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Alunos suíços progridem em leitura

Segundo o último estudo PISA, alunos das escolas suíças estão progredindo Keystone

Os resultados do 4° estudo PISA sobre o conhecimento dos alunos foram apresentados terça-feira (7/12) em Berna, capital suíça.

Em comparação internacional, os alunos na Suíça progrediram em leitura e continuam excelentes em matemática e bons em ciências. É um dado a mais no debate sobre a escola.












Há quase dez anos, a Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avalia de três em três anos a competência dos alunos de 15 anos em leitura, matemática e ciências naturais.

A enquete PISA 2009 foi feita com 470 mil jovens em 65 países, 10 mil na Suíça. Bernard Hugonnier, co-autor do relatório da OCDE, em Paris, diz que “a Suíça está progredindo. Os suíços são muito bons em matemática, bons em ciências e um pouco inferiores em copreensão se texto. Neste item eles evoluíram, passando do 17° para o 11° lugar, de 2000 a 2009. Esses resultados são, portanto, relativamente benéficos.”

Eles são até “animadores”, afirma Isabelle Chassot, presidente da Conferência Suíça de Diretores Cantonais da Instrução Pública (CDIP). Ela lembra o choque provocado pelo primeiro estudo PISA, em 2000, indicando resultados ruins em leitura para dos suíços de 15 anos e, sobretudo, que 20% deles tinham dificuldades em leitura.

“As coisas mudaram”

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As coisas mudaram, explica Isabelle Chassot. “Parece que  desde então, os esforços deram resultados.” Ela refere-se ao plano de ação para promover a leitura elaborado em 2003 pela CDIP.

Hoje a Suíça está acima da média da OCDE, entre os 12 primeiros, atrás da Coreia, Canadá, Nova Zelândia, Japão, Austrália e Finlândia. 

Outro ponto interessante, destaca Bernard Jugonnier, da OCDE, “a proporção de alunos em grande dificuldade caiu de 20% em 2000 para 16,8% em 2009. Esse dado permanece abaixo da média, mas mostra que a Suíça faz um esforço pelos menos favorecidos.”

 Isabelle Chassot  destaca também a melhoria do desempenho em leitura dos jovens originários da migração. “Só a Finlândia tem média superior à da Suíça para os jovens migrantes, mas é um país menos heterogêneo do que o nosso.”

Essa evolução é ainda mais notável porque a proporção de jovens migrantes aumentou de 20,7% para 23,5%  na Suíça, como constataram os responsáveis do Consórcio PISA.ch

 René Levy, professor honorário da Universidade deLausanne (oeste), lembra que “todos os especialistas sabem a influência importante do meio sociocultural no desempenho escolar.” Dito de outra maneira, se os filhos da imigração progridem na escola “é sinal de são melhor integrados.”   

O pré-escolar em questão

Isabelle Chassot  “insiste nos projetos de desenvolvimento do sistema educacional”,referindo-se ao acordo escolar HarmoS (que unifica a idade de entrar na escola, a duração da escolaridade obrigatória e a aprendizagem de línguas) adotado até agora por 15 cantões (estados), ou seja, 76% da população suíça. 

Esse projeto é criticado por certos meios, sobretudo pelo Partido do Povo Suíço (SVP na sigla em alemão). No início de novembro, esse partido (o maior da Suíça), divulgou um documento exprimindo sua oposição a uma harmonização dos 26 sistemas escolares e, sobretudo, contra a formação pré-primária, considerada muito longa.

 Bernard Hugonnier fala que “a diferença de resultados entre os alunos que têm um ano ou mais de escolar maternal e os não têm é de 54 pontos, em média para a OCDE, de 85 pontos na Suíça e de 108 na França.”

Ele conclui que “os alunos que tiveram uma ano pré-escolar a mais têm melhores resultados em leitura do que os que não têm, qualquer que seja no nível socioeconômico.”

“Difamação populista”

Por sua vez, os sindicatos dos professores saúdam a melhora na competência dos alunos. Através de um comunicado conjunto, afirmam que o discurso de certos meios acerca da “pedagogia laxista” não passa de “difamação populista”.

A cada publicação, esses estudos provocam debates.  

Beat W. Zemp, presidente do sindicato dos professores da Suíça alemã (LCH), havia declarado à swissinfo.ch “que houve uma tomada de consciência política da importância e das exigências de formação.”

Os resultados por regiões linguísticas e por cantão estarão disponíveis somente no final de 2011. Se PISA provoca sempre controvérsias, a edição 2009 poderá fazer avançar, acredita René Levy: “Para mim, o valor desse tipo de enquete não é a progressão no ranking internacional, mas permite fazer uma análise comparativa séria entre os dados de 2000 e os dados de 2009.” 

Daqui até lá vai se falar muito da escola na Suíça, tema que fará parte da campanha para as eleições legislativas federais de outubro de 2011

O “Programme for International Student Assessment” foi lançado oficialmente em 1997 pela Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a pedido dos países-membros para avaliar o desempenho dos diferentes sistemas educativos.  

Desde a primeira edição em 2000, o estudo é realizado de três em três anos

Competências estudadas: leitura, matemática e ciências. A cada enquete, uma das três matérias é considerada prioritária na avaliação.

O objetivo é avaliar as noções adquiridas, mas também a capacidade de refletir com base em seus próprios conhecimentos e experiências e de aplicá-las aos problemas cotidianos.

A direção suíça do programa PISA está sediada na Divisão Federal de Estatística, em Neuchâtel (oeste). Ela colabora com quatro centros de coordenação regional: o Instituto para Avaliação Escolar (IBE), a Alta Escola de Educação de St-Gallen, o Serviço de Pesquisa em Educação (SRED) e o Ofício de estudos e pesquisa (USR).

470.000 jovens de 15 ans (10.000 na Suíça) participaram em 65 países, dos testes de duas horas em leitura, matemática e ciências naturais. Eles também responderam a um questionário sobre a situação pessoal, estratégia de aprendizagem e motivação.

Pela segunda vez, o estudo PISA enfatizava a leitura: os alunos suíços progrediram de 6 pontos desde 2000 e estão agora em 11° lugar. Coreia, Finlândia e Canadá são os três primeiros.

A Suíça investiu 3,5 milhões de francos no PISA 20009, financiados a partes iguais pelo Estado federal e pelos cantões (estados).  

Os trabalhos preparatórios para a enquete 2012

já começaram. Desta vez, elas será centrada em matemática e será publicada em 2013.

Adaptação: Claudinê Gonçalves

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