Seveso lembra catástrofe 25 anos depois
O primeiro grande acidente ecológico industrial ocorreu em 10 de julho de 1976, no norte da Itália. O vazamento de produtos químicos de uma fábrica da Roche não matou ninguém mas a saúde da população continua afetada até hoje.
O acidente de Seveso criou o que o ecologista suíço René Longet chama de “pedagogia da catástrofe”. Segundo ele, “mudou a visão da opinião pública a respeito da indústria química, passando a considerá-la como potencialmente perigosa”.
Seveso não foi tão grave quanto as catástrofes que ocorreram depois em Bopal, na Índia (1984) e Tchernobyl, na Ucrânia (l986). No entanto, a partir de Seveso, os países industrializados adotaram leis e formas de controle mais severas para a indústria química.
736 pessoas foram evacuadas e 193 tiveram de seguir tratamento médico em Seveso, pequena cidade do norte da Itália, perto de Milão e da fronteira suíça. A fábrica foi fechada dois dias depois do acidente e a multinacional suíça Roche pagou 240 milhões de dólares de indenização às vítimas.
“O acidente não causou mortes mas ainda tem conseqüências sobre a população”, lembra o médico Paolo Mocarelli, da Universidade de Milão, que estuda a questão há 25 anos.
Ele constata que o número de tumores e de diabéticos é maior que a média e que o número de nascimento de meninos é bem menor que o de meninas. A média européia é de 105 meninos para 100 meninas. Em Seveso, a média é de 60 meninos para 100 meninas, fenômeno ainda não totalmente explicado.
Nos 42 hectares da área contaminada, hoje existe uma reserva natural com 5 mil espécies de árvores e pássaros. No meio do parque, inaugurado 5 anos atrás, há uma espécie de colina, onde a grama cobre um tanque de cimento com 200 mil metros cúbicos de terra e dejetos industriais contaminados pela dioxina.
Outra conseqüência do acidente de Seveso é a Convenção de Basiléia sobre o lixo tóxico, em vigor desde 1992. Os países signatários se comprometem a reduzir a produção de dejetos industriais e são obrigados a eliminá-los. A exportação só é autorizada se o país produtor não puder eliminar o lixo sem poluir e com autorização do país importador.
swissinfo com agências
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