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O melhores pratos de bateria vêm da Suíça

Os pratos começam sua vida como uma peça redonda de bronze. swissinfo.ch

Pratos musicais que são feitos à mão na Suíça central levam uma grande quantidade de golpes de alguns dos maiores bateristas do mundo.

Eles são fabricados pela Paiste, uma empresa que está celebrando os cinqüenta anos de produção num pequeno vilarejo chamado Nottwil, quase desconhecida do mundo.

Seja numa banda de rock, grupo de jazz ou orquestra sinfônica, pratos parecem não ser instrumentos musicais muito importantes. Porém muitos os descrevem como os “vocais” de uma bateria.

“Instrumentos de percussão são muito importantes no contexto geral da indústria da música, pois eles fazem o ambiente ou o pulsar que são tão importantes para levar uma música adiante”, declara Renato Müller, diretor de marketing internacional na Paiste.

Qualquer pessoa no mundo que gosta de rock’n roll já deve ter visto o logotipo da empresa nos pratos de bateria de alguns dos maiores nomes da música popular durante os concertos.

Embaixadores

“Existem tantos artistas que foram ou são ainda verdadeiros embaixadores para os nossos produtos. Por exemplo: o John Bonham do Led Zeppelin, o Ian Paice da banda Deep Purple, o Larry Mullen do U2, Nicko McBrain de Iron Maiden ou até mesmo o Tico Torres, do Bon Jovi, só para citar alguns nomes”, conta com orgulho.

“Obviamente os artistas mais conhecidos recebem gratuitamente nossos pratos, mas nunca pagamos para que eles o façam. Eles tocam esses pratos, pois amam os nossos instrumentos e fazem questão de ser nossos embaixadores”, declara Müller.

Um passeio pela fábrica em Nottwil, pequeno vilarejo da Suíça central próximo à Lucerna, mostra que fabricar pratos manualmente requer várias habilidades de um artesão e paciência para aprender todos os truques do ofício.

“Dessa forma você descobre como é difícil de fabricar as peças e quanto tempo leva para aprender o trabalho”, explica o diretor de produção, Michael Lehmann.

“Temos um período de treino de dois a três meses para o uso do martelo. O artesão precisa cinco anos até poder se considerar experimentado o suficiente para fabricar todos os pratos da nossa linha de produtos”.

Artesão

Os construtores dos pratos de Nottwil vêm das mais diferentes origens, mas todos eles têm algo em comum: o amor e a técnica do artesão.

Na fábrica é possível ver centenas de pratos de um modelo ou outro em exibição ou na linha de produção.

A produção moderna tem quatro diferentes etapas. Ela transforma o material bruto na peça redonda tão conhecida.

A peça primeiramente é aquecida no centro para preparar o material. O sino é então prensado, para depois levar alguns golpes de martelo para dar forma e a tensão necessária.

O prato é colocado posteriormente em máquinas giratórias, que irão dar a espessura ideal. Depois ele é levado ao acabamento, onde leva uma impressão e um laquê para evitar a oxidação. O último passo são os testes finais.

Como não existe uma máquina capaz de fazer a checagem, os testes são realizados por um baterista profissional, cujas orelhas experimentadas conseguem comparar o novo prato com os modelos de qualidade.

Modelos

“Os modelos de qualidade são desenhados pela equipe do desenvolvimento de som. Por isso sabemos exatamente como deve soar, parecer e sentir um prato”, revela Lehmann.

Os pratos têm um número de características que os profissionais podem reconhecer. Elas são a aparência, peso, forma e tamanho. Todas elas têm um papel importante na forma como soa um prato profissional.

Lehman explica que os bateristas podem usar de quatro a cinco peças. Porém alguns podem utilizar até 40.

“Tudo depende do que o baterista quer fazer. Os básicos são crash, high-hat e ride e talvez também alguns pratos de efeito”.

A linha de produtos da Paiste inclui 400 diferentes tipos de pratos. Eles podem ser utilizados não apenas por artistas de rock, mas também por bandas de marcha e mesmo orquestras sinfônicas.

Diferentes sons

“Se você toca jazz ou heavy metal, então é necessário ter diferentes tipos de pratos, com diferentes sons e sentimentos. Por isso temos uma diversidade enorme de produtos. Existem diferentes tendências da música e mesmo o som dos pratos também pode mudar de acordo com o tempo”, comenta Lehmann.

Os pratos feitos à mão pela Paiste em Nottwil não são baratos. Eles podem custar até mil francos (US$ 810), dependendo do tamanho e do tempo de trabalho gasto para fabricá-lo.

Porém a empresa não pensa em reduzir os custos de produção se mudando para um outro país, onde a vida é mais barata.

“A mais importante riqueza de uma companhia é a experiência e conhecimento dos seus empregados e isso não pode ser transferido para outro lugar. Não acredito que poderemos encontrou um outro país, onde a qualidade elevada dos nossos produtos pode ser assegurada como na Suíça”, conclui Lehmann.

swissinfo, Robert Brookes

Pratos de bateria modernos são usualmente fabricados com dois diferentes tipos de liga:
o bronze utilizado pela Paiste nos seus pratos feitos à mão é uma liga de bronze e estanho.
já nos pratos mais baratos, a empresa suíça prefere utilizar uma liga de cobre e zinco.

A história da empresa suíça começa em 1901, quando o compositor e músico estoniano Michail Toomas Paiste fundou uma editora e loja de música em St. Petersburgo, na Rússia.

As sublevações da Revolução Russa obrigaram o empresário em 1917 a retornar à Estônia, onde ele reabriu seus negócios na cidade de Tallinn. Lá ele começou a planejar e fabricar pratos para concertos e bandas de marcha.

Seu filho, Michael M. Paiste, rapidamente se transformou na força-motriz. Muitas vezes ele tomou conta dos negócios, procurando também atender à demanda crescente da “música moderna”.

Durante a II. Guerra Mundial a empresa mudou-se para a Polônia e posteriormente para a Alemanha, antes da fabrica se estabelecer na Suíça em 1957.

A Paiste fabrica pratos com máquinas na Alemanha, assim como os gongos. Já os pratos feitos à mão vêm da Suíça.

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