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Diplomacia norte-americana pode voltar ao Irã

A embaixada da Suíça em Teerã também representa os interesses dos Estados Unidos. Reuters

Washington pretende reforçar sua presença diplomática na República Islâmica, segundo a mídia norte-americana, inclusive com a abertura de uma representação.

Há 30 anos que a Suíça representa os interesses dos Estados Unidos no Irã.

Agora, a administração norte-americana teria intenção de retornar ao Irã. “O governo dos Estados Unidos estuda a eventualidade de abrir uma representação em Teerã”, escreve o Financial Times. Mas nenhuma decisão foi tomada por enquanto.

Depois da revolução islâmica e da crise dos reféns na embaixada norte-americana em Teerã, os Estados Unidos romperam suas relações diplomáticas com a República Islâmica. Desde então, a Suíça representa os interesses de Washington e presta serviços consulares aos cidadãos estadunidenses.

A Suíça exerce o mesmo tipo de mandato para os Estados Unidos em Cuba, com a diferença que, em Havana, os diplomatas norte-americanos trabalham sob pavilhão suíço, enquanto no Irã eles estão totalmente ausentes.

Condoleezza Rice não desmente

O Washington Post foi o primeiro a revelar essa hipótese que não foi confirmada nem desmentida pela secretária de Estado Condoleezza Rice.

No entanto, durante a conferência sobre a Palestina em Berlim, Rice falou das dificuldades que os iranianos encontram para obter um visto para os Estados Unidos, só emitidos pela embaixada em Dubai. “Queremos que aumente o número de visitantes iranianos nos Estados Unidos. Decidimos entrar nós mesmos em contato com a população iraniana”, declarou a secretária de Estado aos jornalistas.

Cólera contra Micheline Calmy-Rey

O debate acerca da reaproximação com o Irã não é novo nos Estados Unidos. Segundo a agência de notícias AP, esses rumores são publicados em reação dos Estados Unidos à visita à Teerã da ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, em março, quando assinou um contrato de fornecimento de gás.

Isso teria provocado as especulações de que os Estados Unidos retirariam o mandato atribuído à Suíça.

No entanto, o jornal Neue Zürcher Zeitung, de Zurique, duvida que as intenções dos Estados Unidos tenham algo a ver com uma insatisfação em relação à Suíça. “Para abrir um tal posto, os norte-americanos deverão, como já fazem em Cuba, trabalhar sob o pavilhão de um país amigo (a Suíça)”, escreveu o jornal

“Reavaliação das relações”

Para Victor Kocher, correspondente no Oriente Médio do NZZ, a viagem de Micheline Calmy-Rey ao Irã foi apenas uma visita de rotina. “Infelizmente, ela foi criticada segundo a ótica de Israel e dos Estados Unidos e, portanto, em relação ao boicote ao Irã”.

“Como somos pequenos, devemos saber qual e o nosso lugar”, precisa à swissinfo o correspondente, que qualifica a política suíça no Oriente Médio de “franca” e de “improdutiva” a política dos Estados Unidos na região.

“Se os norte-americanos reforçassem realmente sua presença diplomática em Teerã, isso implicaria uma revisão de suas relações com o país, o que seria bom”, acrescenta Kocher.

Segundo o Ministério suíço das Relações Exteriores, a eventualidade da abertura de uma representação diplomática dos Estados Unidos no Irã é uma das opções examinadas há muito tempo pela Secretaria de Estado norte-americana.

swissinfo, Susanne Schanda

Em novembro de 1979, por ocasião da Revolução Islâmica, estudantes invadiram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã e mantiveram o pessoal diplomático como reféns durante 444 dias.

Depois disso, os Estados Unidos romperam suas relações diplomáticas com o Irã e seus interesses passaram a ser representandos pela Suíça.

A embaixada norte-americana mais próxima está em Dubaï, onde os iranianos que pretendem viajar para os Estados Unidos têm de buscar um visto.

A comunidade internacional acusa o Irã de querer desenvolver armas atômicas, à margem de seu programa nuclear civil.

O Conselho de Segurança da ONU votou duas resoluções exigindo que o Irã renuncie a esse programa, até agora em vão.

Por outro lado, os Estados Unidos adotaram sanções contra o Irã, proibindo investimentos de mais de 20 milhões de dólares no setores de petróleo e gás. As empresas que não respeitam as sanções são listadas.

Em março, a empresa suíça de energia EGL assinou um contrato de fornecimento de gás com o Irã, em presença da ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey.

Os Estados Unidos criticaram o acordo, sob o pretexto de que ele infringe as sanções.

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