Casal Nobel de Economia troca o MIT pela Universidade de Zurique com apoio da Fundação Lemann
As edições recentes da imprensa suíça destacaram temas que aproximam Brasil e Suíça — da chegada de dois Nobel de Economia à Universidade de Zurique, financiada pela Fundação Lemann, à denúncia ambiental contra o frango brasileiro e à onda de intoxicações por álcool adulterado no país sul-americano.
Em Berna hoje, enquanto o outono entra devagar, a Suíça lê sobre os Nobel Duflo e Banerjee que vêm para Zurique. E, do outro lado do Atlântico, o Brasil também chama atenção: da Amazônia aos bares de São Paulo, as manchetes mostram que há muito acontecendo para acompanhar.
Casal Nobel de Economia leva prestígio global à Universidade de Zurique
A imprensa suíça destacou nesta sexta-feira (10) a chegada do casal de economistas Esther Duflo e Abhijit Banerjee à Universidade de Zurique (UZH), em uma mudança considerada um “golpe de mestre” pelo jornal NZZLink externo. Laureados com o Prêmio Nobel de Economia em 2019, os dois pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) vão assumir, a partir de julho de 2026, cátedras financiadas pela Fundação Lemann, e criar o Lemann Center for Development, Education and Public Policy.
Segundo o finews.chLink externo, a transferência dos dois acadêmicos — reconhecidos mundialmente por sua abordagem experimental para combater a pobreza — reforça a visibilidade internacional da universidade. O reitor da UZH, Michael Schaepman, disse que a chegada de Duflo e Banerjee fortalece “os valores e a projeção global” da instituição, ao unir “teoria científica e impacto social”.
O Le TempsLink externo enfatiza que o casal deixará os Estados Unidos para se instalar em Zurique com o apoio financeiro de 26 milhões de francos suíços da Fundação Lemann, criada pelo empresário Jorge Paulo Lemann, suíço-brasileiro radicado em São Paulo. O novo centro, segundo o jornal, vai incentivar a cooperação entre pesquisadores suíços e brasileiros, além de políticas públicas voltadas à formação, pobreza e saúde.
Já a NZZ destaca que o aporte da fundação foi decisivo para atrair o casal, descrevendo a iniciativa como “um reforço de prestígio” para a economia suíça. Em comunicado divulgado pela universidade, Lemann afirmou estar “muito satisfeito com a nova parceria”, que amplia as atividades filantrópicas da fundação “com mais um grande centro de aprendizado”.
Fonte: NZZLink externo, finews.chLink externo, em 10.10,2025 (ambos em alemão) e Le TempsLink externo, em 10.10.2025 (em francês)
Greenpeace denuncia ligação entre frango brasileiro e desmatamento na Amazônia e no Cerrado
Uma investigação da Greenpeace, divulgada pela RTS.chLink externo, aponta que a produção industrial de frango no Brasil está diretamente associada ao desmatamento da Amazônia e do Cerrado — biomas devastados pela expansão da soja usada na alimentação das aves. A ONG rastreou cadeias de produção e imagens de satélite que mostram plantações ilegais próximas a grandes criadouros de frango, indicando que o grão dessas áreas desmatadas acaba entrando na ração.
A denúncia tem repercussão direta na Suíça, onde metade do frango importado vem do Brasil, segundo a reportagem. Em 2024, os suíços consumiram cerca de 140 mil toneladas de carne de ave, sendo 40% de origem estrangeira. O Brasil responde sozinho por mais de 25 mil toneladas anuais, consolidando-se como principal fornecedor de frango ao mercado suíço.
A Greenpeace pede o fim das importações de frango brasileiro, mas o apelo esbarra no acordo de livre-comércio entre a Suíça e o Mercosul, recentemente assinado. O produtor suíço Jacques Clément, ouvido pela emissora, defende transparência na origem da carne e ressalta que o frango suíço é mais caro, porém mais sustentável, com ração europeia certificada e sem transgênicos. “Se comêssemos apenas frango suíço, reduziríamos automaticamente o consumo em 40%”, afirmou.
Fonte: RTS.chLink externo, em 07.10.2025 (em francês)
Onda de envenenamentos por álcool adulterado causa pânico em bares do Brasil
A imprensa suíça relatou no sábado (4) a onda de intoxicações por metanol que assusta o Brasil e vem provocando uma queda brusca no consumo de coquetéis e destilados. Segundo o 20 Minuten OnlineLink externo e o Le MatinLink externo, uma morte foi confirmada e onze outras são investigadas como suspeitas de envenenamento por álcool adulterado, enquanto o Ministério da Saúde registrou cerca de cem casos sob análise em diferentes estados, com concentração em São Paulo.
As vítimas apresentaram sintomas graves, como coma e cegueira, após consumir bebidas contaminadas, sobretudo vodca e cachaça — base da tradicional caipirinha brasileira. Uma mulher teria perdido a visão depois de beber três doses em um bar da capital paulista, segundo a AFP, citada pelo 20Minuten. A notícia espalhou medo entre consumidores, que passaram a evitar coquetéis e optar por cerveja, considerada menos suscetível à falsificação.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou cautela com destilados de origem duvidosa e anunciou a criação de uma unidade de crise para garantir o fornecimento de antídotos contra o metanol. A Polícia Federal investiga se há envolvimento do crime organizado na produção e distribuição das bebidas adulteradas.
Bares e restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro registraram queda drástica nas vendas. O dono de restaurantes Nikolaos Loukopoulos, citado pelos dois jornais, decidiu suspender temporariamente a venda de álcool: “Ninguém comprou drinks… nem eu quero beber. Uma cerveja, com esse calor, é suficiente”. Mesmo em locais turísticos como Ipanema, consumidores relatam medo. “Tenho medo, mas o rapaz disse que comprou no mercado”, disse Raquel Marques, de 29 anos, ao Le Matin.
Fonte: 20 Minuten OnlineLink externo (em alemão) e Le MatinLink externo (em francês), ambos em 04.10.2025
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