EUA denunciam intimidação a opositores na Venezuela

Os Estados Unidos expressaram, nesta quarta-feira, preocupação com o “clima de polarização e intimidação” contra opositores na Venezuela, depois que a situação denunciou um processo legal contra o maior empresário do país, Lorenzo Mendoza.
“Estamos profundamente preocupados com o clima de polarização e intimidação na Venezuela contra aqueles com pontos de vista divergentes”, disse à AFP um funcionário do Departamento de Estado, que pediu para ter sua identidade preservada.
“Todos os venezuelanos merecem poder expressar suas opiniões livremente e sem medo de intimidação”, acrescentou, ao responder a uma pergunta sobre a situação de Mendoza, a quem o governo venezuelano acusa de usurpar funções de governo em suposta combinação com o Fundo Monetário Internacional.
O funcionário americano também pediu “ao governo venezuelano” que reconsidere o repúdio à observação eleitoral da Organização de Estados Americanos (OEA) nas eleições legislativas de 6 de dezembro.
“Embora o tempo esteja acabando, esperamos que o governo da Venezuela reconsidere esta decisão e permita uma observação eleitoral independente, confiável e efetiva”, afirmou.
O presidente Nicolás Maduro e o chefe do Legislativo venezuelano e número dois do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, pediram para levar perante a justiça Mendoza pelo “crime grave” de “falar em nome da pátria” em uma conversa por telefone privada que o empresário teve com Ricardo Haussman, um economista conservador e professor da Universidade de Harvard.
No diálogo – que Cabello e Maduro exibiram pela televisão na semana passada, sem informar como foi obtido -, Hausmann afirma que “esteve em conversações com o FMI”, pois considera que a Venezuela não pode sair de sua atual crise econômica sem “ajuda internacional substanciosa” de “40 ou 50 bilhões de dólares”, ao que Mendoza assente.
O empresário diz a Hausmann que um plano de ajuda financeira à Venezuela é o beabá do que se vai enfrentar diante de uma crise econômica que se reflete em inflação alta, escassez de produtos básicos e de divisas pela queda dos preços do petróleo.
Mas Cabello afirmou que “o único administrador da fazenda pública é o presidente da República”.
Mendoza, que está na 690ª posição da lista Forbes, com uma fortuna de US$ 2,7 bilhões, dirige a companhia Empresas Polar, maior produtora de alimentos do país.