Cuidado! Um "Silvesterchlaus" assusta os habitantes nessa região ao leste do país.
Keystone / Gian Ehrenzeller
Seja feliz e aliviado pelo fim de 2024 ou esperando por um 2025 de paz e prosperidade, os suíços marcam a entrada do ano através de diversas tradições, algumas delas bem exóticas.
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Escrevo artigos para a redação Suíça do estrangeiro e sobre curiosidades do país, bem como produzo resumos diários e semanais. Também traduzo e/ou edito artigos para a redação de língua inglesa. Também faço locução de vídeos.
Nasci em Londres, sou formado em alemão e linguística. Fui jornalista de The Independent antes de me mudar para Berna, em 2005. Falo todas as três línguas oficiais suíças e gosto de viajar pelo país e praticá-las, principalmente nos pubs, restaurantes e lojas de sorvete.
Faço parte da equipe de multimídia da SWI swissinfo.ch. Meu trabalho se concentra em tudo relacionado a imagens: edição, seleção, ilustrações e mídias sociais.
Estudei design gráfico em Zurique e Londres, de 1997 a 2002. Desde então, sempre trabalhei como designer gráfico, diretor de arte, editor de fotos e ilustradora.
Enquanto muitas pessoas brindam com um espumante, outras preferem comer 12 uvas (Espanha), usar roupas brancas (Brasil) ou quebrar pratos nas portas dos vizinhos (Dinamarca).
Os suíços não desperdiçam a louça de casa, mas se mantém fiéis às tradições centenárias.
Cantos nas fontes de Rheinfelden
Henri Leuzinger
Talvez isso lembre a série americana “A História de uma Serva”. Mas o fato é que o “Brunnensingen” praticado em Rheinfelden, norte da Suíça, remonta ao ano de 1541. Naquela época as populações tentavam expulsar a peste que varria o país com canções de Natal.
Nos dias 24 e 31 de dezembro, 12 pessoas trajando roupas sombrias desfilam pela parte velha da cidade, parando em seis fontes para cantar o canto de Natal “Die Nacht, die ist so freudenreich” (tradução: A Noite é tão alegre). Durante uma hora todas as luzes da cidade estão apagadas e a única iluminação é a lanterna carregada pelos cantores.
Os espíritos de Interlaken
As figuras mascaradas se chamam “Harderpotschete”, uma tradição em Interlaken, cidade ao sul de Berna.
Keystone / Lukas Lehmann
Menos pacífica é a procissão “Harder Potschete” em Interlaken, um vale nos Alpes bernenses. Nela há um penhasco que se assemelha ao rosto e ombros de um homem: o “Hardermannli”, o espírito maligno da montanha.
Em 2 de janeiro esse espírito desce ao vale com sua esposa e os “Potschen”, seus servos. Estes carregam impressionantes máscaras de madeira esculpidas à mão, que servem a provocar medo e terror na população através de gritos (e um pouco de perseguição). Seu objetivo é afastar os maus espíritos do inverno.
A retirada de Hardermannli significa a vitória da luz sobre a escuridão da noite. Depois que todas as máscaras se soltam, todos vão comemorar nos bares locais.
Corrida de leitões em Klosters
Corrida de leitões em Klosters, cantão dos Grisões
Courtesy of, Marcel Giger
Que melhor maneira de curar uma ressaca de réveillon do que espantando leitões com sinos de vaca? A “Hotschrennen der Glückssäuli” (tradução: corrida de leitões felizes) na estação de esqui de Klosters (leste) fazem literalmente os porcos “suarem”.
Sempre às três da tarde do 1º de janeiro, as pessoas se reúnem na praça local e apostam em até dez leitões, que então correm (a um ritmo bastante tranquilo e muitas vezes precisando de um pouco de incentivo) ao redor de um percurso nevado. Mesmo que um porco chegue por último, há muita comida local e bebida (forte) para animar os presentes.
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Monstros de inverno no Appenzell
Keystone / Gian Ehrenzeller
A entrada do ano é comemorada duas vezes no cantão do Appenzell (nordeste): em 31 de dezembro (calendário gregoriano) e em 13 de janeiro (calendário juliano). Ao amanhecer, grupos de homens vestidos de Silvesterchläuse (tradução: monstros do ano novo) percorrem as fazendas locais, onde formam um círculo, tocam seus sinos e cantam um iodel sem palavras. Eles desejam às famílias um feliz ano novo e recebem um pouco de dinheiro antes de passar para a próxima residência.
Atualmente os Silvesterchläuse estão divididos em três grupos: bonitos, feios e os bonitos e feios. Os monstros “bonitos” usam roupas tradicionais decoradas com cordões prateados e chapéus, retratando cenas da vida cotidiana. Os “feios” vestem casacos cobertos de galhos, folhas ou palha e cobrem seus rostos com máscaras demoníacas. Os “do meio”, também usam materiais naturais, como madeira e musgo em suas roupas, mas elaborados de uma forma mais estética.
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Discoteca em Lausanne
Silent disco Lausanne
BoNoel/ vandyfilm
Se você estiver procurando uma tradição mais moderna, recomendamos visitar a Praça Central em Lausanne (oeste) na noite de 31 de dezembro. Nela ocorre a discoteca “silenciosa”.
Reserve fones de ouvido sem fio (25 francos) e escolha entre três canais produzidos por DJs locais. Essa tradição começou em 2017 (com uma pausa devido à pandemia em 2020) e leva inúmeras pessoas à praça, onde passam a noite dançando no silêncio.
Para os que prezam tradições mais milenares, então o concerto de órgão na catedral de Lausanne às 22h30 (repetido às 17h00 do dia 1º de janeiro) é a melhor pedida.
Feliz 2025 em todas as partes do mundo!
Adaptação: Alexander Thoele
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