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Lula demite comandante do Exército por quebra de confiança após ataque em Brasília

Lula cumprimenta em Brasília o novo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva afp_tickers

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve sua primeira baixa neste sábado, com a demissão do comandante do Exército, Júlio César de Arruda, devido a uma “fratura no nível de confiança” após os ataques às sedes dos três poderes, em Brasília.

O ministro da Defesa, José Múcio, oficializou a saída do comandante na noite deste sábado, após se reunir com Lula: “Depois desses últimos episódios, as relações sofreram uma fratura no nível de confiança”, disse Múcio no Palácio do Planalto.

“Achávamos que precisávamos estancar isso logo de início, até para que pudéssemos superar esse episódio”, acrescentou o ministro, referindo-se à invasão às sedes dos três poderes no último dia 8 por milhares de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Arruda havia assumido o cargo interinamente em 30 de dezembro, dias antes do fim do mandato de Jair Bolsonaro, e sido confirmado pelo governo Lula dois dias antes do ataque ao coração da democracia brasileira. Ele foi substituído pelo general Tomás Ribeiro Paiva, que atuava desde 2021 como comandante militar do Sudeste, em São Paulo.

Ribeiro Paiva, 62, iniciou sua carreira militar em 1975. Participou da missão do Exército brasileiro no Haiti e já serviu em Brasília, onde comandou o Batalhão da Guarda Presidencial e trabalhou como auxiliar na presidência durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Ribeiro Paiva chamou a atenção nesta semana ao discursar numa cerimônia militar em São Paulo, quando ressaltou que os militares “continuarão garantindo a democracia”.

Júlio César de Arruda havia se reunido ontem com Lula no Palácio do Planalto, juntamente com os comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa. Os comandantes não se pronunciaram após o primeiro encontro da cúpula militar com o presidente desde o ataque de 8 de janeiro.

Após essa reunião, José Múcio disse que não vê um “envolvimento direto” do setor militar nos distúrbios, e garantiu que os comandantes estavam de acordo que fossem punidos os efetivos cuja participação nos atos de vandalismo for comprovada. Esta seria, segundo a imprensa local, a divergência entre Arruda e o chefe de Estado.

Após derrotar Bolsonaro nas eleições presidenciais, Lula enfrenta em sua relação com as Forças Armadas um de seus maiores desafios imediatos, segundo analistas, O presidente acredita que houve cumplicidade interna no dia da invasão ao Planalto, e manifestou preocupação com os bolsonaristas radicais em seu entorno imediato e com a presença militar excessiva na administração pública.

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