
Nova ferramenta de IA ajuda a detectar lesões em crianças com epilepsia

Uma ferramenta de inteligência artificial capaz de detectar pequenas más-formações cerebrais difíceis de identificar em crianças com epilepsia pode ajudar os pacientes a terem acesso mais rapidamente a uma cirurgia capaz de mudar suas vidas, anunciaram pesquisadores australianos.
Segundo os especialistas, a epilepsia tem múltiplas causas e aproximadamente três em cada dez casos se devem a anomalias estruturais do cérebro.
Mas estas anomalias não costumam ser detectadas por ressonâncias magnéticas (IRM), especialmente as lesões menores, às vezes ocultas no fundo de uma dobra cerebral.
Uma equipe de cientistas chefiada por Emma Macdonald Laurs, neurologista pediátrica no Hospital Real Infantil de Melbourne, treinou uma ferramenta de IA com imagens cerebrais de crianças para detectar lesões do tamanho de um mirtilo ou menores.
“Frequentemente, passam despercebidas e muitas crianças não são consideradas candidatas para a cirurgia”, declarou Macdonald Laurs durante uma conferência prévia à publicação do estudo na revista Epilepsia, nesta quarta-feira (terça-feira, no horário de Brasília).
“Esta ferramenta não substitui os radiologistas, nem os médicos especializados em epilepsia, mas é como um detetive que nos ajuda a juntar as peças do quebra-cabeça mais rápido para indicar uma cirurgia que pode mudar sua vida”, explicou.
Entre os pacientes que participaram do estudo, afetados por displasia cortical e epilepsia focal, 80% tinham sido submetidos previamente a uma IRM com resultados normais.
Quando os pesquisadores usaram a ferramenta de IA para analisar tanto as IRM quanto outro tipo de rastreamento médico denominado PET scan, sua taxa de êxito foi de 94% em um grupo de teste e de 91% em outro.
Das 17 crianças do primeiro grupo, 12 se submeteram a cirurgia para extirpar sua lesão cerebral e 11 agora estão livres de crises, segundo a equipe de Macdonald Laurs no Instituto de Pesquisas para Crianças Murdoch.
“O passo seguinte é testar este detector em um ambiente hospitalar mais realista, com novos pacientes ainda não diagnosticados”, acrescentou.
A epilepsia, que provoca crises recorrentes, afeta aproximadamente uma criança a cada 200, e medicamentos não funcionam em cerca de um terço dos pacientes.
Estudos similares publicados em fevereiro por uma equipe do KCL usando IA com base em dados de IRM detectaram 64% das lesões cerebrais relacionadas com a epilepsia, que não tinham sido vistas pelos radiologistas.
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