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Homens também pensam em cuidar da casa

Alguns pais preferem trabalho parcial para poder cuidar da família. imagepoint

Cada vez mais homens suíços estão procurando empregos a tempo parcial para sair do estresse cotidiano e estar mais presente na educação dos filhos.

O desafio é convencer os empregadores a aceitar ou incentivar esse modelo de trabalho, sobretudo quando o funcionário ocupa posições de chefia nas empresas.

Números oficiais do governo mostram que 12% a mais de homens passaram a trabalhar em tempo parcial no segundo trimestre do ano comparado com o mesmo período em 2005. Apenas dois por cento das mulheres optaram por esse modelo do que nos períodos correspondentes.

Empregos em tempo parcial estão se tornando cada vez mais atrativos para homens que queiram passar mais tempo com suas famílias.

De acordo com o jornal de negócios Handelszeitung, o número de pais com crianças em faixas etárias abaixo dos 15 anos trabalhando em tempo parcial passou de 15 mil para 46 mil entre 1991 e 2005.

Em comparação, o número de mulheres trabalhando em tempo parcial cresceu de 280 mil para 408 mil.

“Cada vez mais homens estão procurando um emprego que ocupe apenas uma parte do dia. O principal objetivo é poder passar mais tempo com os filhos”, declara Daniel Huber, membro da Associação para Famílias e Pró-Trabalho, uma ONG dedicada ao tema na Suíça.

“Existem também outros fatores que explicam essa decisão, como uma necessidade maior de tempo para aperfeiçoamento profissional ou talvez devido ao estresse crescente que as pessoas estão vivendo nos escritórios. Porém eu acho que o fator mais importante é o desejo de ficar em casa. Há alguns anos, era mais comum as mulheres nos procurarem para saber como conjugar o trabalho e os deveres do lar. Agora 30% dos nossos clientes são homens”.

Reação lenta

Apesar do reconhecimento crescente da importância de conjugar os interesses da família com os do mundo do trabalho, as empresas helvéticas parecer ser muito lentas em atender as aspirações dos funcionários.

Um estudo com apoio governamental realizado no ano passado mostrou que as empresas podem aumentar os seus lucros em até oito por cento ao adotar políticas internas favoráveis à família.

Porém a mensagem parece não chegar nas salas dos chefes, como acredita Bruno Schmuki, porta-voz do maior sindicato suíça, Unia.

“É mais difícil para o homem na Suíça de encontrar um emprego em tempo parcial se ele quer passar mais tempo com a família, sobretudo quando o emprego é um cargo de responsabilidade”, declara.

“O risco de perder influência e os contatos no trabalho no caso de ausência é muito grande. Além disso, existe o medo de não ser capaz de fazer o trabalho estando em casa. Por isso eu acredito que as empresas podiam ser mais criativas e permitir o trabalho em tempo parcial ou criando novas posições para esse tipo de funcionários”.

Homens também são culpados

A culpa da dificuldade de aceitação do trabalho parcial também pode ser encontrada nos próprios homens, como acredita Markus Theunert, presidente do Fórum Suíço para Homens e Emancipação (Maenner.ch).

“Temos dois fatos contraditórios: o primeiro é que todas as pesquisas de opinião mostram que os homens adorariam trabalhar em tempo parcial, mas a segunda é que as empresas que oferecem esse tipo de emprego não conseguem encontrar candidatos”, conta Theuner à swissinfo.

“Existe uma divergência entre a atitude e a ação dos homens. A minha explicação para isso é que a identidade masculina é baseada em alta performance em todos os domínios da vida. Nesse caso, se o homem trabalha apenas 50% na sua empresa, ele se sentiria apenas com a metade do seu valor”.

swissinfo, Matthew Allen

Em 1990, 59,8% das famílias com uma criança na faixa etária até sete anos eram compostas de um homem trabalhando em tempo integrar e uma mulher que ficava em casa. Esse modelo “tradicional” de família passou para 37,3% em 2000.
A proporção de homens trabalhando em tempo integral e mulheres em tempo parcial nas famílias aumentou de 23,2% para 36,5%.
Cada vez mais homens e mulheres trabalham em tempo integral: de 10,7% em 1990 para 12,1% em 2000.
A proporção de famílias onde os dois pais trabalham em tempo parcial aumentou de 1,5% para 3,5%.

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