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Mummenschanz comemora 40 anos de carreira no Brasil

O Mummenschanz em Zurique, em fevereiro de 2008. Keystone

Serão onze apresentações em seis grandes cidades brasileiras. O consagrado grupo teatral suíço Mummenschanz volta ao Brasil para um espetáculo que reúne alguns dos principais momentos da carreira que teve início há quatro décadas.

Após as turnês de 2004 e 2006, o público brasileiro poderá assistir pela terceira vez a mistura de circo, teatro de máscaras, pantomima, acrobacia e fantoches costurados com muita criatividade pelo grupo.

O Mummenschanz foi fundado em 1969 pelos estudantes suíços Bernie Schürch e Andres Bossard e pela italiana Floriana Frassetto. O estilo original criado pelo trio obteve reconhecimento imediato do público e da crítica na Suíça e na França. Já no ano seguinte, o Mummenschanz partiu para sua primeira turnê por Estados Unidos e Canadá.

“Nosso primeiro grande sucesso aconteceu no festival de teatro de Avignon. Atuamos em uma sala de aula, onde juntamos mesas e cortinas dadas por minha avó, e assim começamos a criar esse espetáculo. No início, eu ficava do lado de fora vendendo ingressos e tinha que correr para trás do palco e começar o espetáculo. No terceiro dia, já tinha tanta gente querendo ver o espetáculo que não havia mais espaço”, conta Floriana.

Desde então, o sucesso do Mummenschanz só fez crescer em todo o mundo. Somente na Broadway, o grupo suíço permaneceu por três anos seguidos em cartaz, entre 1974 e 1976: “Era o início dos anos 70, e nosso espetáculo visual, poético e sem palavras causou um grande impacto no cenário tradicional da época. Nós havíamos atravessado algumas fronteiras”, avalia Floriana.

Nos anos 80 e 90, o trio viveu o auge do sucesso, com apresentações em grandes eventos e participação em filmes de cinema e videoclipes, além de se tornarem garotos-propaganda da AT&T. A procura pelo Mummenschanz era tanta, conta Floriana, que surgiu a necessidade de criar novas trupes: “Tínhamos compromissos na Europa e nos EUA, por isso foi preciso ensinar nosso trabalho a outros para que pudéssemos continuar e cumprir compromissos simultâneos. Mas, sempre que podemos, preferimos estar nós mesmos no palco”.

Luto e recomeço


Em 1992, a morte de Andres Bossard quase pôs um ponto final na carreira do Mummenschanz, como revela outro membro fundador do grupo, Bernie Schürch: “Foi muito difícil. Nós passamos vinte anos realizando um trabalho de trio, tendo uma vida comum a três. A relação entre nós era muito intensa, e quando Andres faleceu deixou uma enorme lacuna, inclusive do ponto de vista artístico, pois atuar em duo é muito menos dinâmico e mais difícil”.

O grupo só voltou a se apresentar no ano seguinte, na cidade suíça de Saint-Gallen: “Após um ano de luto e de reflexão sobre o que fazer, eu e Floriana decidimos retomar o Mummenschanz e continuar o caminho que havíamos começado. Então, nós dois fizemos um novo programa, com a ajuda de colegas que haviam trabalhado conosco nos EUA e outros. Conseguimos criar um espetáculo muito forte, e pudemos reencontrar a intensidade que o Mummenschanz tinha antes”.

Desde a morte de Bossard, o Mummenschanz passou por algumas modificações em sua formação original. Atualmente, o grupo é um quarteto que, além de Bernie Schürch e Floriana Frassetto, conta com os italianos Raffaella Mattioli e Pietro Montandon. Fora do palco, completa o elenco de peças fundamentais do Mummenschanz o iluminador Jan Maria Lukas.

Integrante do Mummenschanz há dois anos, Montandon vai se apresentar pela primeira vez no Brasil, e não esconde suas expectativas: “Estou encantado e muito emocionado, pois me apresentar no Brasil sempre foi um sonho para mim. Espero um público muito quente e também muito preparado, pois está acostumado a assistir espetáculos do mundo todo”. Há dez anos no grupo, Raffaella tem boas lembranças da última turnê: “Foi bom, foi fantástico. O público brasileiro é incrível”.

Melhores momentos


Bernie Schürch garante que os brasileiros terão a oportunidade de assistir a performances inesquecíveis: “É um espetáculo de jubileu, vamos comemorar os 40 anos do Mummenschanz. Em 1969, eu, Andres e Floriana acabávamos de sair da escola e, quando nos encontramos, tivemos esse desejo de propor um estilo de teatro que não necessita da palavra e que não se serve de tudo o que é decorativo, mas que entra no centro da emoção das pessoas”.

O espetáculo do Mummenschanz, segundo Schürch, é para toda a família: “Nós temos apelo para o público de oito a 180 anos, todos podem entrar e compreender o espetáculo. Fizemos uma retrospectiva do total de nosso repertório, que compreende um pouco mais de uma centena de números, e escolhemos aqueles de que gostamos mais. É um espetáculo feito com amor”.

Floriana Frassetto resume o espírito do grupo: “O Mummenschanz é nosso mundo, é mais do que fazer um espetáculo. É nossa criação, e nós somos completamente devotados a isso. Antes do espetáculo, nós nos esvaziamos e ficamos prontos para participar com o público emocionalmente, afim de que ele possa imaginar aquilo que quer e nós possamos dar cem por cento de nós mesmos’, diz. Raffaella Mattioli completa: “A interação emocional com o público é o diferencial do Mummenschanz”.

Maurício Thuswohl, swissinfo.ch, Rio de Janeiro

A maior turnê já realizada pelo grupo suíço Mummenschanz no Brasil começa pelo Rio de Janeiro, com apresentações nos dias 17 e 18 de novembro, no Teatro João Caetano. Em seguida, o grupo se apresentará em São Paulo (21 e 22, no Teatro Bradesco), Curitiba (24, no Teatro Guaíra), Belo Horizonte (28 e 29, no Teatro das Artes), Salvador (1º de dezembro, no Teatro Castro Alves), Brasília (3 e 4, no Teatro Nacional Cláudio Santoro) e Porto Alegre (6, no Teatro Bourbon).

Fundadora do Mummenschanz ao lado de Andres Bossard e Bernie Schürch, Floriana Frassetto fala com muito carinho das duas passagens anteriores do grupo pelo Brasil, em 2004 e 2006: “O público brasileiro é uma benção, eu adoro. Na primeira vez, no Teatro Municipal do Rio, um jovem que nos esperava me disse que havia vendido seu casaco para poder assistir a nosso espetáculo. Eu imediatamente comecei a chorar”, recorda.

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