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Trabalhar na Suíça

Imigração à Suíça como um problema para Portugal?

Este conteúdo foi publicado em 31. agosto 2020 minutos
Philip Schaufelberger (ilustração)

Mais de 260 mil portugueses vivem na Suíça, um número que corresponde ao terceiro maior grupo de migrantes no país. Ao mesmo tempo, Portugal reclama a perda de mão-de-obra qualificada, que emigra à procura de melhores condições de trabalho para outros países.

Dois jovens enfermeiros portugueses resumem as razões de estarem trabalhando na Suíça: "melhor salário, maior qualidade de vida, mais segurança e condições de trabalho."

Um destino para os emigrantes é a Suíça, onde há uma grande escassez de mão-de-obra qualificada em alguns setores da economia. Poucos outros países europeus têm uma população estrangeira tão considerável: mais de dois milhões, o que significa que um em cada quatro habitantes no país não tem o passaporte vermelho com a cruz branca. Depois de italianos e alemães, o terceiro maior número de estrangeiros na Suíça vem de Portugal.

A fuga de cérebros é um problema para a Península Ibérica. E não só isso: a emigração dos jovens cria carências no seu próprio mercado de trabalho, que acabam sendo cobertas pela migração, nesse caso de brasileiros, ucranianos e africanos.

Para frear a emigração, o Estado lusitano lançou uma série de iniciativas para incentivar o regresso dos emigrantes. No entanto, as opiniões dividem-se quanto aos efeitos: se alguns acreditam que Portugal perde um capital humano importante, outros acreditam que a emigração é positiva, já que reduz o desemprego e as tensões sociais. É o que analisa o professor José Carlos Marques, do Instituto Politécnico de LeiriaLink externo.

A migração em Portugal costuma ocorrer em “ondas”. Até a segunda metade do século 20 poucos portugueses viviam na Suíça. A maioria havia se estabelecido em Genebra. Eram em grande parte estudantes e intelectuais que haviam abandonado Portugal devido à repressão política existente na época. Porém a partir dos 1980 a situação mudou: a crise econômica na Península Ibérica e um acordo administrativo firmado entre Portugal e Suíça trouxeram os primeiros trabalhadores sazonais. No início dos anos 1990 começaram fortes movimentos migratórios, que se aceleraram graças aos diversos acordos firmados com a União Europeia. Hoje vivem oficialmente 263.300 portugueses na Suíça.

Há algum tempo observa-se um retorno crescente de migrantes portugueses ao seu país de origem. No primeiro grande estudo sobre essa populaçãoLink externo, realizado em 2010 pela Universidade de Neuchâtel, a pesquisadora Rosita Fibbi constatava que, desde 1996, o saldo migratório com Portugal já era negativo, uma tendência também observada pela swissinfo.ch. O fenômeno continua até hoje, como analisa a socióloga portuguesa Liliana Azevedo, também filha de imigrantes, nascida e formada na Suíça.

Mas os portugueses ainda procuram suas chances na Suíça. E muitos deles já não correspondem mais ao perfil tradicional do trabalhador braçal, ocupado em empregos na gastronomia, hotelaria ou construção civil. Muitos jovens migrantes têm diplomas e são altamente especializados em áreas onde há falta de mão-de-obra como o setor da saúde.

Além disso, o número de portugueses na Suíça é provavelmente maior do que o revelado pelas estatísticas oficiais, pois muitos já possuem o passaporte suíço. São pessoas que pertencem à segunda geração de migrantes ou obtiveram a cidadania suíça após passar pelo complicado processo de naturalização - um dos mais lentos e caros da Europa.

Mas a emigração para a Suíça é realmente um problema para Portugal? Tendo em conta os números absolutos, pode-se negar a tese. Dos mais de dois milhõesLink externo de portugueses residentes no estrangeiro, o quarto de milhão que vive na Suíça pode ser visto como um número “administrável”.  

Você é português e pense em vir trabalhar na Suíça? Ou já mora aqui e está considera a possibilidade de retornar à Portugal? Conte-nos a sua história e participe do debate.

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