Força da ONU no Líbano acusa Israel de disparar contra guarnição
A força da ONU destacada no Líbano (Unifil, na sigla em inglês) acusou, nesta quinta-feira (10), Israel de ter disparado contra seu quartel-general em Ras al Naqura, ferindo dois capacetes azuis indonésios, um ataque que gerou condenação internacional.
Israel reconheceu que suas forças “abriram fogo” na área da base das forças de paz da ONU em Ras al Naqura, no sul de Líbano, após pedir aos capacetes azuis que buscassem refúgio, mas insistiu em que os militantes do Hezbollah, contra quem trava uma guerra cada vez mais intensa, operam nas proximidades dos postos da ONU.
Trata-se do pior incidente registrado pela missão de manutenção da paz desde que, na semana passada, informou que havia rechaçado as exigências israelenses para “mudar” algumas de suas posições.
Os militares indonésios feridos “estão hospitalizados” e suas lesões “não são graves”, detalhou a Unifil.
O embaixador da Indonésia na ONU, Hari Prabowo, denunciou no Conselho de Segurança, em Nova York, que o ataque “mostra claramente como Israel se posiciona acima do direito internacional, da impunidade e de nossos valores de paz”.
A Itália, um dos países que mais fornecem tropas à força, com cerca de 900 militares, indicou que os eventos “poderiam constituir crimes de guerra”.
A Espanha, que dirige a Unifil, pediu que se “garanta” a segurança dos capacetes azuis e a Irlanda classificou o ocorrido como “ato irresponsável” que “deve cessar”.
A Casa Branca, por sua vez, disse que está “profundamente preocupada” com os relatos de que Israel atirou contra a sede das forças de paz da ONU no sul do Líbano, informou hoje um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
“Entendemos que Israel está realizando operações seletivas perto da Linha Azul para destruir a infraestrutura do Hezbollah… É fundamental que não ameacem a segurança das forças de paz da ONU”, alertou.
A Unifil, que conta com cerca de 10.000 soldados de manutenção da paz no sul do Líbano, tem pedido de forma insistente uma trégua desde que a escalada entre Israel e Hezbollah se intensificou em 23 de setembro.
O chefe das forças de manutenção de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse nesta quinta-feira no Conselho de Segurança que a força internacional corre “graves riscos” e que, no domingo, 300 capacetes azuis tinham sido realocados temporariamente em bases mais amplas e que está previsto o traslado de “outros 200”.
Além disso, decidiu-se reduzir em 25% a presença da Unifil nas posições mais afetadas, afirmou Lacroix, antes de alertar que a segurança dos capacetes azuis “está cada vez mais em perigo”.
A missão de paz das Nações Unidas já havia denunciado outros ataques do Exército israelense a suas posições no Líbano.
No domingo, a Unifil reportou operações militares israelenses “extremamente perigosas” perto de um de seus postos na localidade fronteiriça de Marun al Ras.
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