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Descoberta marcante suíça na egiptologia

Os arqueólogos suíços precisam se proteger do sol no Egito. swissinfo.ch

Uma equipe suíça de arqueólogos acaba de descobrir uma nova múmia no Vale dos Reis, no Egito.

Trata-se de uma importante descoberta, a primeira do gênero desde a exumação de Tutancâmon em 1922. swissinfo.ch esteve nas escavações.

O Vale dos Reis é um pouco o Santo Graal dos egiptólogos. Situado em pleno deserto, próximo a Luxor, ele abriga túmulos de muitos faraós, membros das famílias reais ou grandes dignitários da época do Novo Império.

Foi nesse vale que ocorreu em 1922 a mais impressionante descoberta da egiptologia: o túmulo de Tutancâmon, especialmente pelo fato de ser o único a permanecer intacto até os dias de hoje. Depois dela, nada mais ocorreu na mesma amplitude.

Limpeza bem sucedida 

A descoberta do novo túmulo também constitui um evento de grande importância no pequeno mundo da arqueologia. Tudo começou em 25 de janeiro de 2011, durante trabalhos de limpeza realizados por uma missão de pesquisa conduzida pela Universidade da Basileia.

“Nesse famoso 25 de janeiro de 2011, a gente estava em uma missão de limpeza sobre um túmulo já conhecido”, conta Susanne Bickel, chefe de projeto da equipe arqueológica suíça e professora na Universidade da Basileia. “Ao construir uma mureta em volta desse túmulo esbarramos repentinamente na borda superior de algo…”

“Inicialmente pensamos que eram detritos ou uma construção não acabada”, continua ela. “Mas a grande surpresa foi descobrir que era provavelmente outro túmulo. Nunca teríamos imaginado que dois túmulos pudessem estar tão próximos um do outro.”

Mas a descoberta foi deixada primeiramente de lado, coberta de areia. No início de 2011 o Egito estava em plena revolução. Os rumores de saques se multiplicavam. Por medida de segurança, a missão desmontou o acampamento e os estudantes retornaram à Suíça. Uma tampa de metal foi colocada sobre a abertura do túmulo à espera de um período mais favorável à sua exploração.

Um sarcófago não como os outros 

Esse momento ocorreu somente em janeiro de 2012. A equipe recebeu então a autorização oficial das autoridades egípcias para continuar as escavações. “Estávamos com pressa de saber o que iríamos encontrar”, declara Susanne Bickel. “Quatro dias foram necessários para cavar um poço. Depois foi possível deslizar um braço para colocar uma câmara. Então vimos o túmulo nunca violado, um sarcófago totalmente intacto, que não parecia com os outros que estávamos habituados a ver.”

A equipe, protegida do sol abrasador que assola normalmente o vale por uma tenda, explica que o sarcófago tem um aspecto sóbrio, sem adornos. “Nenhuma decoração na sua superfície”, revela um dos membros. “Ele tem uma madeira bastante espessa, muito bonita. Sabíamos que o túmulo havia sido construído no século 15 a.C., mas descobrimos que o sarcófago data do século 9. a.C.”

“Essa descoberta permite deduzir dois elementos importantes”, continua. “Pelo fato do túmulo ser datado do século 15, concluímos que houve um segundo enterro 500 anos mais tarde. De outra parte, a sobriedade do sarcófago nos leva a pensar que, no século 9, durante a 22 a. dinastia, um enterro consistia em um sarcófago humilde e uma estela simples (n.r.: coluna ou placa de pedra em que os antigos faziam inscrições). E contrariamente aos costumes do século 15, na 18 a. dinastia, onde a cerâmica e o mobiliário eram muito presentes.”

Múmia embalada 

“Segundo as inscrições, que ainda não foram totalmente decifradas, trata-se de uma mulher”, explica os arqueólogos suíços. “Ela se chamaria Nehemes-Bastet, o que significa ‘Que a deusa Bastet possa a proteger’.”

“O que é surpreendente”, completa Susanne Bickel, “é que o sarcófago mede dois metros de comprimento, enquanto a múmia, em perfeito estado de conservação, tem apenas 1,55 metros. A defunta seria uma cantora de Amon-Rê. Seu título nos indica que ela fazia parte de uma elite, tendo uma atividade de sacerdotisa provavelmente ocasional, que ela deveria exercer durante as grandes procissões.”

“É a primeira vez que encontramos no Vale dos Reis o túmulo de uma mulher que não tinha ligações com as antigas famílias reais”, ressalta ainda a pesquisadora.

Ainda muito a aprender 

O objetivo do projeto da Universidade da Basileia é analisar os túmulos não reais situados no vale lateral que leva ao túmulo de Tutmés III (o quinto faraó da 18 a. dinastia). Esses túmulos não reais foram muito pouco estudados até então.

“Muitos são completamente desconhecidos”, detalha Susanne Bickel. “Nós os exploramos, documentamos sua arquitetura e tentamos descobrir nas toneladas de detritos que os preenchem algumas indicações que permitam determinar a data da sua utilização, eventualmente também as pessoas que tiveram o privilégio de serem enterrados no vale, próximas aos faraós.”

A descoberta do sarcófago da cantora de Amon nos envia a outro período da utilização do vale, a do século 9 a.C., onde os túmulos eram reutilizados uma segunda vez. A múmia, em perfeito estado, não foi ainda analisada. Por isso ainda sobram muitas coisas para aprender com a mulher, que conseguiu escapar das pilhagens e do desgaste do tempo para chegar intacta e revelar seus segredos.

É um grande vale montanhoso no Egito onde, por um período de aproximadamente 500 anos foram construídas tumbas para os Faraós e nobres importantes do Antigo Egito (entre a XVIII e a XX dinastias).

O Vale dos Reis localiza-se na margem ocidental do Nilo, oposto a Tebas (atualmente Luxor).

Está separado em duas zonas, vale ocidental (West Valley) e vale oriental (East Valley), com os mais importantes túmulos no vale oriental.

Com as descobertas de 2005 e 2008, o Vale contém agora 67 tumbas e câmaras, variando em tamanho desde uma simples câmara aberta na rocha até um complexo com mais de 120 câmaras.

As tumbas reais são normalmente decoradas com cenas da mitologia egípcia que testemunham as crenças e os rituais funerários dos períodos de sua construção.

A maioria das tumbas foram violadas e saqueadas na antigüidade, mas algumas (como a KV62) permaneceram intactas até a sua descoberta dando ideia da opulência e do poder dos governantes de sua época.

A área tem sido o foco de explorações arqueológicas desde o final do século XVII, e suas tumbas e sarcófagos continuam a estimular pesquisas.

Nos tempos modernos, o Vale se tornou famoso pela descoberta da tumba de Tutancâmon, com o seu rumor sobre a maldição do Faraó, que é um dos mais famosos sítios arqueológicos do mundo. Em 1979, esta tumba se tornou Patrimônio Mundial da Humanidade, pela UNESCO, juntamente com o resto da Necrópole Tebana. (Wikipédia)

Foi um faraó do Antigo Egito que faleceu ainda na adolescência.

Era filho e genro de Akhenaton (o faraó que instituiu o culto de Aton, o deus Sol) e filho de Kiya, uma esposa secundária de seu pai.

Casou-se aos 10 anos, provavelmente com sua meia-irmã, Ankhesenamon.

Assumiu o trono quando tinha cerca de doze anos, restaurando os antigos cultos aos deuses e os privilégios do clero (principalmente o do deus Amon de Tebas).

Morreu em 1324 a.C., aos dezenove anos, sem herdeiros – com apenas nove anos de trono – “o que levou especialistas a especularem sobre a hipótese de doenças hereditárias na família real da XVIII dinastia”, na opinião de Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito. (Wikipédia)

Adaptação: Alexander Thoele

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