da tripulação do monocasco de 40 pés (12,19 metros de comprimento), formada por outros quatro deficientes visuais ou auditivos, acompanhados por instrutores.

O grupo passou por três dias de treinamento intensivo em uma marina em frente ao icônico Pão de Açúcar. Essa foi a preparação necessária para sua primeira saída na sublime Baía de Guanabara, que sediou os eventos de vela dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio em 2016. “É uma experiência muito diferente, eu nunca me imaginei no comando de um barco”, disse Fernando Araujo, 31 anos.

Os instrutores estão constantemente dando explicações, descrevendo em detalhes a posição e as características do leme, do mastro, da retranca e das velas. O tato é um dos sentidos mais importantes: cada elemento do veleiro é cuidadosamente sentido pelos cegos e deficientes visuais, enquanto as instruções são traduzidas em linguagem de sinais para os alunos com deficiência auditiva.

Fonte: BlickLink externo, 25.06.2025 (em francês). 

Brasil: a percepção dos investidores estrangeiros

Lisa Turk, gerente de fundos e créditos emergentes do Edmond Rothschild Asset Management (Genebra) publicou um artigo resumindo a visão dos estrangeiros sobre os potenciais e riscos de se investir no Brasil neste momento. Segundo ela, as expectativas dos investidores, que há alguns meses esperavam um upgrade na classificação de crédito do gigante sul-americano, agora se transformaram em preocupações sobre um possível rebaixamento.

Do artigo: “No país do samba, a política monetária foi apertada em meados de junho. As perspectivas de crescimento estão em baixa para o segundo semestre do ano, o índice de popularidade do governo está caindo e há preocupação com o risco de derrapagem orçamentária.

As expectativas dos investidores, que há alguns meses esperavam um upgrade na classificação de crédito do gigante sul-americano, agora se transformaram em preocupações sobre um possível rebaixamento. Entretanto, esse ambiente não parece estar desestabilizando as empresas brasileiras, que continuam a se beneficiar do forte poder de precificação, da demanda externa robusta e, acima de tudo, de uma posição privilegiada em determinados setores de exportação.

No segmento de dívida corporativa emergente, o Brasil é um dos mercados mais profundos e diversificados, especialmente no segmento de alto rendimento. O índice JPM CEMBI lista 148 emissões e 59 emissores brasileiros. Considerado o último do ciclo, o aumento da taxa de juros do banco central para 15% em 18 de junho representa um desafio particularmente espinhoso para as empresas nacionais, que temem pressões sobre o crescimento e o fluxo de caixa.

As expectativas dos investidores, que há alguns meses esperavam um upgrade na classificação de crédito do gigante sul-americano, agora se transformaram em preocupações sobre um possível rebaixamento.
Entretanto, a perspectiva para determinados setores continua muito favorável, como saúde, certas indústrias (cimento e aço), transporte e logística. As empresas brasileiras geralmente estão entre as líderes mundiais em seus setores, com presença internacional graças às suas exportações e balanços patrimoniais muito sólidos.

Outra vantagem é sua exposição relativamente baixa às tensões geopolíticas atuais. Seu envolvimento no conflito no Oriente Médio permanece limitado, e o impacto direto da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos provavelmente permanecerá moderado, com o aumento das taxas alfandegárias previsto para ser limitado a 10%, enquanto a grande maioria das empresas brasileiras gera menos de 10% de suas receitas no país do Tio Sam.

O país pode até se beneficiar da incerteza causada pela guerra comercial: China, Vietnã, Filipinas e Malásia estão entre os países que assinaram recentemente – ou estão prestes a assinar – acordos que fortalecem seus laços comerciais com o Brasil. Esses países estão buscando diminuir o impacto das medidas tarifárias dos EUA, recorrendo a parceiros comerciais mais confiáveis e estáveis. As empresas brasileiras podem se beneficiar desses novos acordos, especialmente porque já desfrutam de uma posição dominante na exportação de vários produtos agrícolas, como soja, café e certas proteínas animais, entre outros.

Nesse contexto complexo, é fundamental visar às oportunidades. As recentes inadimplências, como a da companhia aérea Azul, e as preocupações com a empresa petroquímica Braskem enfatizam a importância da seleção no mercado brasileiro. As empresas grandes e altamente classificadas, que romperam o teto de vidro representado pela classificação soberana BB, devem se mostrar as mais resistentes diante da desaceleração do crescimento e da turbulência política.”

Fonte: ‘AgefiLink externo, 26.06.2025 (em francês) 

Onda de calor: Portugal pode bater os 47 graus neste verão

A região do Mediterrâneo está fervendo, e não se trata apenas de uma imagem. Na Grécia e no Chipre, os serviços meteorológicos anunciaram uma violenta onda de calor até pelo menos domingo. Nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, as temperaturas chegaram a quase 36°C localmente.

O que está causando essa onda de calor? Um acúmulo incomum de calor no Atlântico Norte. As temperaturas da superfície estão bem acima da média de vários anos. As temperaturas no Mediterrâneo também estão bem acima dos valores normais. Como escreve o “Frankfurter Rundschau”, isso favorece a formação de fortes baixas e massas de ar quentes e úmidas, por um lado, e por outro.

Essas temperaturas extremas são extremamente perigosas. As autoridades também estão alertando sobre o alto risco de incêndios em florestas e arbustos. A combinação de seca, calor e ventos significa que até mesmo a menor chama pode se tornar um grande incêndio.

A situação é ainda mais catastrófica na Espanha. Já está quente no país desde o final de maio, mas agora as temperaturas ultrapassam os 40°C em grande parte da Espanha e de Portugal. O meteorologista Gernot Schütz, do wetter.com, espera que o pico na Espanha ocorra entre sábado e quarta-feira: “Durante esse período, as temperaturas podem chegar a 45°C no sul, e até 46 ou 47°C em alguns lugares”, afirma o site. O recorde atual de calor pode até ser quebrado. Esse recorde é de 47,4°C, medido em 14 de agosto de 2021 em La Rambla, Andaluzia.

Fonte: BlickLink externo, 26.06.2025 (em francês) 

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