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O monumento mais visitado da Suíça

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O castelo de Chillon, próximo à Montreux. swiss-image

Com os "pés" no Lago Léman, enquadrado por montanhas, de longe, o Castelo de Chillon se sobressai pela sua singularidade: uma obra da Idade Média - e que obra! - "perdida" no século XXI.

O milenar Château de Chillon, nas cercanias de Montreux, integra-se a um cenário fascinante. Sua beleza representa um requinte especial para a paisagem que o rodeia. E visitá-lo é uma oportunidade para se mergulhar no passado, na história incrustada em seus paredões.

Se à distância o Castelo já se sobressai, por suas particulares, de perto, se destaca pela imponência de seus 110 metros de comprimento, 50 de largura e um torreão de 25 metros de altura, correspondente a um edifício de 8 andares.

É, diríamos, um castelo “vaidoso”, que prefere ser mirado de ângulos favoráveis. Fotografado de perfil, por exemplo, como acima, fica melhor ainda !

É, então, que notamos realmente – e não precisamos de folhetos de promoção turística para isso – que o Castelo de Chillon é uma jóia da ‘riviera’, que se estende de Genebra a Montreux. E, no seu interior, o visitante terá o privilégio de desfrutar de uma vista panorâmica do imenso lago Léman e dos Alpes franceses, na margem oposta.

Não dispense o guia eletrônico !

Entra-se ao monumento por uma passarela coberta, pois Chillon foi construído sobre uma ilhota, como reforço para seu poder defensivo.

A partir desse ponto, tendo em mãos o ingresso e o folheto explicativo em um dos 14 idiomas de sua escolha – incluindo o português -, o turista começa a visita, que vai do térreo ao torreão donjon, através de difentes locais e de várias salas de grande interesse.

Conte umas duas horas para essa visita. E uma dica importante: melhor que os folhetos ou a leitura dos textos explicativos nas diversas salas (francês, alemão e inglês) é um guia eletrônico (audioguia), em oito idiomas. (O português ainda não foi incluído, mas há alternativas em espanhol e italiano para as pessoas refratárias a idiomas que considerem ‘enrolados’).

Chillon é um castelo e não um museu

A vantagem do guia eletrônico é oferecer explicações objetivas, leves e na medida exata. Isto dá maior liberdade ao turista, que pode apreciar as diferentes divisões, desde as frias adegas, misto de celeiros e prisão, até a torre mais alta, passando por salas e cômodos de diversas utilidades, além de átrios.

Marta Sofia dos Santos, uma simpática portuguesa, diretora adjunta da Fundação do /Château de Chillon gosta de destacar que os visitantes vão em busca de um castelo e não de um museu. Daí, certamente, a preocupação de conciliar o rigor acadêmico com a vulgarização do Castelo, em seu novo roteiro de visitas, lançado em março de 2008.

Objetos “contam” a história do Castelo

Essa preocupação transparece no mobiliário e no uso de objetos similares aos existentes no passado. Tonéis na adega ou cadeiras reclináveis, inspirados em modelos do século XVI, têm cores claras para não se confundirem com peças antigas. Para se dar uma idéia de como era o local na época, podem-se ver alguns cereais na cave que servia de celeiro.

Desperta a atenção dos visitantes o trecho entre a sala 13 e a 20. A 13, por exemplo, é uma “sala de aparato” onde está instalado um refeitório da Idade Media. Impressiona muito o tamanho da “churrasqueira” da época, onde havia espaço para colocar tanto um avantajado javali como um boi inteiro.

Continuando, pode-se ver outra sala de ostentação, onde se realizavam festas e recepções, na época medieval, com uma estupenda coleção de baús, arcas, malas e cofres, além de armários, parte do acervo e testemunhos do passado. Ressalte-se que esses móveis foram adquiridos no século XX, a fim de mobiliar o Castelo.

Recuando no tempo vários séculos, podemos visitar ainda um dormitório (16), com decorações do século XVI. Curiosamente, a cama de casal tem apenas 1.70 m de comprimento. Pessoas pequenas? Não necessariamente lembra Marta dos Santos. À época, as pessoas muito supersticiosas, dormiam sentadas para evitar a posição dos mortos.

O “quarto do senhor” e a capela são excepcionais

A sala dos brasões (18), que evidencia a presença bernesa no Castelo, é um amplo espaço, hoje utilizado para exposições temporárias e recepções. A camera dominis (19) é excepcional, especialmente pela rica decoração das paredes em azul, que só os ricos podiam se permitir.

O “quarto do senhor” com vista para o torreão, podia servir de refúgio ou de acesso à capela (24), dedicada a São Jorge. No teto, surpreendem os vestígios de pinturas do século XIV, pois o local chegou a ser usado como celeiro, depósito de pólvora e prisão.

O recinto destinado ao banheiro – onde se vê um curioso tonel, cortado ao meio, para banho – e latrinas profundas (20), para as necessidades básicas, suscitam os mais diferentes comentários. Esses detalhes lembram que o Castelo de Chillon era habitado por gente de carne e osso, onde a vida era mais dura que a de hoje.

Uma posição estratégica

Na seqüência, fica-se sabendo que existiam locais para a administração (31) e que o Castelo, em seu atual aspecto, resulta de séculos de construção, modificações e reformas (32).

No trajeto, o visitante se inteira dos aspectos defensivos (34) e pode subir até o torreão (46), de onde se avistam os Alpes Franceses próximos, Montreux e o Lago Léman, bem maior do que parece: 73 km de comprimento e 13 de largura, para não se falar de profundidade, que pode chegar aos 310 metros.

Situado em cenário de grande beleza, o Castelo de Chillon, no decorrer dos séculos, beneficiou-se de sua posição no eixo norte-sul europeu, dentro da importante rota comercial com a Itália. Uma ligação, hoje, configurada por uma rodovia próxima. No passado, essa situação privilegiada foi muito bem explorada, economicamente.

Rousseau, Goethe, Dali, Elizabeth II…

Todos os trunfos mencionados fazem com que o interesse pelo Castelo se ligue a sua longa história. Se, no passado, personalidades como Goethe e Hemingway visitaram o Castelo, outras, como Rousseau, Victor Hugo e Lord Byron o enalteceram. Byron contribuiu de maneira decisiva para torná-lo conhecido através do poema “O Prisioneiro de Chillon” que, sem respeitar dados históricos, envolve o Castelo no romantirsmo da época.

Em dias menos distantes, a mais famosa personalidade que lá esteve foi a rainha Elizabeth II da Inglaterra. Acompanhada de seu marido, o príncipe Philip, a visita aconteceu no dia 30 de abril de 1980.

Quatro anos antes, lá esteve também o excêntico pintor espanhol, Salvador Dali. No gênero “people”, em 2007, a cantora country e pop canadense, Shania Twain.

A julgar pelo número de visitantes, o auge de interesse por esse monumento histórico – entre os monumentos visitados com cobrança de ingresso é o mais solicitado – foi na década de noventa, quando se registrou a presença de 350 mil pessoas, provenientes dos mais diferentes horizontes.

Se os suíços representam 25% dos visitantes, outros países da Europa Ocidental totalizam 18% e americanos e canadenses,13%. Estatisticamente, os visitantes de língua portuguesa são pouco significativos. A título de comparação, o Museu Olímpico do COI em Lausanne, com recursos bem mais substanciais, atrai 270 mil visitantes/ano.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

Há setenta anos, mais de cem mil pessoas visitavam o monumento, anualmente. Nos anos 90, chegou-se ao pico de 350 mil visitantes/ano. Atuamente, os 5 mil turistas que utilizam prospectos em português representam 1,6% dos visitantes…

O nome ‘Castelo de Chillon’ aparece pela primeira vez em documento do século XII (1150) quando a propriedade é transferida aos condes de Sabóia. O quase milenar monumento foi edificado sobre uma fortaleza multissecular.

Os Sabóias transformam e ampliam o forte no séc. XIII. O Castelo serve de residência e base de conquistas de regiões vizinhas.

Aproveitando-se da localização estratégica desse ponto de passagem norte-sul – que leva à Itália -, os Sabóias introduzem um direito de passagem (pedágio) em 1214.

No mesmo século treze, a residência senhorial é renovada e no século seguinte, o castelo serve também de prisão, de quartel e, suas caves, de depósito de mercadorias.

O prisioneiro mais famoso é François Bonivard – detido entre 1530 e 1536 pelos Sabóias -, ao qual Lorde Byron dedicou seu poema The Prisoner of Chillon.

Na época, o já ducado de Sabóia não passa de um enclave enfraquecido, rodeado por um vasto território dominado por Berna, que, com ajuda de Genebra, conquista facilmente o Castelo em 1536.

Os berneses conservam a estrutura da fortaleza, mas transformam partes da mesma em armazéns, arsenal e pequenas casernas. Só em 1798, com o empenho da região de Vaud em se tornar independente, os berneses abandonam o forte.

O Castelo de Chillon passa mais tarde a servir de depósito de armamentos, sendo o torreão utilizado para guardar arquivos e como prisão militar.

Em 1887, é criada uma associação para uma restauração em regra do Castelo que irá revelar vestígios romanos, levando a uma melhor compreensão histórica do edifício.

Se desde o fim do século XVIII, o Castelo tinha tudo para atrair os grandes escritores românticos, e se por lá passaram, entre outros, Jean-Jacques Rousseau, Alexandre Dumas, Gustave Flaubert, é o mencionado lorde Byron quem mais contribuiu para a divulgação desse castelo que foi declarado monumento histórico em 1891.

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