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Seis menores morrem em bombardeio do Exército contra guerrilha na Colômbia

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A Defensoria do Povo da Colômbia denunciou neste sábado (15) a morte de seis menores recrutados por guerrilhas no bombardeio mais letal ordenado pelo presidente Gustavo Petro, em uma região amazônica no sul do país.

Em meio a críticas pré-eleitorais e pressões dos Estados Unidos contra o mandatário para que detenha o narcotráfico, Petro intensificou a ofensiva contra os grupos armados com bombardeios que, na última semana, deixaram 28 mortos.

Os menores morreram em um bombardeio anunciado na terça-feira contra um acampamento de uma dissidência da extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no departamento de Guaviare (sul), na maior operação desse tipo durante o governo de Petro, com 19 mortos.

“Tudo isso é lamentável, é a guerra em seu desdobramento doloroso e desumano, afetando os mais vulneráveis: menores recrutados pela falta de proteção e hoje transformados em alvos militares”, disse a titular da Defensoria do Povo, Iris Marín, em um áudio enviado à imprensa, no qual confirmou o número de seis menores falecidos, sem dar detalhes sobre suas idades.

A defensora responsabilizou a guerrilha liderada pelo homem mais procurado do país, conhecido como Iván Mordisco.

No entanto, também assegurou que “as forças militares devem adotar todas as precauções possíveis para proteger as crianças” sob princípios internacionais que “obrigam a avaliar muito cuidadosamente os meios e métodos de guerra para evitar danos desproporcionais ou desnecessários”.

Na terça-feira, o Exército informou sobre o “resgate” de três menores em poder da guerrilha.

“É claro que toda morte é lamentável, especialmente a de menores. Mas, se eu deixasse os 150 homens de Iván Mordisco avançarem na floresta, então eles emboscariam 20 soldados jovens que estavam à frente, a poucos quilômetros”, se defendeu Petro na rede X, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.

“Tomei a decisão arriscada de salvar suas vidas. É fácil pintar mapas de vermelho, mas difícil reconhecer os riscos de retomar território”, acrescentou.

Petro iniciou uma caça com recompensas milionárias para capturar Mordisco, a quem compara com o barão da cocaína Pablo Escobar.

– ‘Horrível –

Petro empreendeu uma reviravolta em sua política de segurança, que até há pouco apostava mais pelos diálogos de paz, quando o país atravessa a pior crise com seu aliado histórico, os Estados Unidos. 

O presidente americano Donald Trump revogou o visto de Petro e retirou da Colômbia o certificado de país aliado na luta contra as drogas.

Com vistas às eleições presidenciais de 2026, Petro também enfrenta críticas da oposição que o considera indulgente com os grupos armados.

Meios de comunicação locais haviam antecipado a possível morte de menores nas operações do Exército.

“Quem se envolve nas hostilidades perde toda proteção, sem distinção alguma. O que mata não é a idade, é a arma em si”, disse, na semana passada, o ministro da Defesa, Pedro Sánchez, em declarações repudiadas pela oposição.

Mordisco comanda a estrutura dissidente das Farc conhecida como Estado-Maior Central (EMC), formada por cerca de 3.200 rebeldes que se afastaram do histórico acordo de paz com o governo colombiano em 2016.

Diante da ofensiva do Exército, as dissidências respondem com violência nos territórios que controlam com os lucros decorrentes do narcotráfico.

Na manhã deste sábado, atacaram com explosivos e drones uma delegacia de polícia no sudoeste do país, no conturbado departamento de Cauca. 

“Graças a Deus não perdemos a vida, porque senão estaríamos soterrados sob os escombros”, disse à AFP Luz Karine Vidal, vendedora de uma lanchonete que foi destruída. 

“Foi horrível, horrível, horrível”, lamentou.

lv/atm/jc/dd/rpr

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