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Rússia relembra os vinte anos do massacre de Beslan

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A Rússia completou, neste domingo (1º), vinte anos da tomada de reféns promovida por um comando islamista em uma escola de Beslan, no Cáucaso russo, que deixou 334 mortos, incluindo 186 crianças, e traumatizou o país. 

O presidente russo, Vladimir Putin, que já estava no poder no momento do ataque, visitou a escola pela primeira vez em 20 de agosto e comparou o massacre à atual ofensiva militar ucraniana na região de Kursk. 

Em 1º de setembro de 2004, dia do início do ano letivo, um grupo armado composto por chechenos e inguches invadiu a escola Nº 1 em Beslan, na república russa da Ossétia do Norte, e sequestrou mais de mil pessoas: pais, professores e estudantes. 

Durante mais de 50 horas elas foram mantidas em condições atrozes, sem água e várias pessoas foram executadas. No dia 3 de setembro, uma dupla explosão dentro do ginásio da escola espalhou o pânico e as crianças tentaram fugir sob os disparos dos sequestradores.

Estas explosões, cuja causa não foi totalmente determinada, levaram as forças especiais russas a lançar um ataque caótico que culminou em um monstruoso banho de sangue: 334 mortos, incluindo 186 crianças, e mais de 750 feridos.

Durante as homenagens deste domingo, grupos de ex-alunos sobreviventes da escola reuniram-se no pátio com retratos de seus colegas mortos e flores, vestidos com camisas com a imagem de uma vítima desenhada como um anjo. 

Sobreviventes e autoridades depositaram flores no antigo ginásio carbonizado da escola, que se tornou um memorial. 

O Comitê das Mães de Beslan, que reúne mulheres que perderam os seus filhos e que fazem uma cruzada para exigir uma investigação independente, organizou uma conferência de imprensa. 

As mulheres se encontraram com Putin quando ele visitou a escola e Susanna Dudiyeva disse que elas lhe fizeram perguntas sem resposta “sobre a ação ou inação dos comandantes da polícia federal e regional”, informou um canal local do Telegram.

– “Uma ferida incurável” –

Este ataque, o mais mortal da história da Rússia, ocorreu durante a segunda guerra da Chechênia, que opôs o Exército russo a uma rebelião separatista que estava se islamizando gradualmente.

O conflito foi finalmente vencido por Moscou, que foi acusado de matar dezenas de milhares de civis. 

O ataque de Beslan marcou o clímax das atrocidades cometidas no âmbito das duas guerras da Chechênia (1994-1996 e 1999-2009). 

A má gestão desta crise e a quase total ausência de negociações provocaram protestos, liderados pelo Comitê das Mães de Beslan, que conseguiu a demissão em 2005 do então chefe daquela república, Alexander Dzasokhov.

Em 2017, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) considerou que as autoridades russas tinham tomado medidas preventivas “insuficientes” e criticou o uso desproporcional da força durante o ataque à escola. 

O TEDH ordenou que Moscou pagasse mais de 3,32 milhões de dólares a 409 demandantes, ex-reféns feridos e familiares das vítimas. 

Durante a sua recente visita à escola de Beslan, Putin traçou paralelos entre este ataque e a ofensiva ucraniana sem precedentes na região de Kursk, lançada após mais de dois anos de ataques em grande escala do Kremlin na Ucrânia. 

“Assim como combatemos os terroristas, hoje devemos combater aqueles que cometem crimes na região de Kursk, no Donbass”, disse. 

Além disso, o presidente afirmou que esta tragédia permanecerá “como uma ferida incurável na memória histórica da Rússia”.

Após meses de reveses no leste do seu território, a Ucrânia levou a luta até a Rússia, lançando um ataque transfronteiriço sem precedentes à região russa de Kursk, em 6 de agosto, onde controla agora dezenas de cidades.

No início deste ano, as autoridades russas também acusaram Kiev de estar envolvido no ataque à casa de shows Crocus City Hall, em 22 de março, perto de Moscou. O ataque, o mais sangrento na Rússia desde Beslan, deixou 145 mortos e centenas de feridos. 

Foi rapidamente reivindicado pela organização jihadista Estado Islâmico (EI), mas as autoridades russas continuam culpando Kiev e os seus aliados ocidentais, que rejeitaram qualquer envolvimento.

bur/mm/mab/sag/aa

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