Quanto custa o Papa?
A vinda do Papa João Paulo II à Suíça não é somente um evento de grande importância para os católicos do país, mas também de grandes custos.
A viagem de dois dias provoca despesas de mais de dois milhões de dólares. Dinheiro virá de doações e patrocinadores.
O Papa João Paulo II aceitou o convite e virá. Os anfitriões são os jovens católicos da Suíça que, sob os olhos vigilantes do Conselho de Bispos da Suíça, se comprometeram a arcar com as despesas: 2,5 milhões de francos (pouco mais de dois milhões de dólares).
Afora os custos relativos à segurança do chefe supremo da Igreja católica e sua comitiva, que sairão dos cofres da cidade e do cantão de Berna, nenhum dinheiro público será injetado no evento. A grande parte da conta terá de ser paga pela comunidade católica. Por isso, acaba de se iniciar a corrida atrás de patrocinadores generosos.
Espetáculo religioso
Para a missa campal, que será celebrada em Berna no próximo domingo (seis de junho de 2004), foi construída uma estrutura de 100 toneladas, palco de 54 metros de comprimento e 800 metros quadrados. A plataforma está a uma altura de 18 metros, para assegurar uma boa visão a todos os presentes.
Somente o altar custará 600 mil francos (US$ 480 mil ). A preparação do gramado onde será celebrada a missa campal do domingo também não sairá barato: 500 mil francos (US$ 400 mil). A organização de dormitórios para os mais de dez mil jovens católicos que participarão do fim-de-semana com o Papa sairá por 350 mil francos (US$ 280 mil). No final, os organizadores chegaram a soma de 2,5 milhões de francos, sendo que uma grande parte ainda não está coberta.
“É possível acreditar que, numa manifestação dessas dimensões e características, é possível assegurar o financiamento com antecedência”, explica Marc Aellen, responsável pela comunicação do evento.
As fontes de recursos são múltiplas: a Conferência Central Católica Romana da Suíça, fundações diversas, coletas nas igrejas e as inscrições de jovens católicos. Se a missa do domingo é gratuita, a inscrição para o encontro católico custa 50 francos suíços (US$ 40).
Porém, se com todos os esforços, os custos não forem cobertos, os organizadores imaginaram outra solução: um apelo a todas as congregações religiosas e fiéis e o passar da sacolinha de coleta.
“Mesmo tendo uma garantia de cobertura de custos por parte da Conferência de Bispos da Suíça, nós iremos continuar a procurar patrocinadores para a visita”, revela Ângela Kreis-Muzzulini, responsável no evento pela procura de patrocinadores.
Benfeitores e patrocinadores
O Papa e a Igreja Católica não são estrelas de rock ou grupos de teatro, que podem ser, sem objeções, financiados por qualquer empresa. No orçamento de 2,5 milhões de francos, a cota dos patrocinadores estava fixada em 410 mil francos. Porém os organizadores só conseguiram juntar até agora 250 mil.
“Eu contatei mais de 100 empresas na Suíça e todas aquelas que desistiram de apoiar a vinda do Papa alegaram o aspecto religioso do evento”, conta Kreis-Muzzulini.
Porém algumas firmas não têm problemas com a área cristã da visita. Switcher, uma empresa suíça do setor têxtil, fornecerá camisetas aos jovens católicos, onde estará impressa a frase “Levante-se”. O gigante do setor alimentício Nestlé chega mesmo a ser tratado de “patrocinador de ouro”. A empresa doou 50 mil francos (US$ 40 mil). Outros patrocinadores foram a Coca-Cola da Suíça, Novartis e os produtores suíços de leite.
swissinfo, Bernard Léchot
tradução de Alexander Thoele
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