Gaza e cessar-fogo saem de foco à medida que conflito no Líbano se intensifica

Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) – Os palestinos temem que a crise no Líbano esteja desviando a atenção do mundo de Gaza, onde os ataques israelenses mataram dezenas de outras pessoas nesta semana, e diminuindo as perspectivas já pouco animadoras de um cessar-fogo após um ano de guerra que destruiu o enclave.
Uma escalada no conflito entre Israel e o grupo militante Hezbollah, apoiado pelo Irã, nas últimas duas semanas levou a confrontos entre as forças israelenses e do Hezbollah no Líbano e alimentou o temor de uma guerra regional mais ampla.
Tanto Israel quanto seus inimigos do Hamas em Gaza dizem que o conflito no Líbano poderia ajudar a pôr fim ao conflito em Gaza, mas alguns analistas, autoridades de países mediadores e habitantes de Gaza estão céticos.
“O foco está no Líbano, o que significa que a guerra em Gaza não vai acabar tão cedo”, disse à Reuters, por meio de um aplicativo de mensagem, Hussam Ali, de 45 anos, morador da Cidade de Gaza, contando que sua família foi deslocada sete vezes desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro do ano passado.
Quando o Irã lançou mísseis balísticos contra Israel na noite de terça-feira, provocando uma promessa israelense de uma resposta “dolorosa”, alguns habitantes de Gaza saudaram a salva visível nos céus como um sinal de que Teerã estava lutando por sua causa.
Sami Abu Zuhri, uma autoridade sênior do Hamas, disse que as perspectivas de um acordo de cessar-fogo em Gaza, que permitiria a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza e de palestinos presos por Israel, estavam distantes antes da escalada no Líbano. Uma conflagração regional poderia pressionar Israel a fechar um acordo em Gaza, afirmou ele.
Mas com a atenção voltada para o Líbano, a guerra em Gaza corre o risco de ser prolongada, disse Ashraf Abouelhoul, editor-chefe do jornal estatal Al-Ahram, no Egito, que ajudou a mediar meses de negociações de cessar-fogo.
“O mais perigoso não é que a atenção da mídia esteja indo para outro lugar, é o fato de que ninguém no mundo está falando agora sobre um acordo ou um cessar-fogo, e isso libera a mão de Israel para continuar sua ofensiva militar e seus planos em Gaza”, afirmou ele.