
Plano estratégico do Bradesco mira melhorar rentabilidade, mas ação tomba mais de 14%

Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O Bradesco anunciou nesta quarta-feira seu plano estratégico até 2028, buscando aumentar a rentabilidade nos próximos cinco anos, mas com o presidente-executivo do banco, Marcelo Noronha, alertando que 2024 será um ano de transição e que os resultados virão gradualmente, trimestre a trimestre.
As ações do banco ampliavam as perdas de mais cedo no início desta tarde, despencando mais de 14%, enquanto o Ibovespa mostrava recuo de 0,3%.
“Nós temos um plano para cinco anos, vamos fazer suas implementações rapidamente. Mas vamos colher os benefícios ao longo de cinco anos”, afirmou o executivo em entrevista a jornalistas, no mesmo dia em que o segundo maior banco privado do país divulgou resultado trimestral abaixo do esperado pelo mercado, segundo dados da LSEG.
Analistas do JPMorgan e do Citi avaliaram que o banco apresentou um resultado fraco para o quarto trimestre e um guidance decepcionante.
“Nós entendemos que o Bradesco está em um caminho de recuperação, mas o guidance fornecido implica lucro de apenas cerca de 18 bilhões de reais (ponto médio)”, afirmaram Yuri Fernandes e equipe do JPMorgan em relatório a clientes, em estimativa similar aos cerca de 17 bilhões de reais do Citi.
No acumulado do ano passado, o Bradesco teve lucro líquido recorrente de 16,3 bilhões de reais, queda de 21,2% ante 2022.
Para analistas do Citi chefiados por Rafael Frade, o lucro do Bradesco sinalizado no guidance “mostra alguma recuperação, mas em uma base muito deprimida, e com nível ainda muito alto de despesas de provisão” e indica que a melhoria da rentabilidade do Bradesco ainda tem um longo caminho a percorrer.
As estimativas do Bradesco para o ano corrente incluem crescimento de 7% a 11% para a carteira de crédito, com expansão de 3% a 7% na margem financeira e aumento de 2% a 6% nas receitas de prestação de serviços e de 5% a 9% nas despesas operacionais.