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Le Temps destaca reconhecimento de Dilma Rousseff

Ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff
A ex-presidente do Brasil e atual presidente do Banco BRICS, Dilma Rousseff, participando de uma cerimônia de assinatura no evento do Banco BRICS no Palácio da Alvorada, em Brasília, Brasil, em 8 de julho de 2025. EPA/ANDRE BORGES

Reconhecida oficialmente como vítima da ditadura militar, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff voltou ao centro das atenções internacionais. Esta notícia e os incêndios em Portugal, foram alguns dos destaques na revista de imprensa desta semana.

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De 16 a 22 de agosto de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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A exaustiva batalha contra o fogo em Portugal

Um artigo publicado pelo jornal francófono La Liberté descreve a devastação causada pelos incêndios florestais na Península Ibérica, uma catástrofe natural que, embora se repita todos os anos, atingiu em 2025 proporções inéditas e mobilizou toda a imprensa suíça.

Na Espanha e em Portugal, centenas de vilarejos foram afetados, milhares de hectares de florestas destruídos e cerca de 30 mil pessoas evacuadas. O fogo, alimentado por dez dias de calor extremo, alcançou a Sierra de Ambroz e chegou a interromper estradas e linhas de trem.

Apesar do envio de bombeiros, militares e reforços internacionais, moradores denunciam a falta de prevenção e de recursos, criticando cortes orçamentários e a má gestão regional. Especialistas alertam que a ausência de manutenção das florestas, somada às mudanças climáticas, transforma vastas áreas em “infernos em potencial”.

O governo espanhol propõe um pacto nacional contra as mudanças climáticas e os incêndios, mas enfrenta resistência de administrações regionais. Enquanto isso, comunidades locais esperam pela queda das temperaturas ou por uma chuva milagrosa para deter as chamas.

Fonte: Le Temps, 22.08.2025Link externo (em francês)

Espanha e Portugal enfrentam piores incêndios em 30 anos

Um artigo publicado pelo jornal francófono La Liberté descreve a devastação causada pelos incêndios florestais na Península Ibérica, uma catástrofe natural que, embora se repita todos os anos, atingiu em 2025 proporções inéditas e mobilizou toda a imprensa suíça.

Na Espanha e em Portugal, centenas de vilarejos foram afetados, milhares de hectares de florestas destruídos e cerca de 30 mil pessoas evacuadas. O fogo, alimentado por dez dias de calor extremo, alcançou a Sierra de Ambroz e chegou a interromper estradas e linhas de trem.

Apesar do envio de bombeiros, militares e reforços internacionais, moradores denunciam a falta de prevenção e de recursos, criticando cortes orçamentários e a má gestão regional. Especialistas alertam que a ausência de manutenção das florestas, somada às mudanças climáticas, transforma vastas áreas em “infernos em potencial”.

O governo espanhol propõe um pacto nacional contra as mudanças climáticas e os incêndios, mas enfrenta resistência de administrações regionais. Enquanto isso, comunidades locais esperam pela queda das temperaturas ou por uma chuva milagrosa para deter as chamas.

Fonte: La Liberté, 20.08.2025Link externo (em francês) 

Tortura e resiliência

O jornal Le Temps, o mais prestigioso da Suíça francófona, publicou um artigo assinado por Jean-Claude Gerez, correspondente no Brasil, relatando que Dilma Rousseff foi oficialmente reconhecida como vítima da ditadura militar. Presa e torturada em 1970, quando tinha apenas 22 anos, a ex-presidente recebeu um pedido formal de perdão da Comissão da Verdade pelas atrocidades cometidas pelo regime (1964-1985).

O artigo revisita a juventude de Dilma, filha de um imigrante búlgaro e de uma professora, que ainda adolescente se engajou na luta armada contra a ditadura. Conhecida pelos codinomes “Vanda” e “Estela”, foi acusada de atividades subversivas, passou três anos na prisão e sofreu torturas relatadas posteriormente no documentário Torre das Donzelas. Sua resistência impressionou colegas e cineastas, tornando-se símbolo de coragem e resiliência.

Após deixar a prisão, Dilma retomou os estudos, construiu carreira técnica e se engajou na política no Rio Grande do Sul. Fundou o PDT local ao lado do advogado Carlos Araújo, com quem teve sua única filha. Ganhou notoriedade por sua competência administrativa e firmeza, qualidades que a levaram a ocupar cargos em governos estaduais e, mais tarde, a integrar a equipe de Lula, de quem se tornou aliada próxima.

Dilma Rousseff e Vladimir Putin
O presidente russo Vladimir Putin, à direita, e Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, participando de uma cerimônia oficial de boas-vindas aos chefes das delegações na cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, quarta-feira, 23 de outubro de 2024. Maxim Shemetov, Pool Photo via AP

No governo federal, Dilma comandou os ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil, antes de se tornar a candidata natural do PT à Presidência. Eleita em 2010 e reeleita em 2014, foi a primeira mulher a ocupar o cargo no Brasil, mas enfrentou crises políticas e econômicas, além do escândalo da Petrobras. Em 2016, sofreu um impeachment que parte da sociedade qualificou como golpe parlamentar. Atacada inclusive por Jair Bolsonaro, que exaltou um de seus torturadores, Dilma se afastou da política após perder a eleição para o Senado em 2018.

Apesar desse revés, Lula a reconduziu à cena internacional em 2023, nomeando-a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS), em Xangai, onde hoje vive e é bem recebida. Foi lá que soube do reconhecimento oficial de sua condição de vítima da ditadura, um gesto que reforça sua imagem como mulher de caráter, cuja trajetória de resistência e liderança continua a inspirar defensores da democracia.

Fonte: Le Temps, 19.08.2025Link externo (em francês)

Meta para impedir chatbots infantis com insinuações sexuais

A decisão do governo brasileiro de ordenar à Meta a remoção de chatbots com aparência infantil capazes de ter conversas de cunho sexual ganhou destaque internacional e foi amplamente repercutida pela imprensa suíça, incluindo veículos como o Handelszeitung, o portal Bluewin e a revista econômica Cash.ch.

Segundo o Ministério Público, esses programas criados no AI Studio, da própria Meta, promovem a “erotização de crianças” e precisam ser eliminados das plataformas da empresa, como Facebook, Instagram e WhatsApp. Embora a medida não preveja sanções imediatas, as autoridades lembraram que a companhia é obrigada a excluir conteúdos ilegais, mesmo sem ordem judicial.

A iniciativa surgiu após um vídeo viral do influenciador brasileiro Felca, que expôs os riscos enfrentados por menores nas redes sociais. O caso também trouxe à tona a prisão de um operador de programa on-line acusado de divulgar representações sexualmente ofensivas de jovens.

Fonte: handelszeitung.chLink externo, bluewin.chLink externo, cash.chLink externo, 19.08.2025 (em alemão) 

Empresas suíças focam no Brasil

O jornal NZZ (Neue Zürcher Zeitung), o mais prestigioso da Suíça germanófona, publicou um artigo de Alexander Busch, correspondente de longa data no Brasil, sobre a recuperação da economia brasileira e as oportunidades que ela abre para empresas suíças. Após quase uma década de estagnação, o país voltou a crescer acima de 3% ao ano e, em 2024, atraiu mais de 70 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos — ficando atrás apenas da China e dos EUA. A Suíça foi o terceiro maior investidor no Brasil, e a maioria das companhias helvéticas no país projeta expansão.

O artigo cita exemplos concretos de sucesso. A Lindt & Sprüngli já abriu 90 lojas no Brasil e cresce a taxas de dois dígitos no segmento premium de chocolates, enquanto a Straumann/Neodent consolidou uma estratégia global a partir de sua subsidiária brasileira, exportando inovação. A Hitachi Energy, com sede em Zurique, investe pesado na expansão de sua fábrica paulista, aproveitando a abundância de energia renovável no país. Outras empresas recém-chegadas, como a austríaca Alpla (embalagens) e a alemã Ecomply (software), também veem o Brasil como plataforma de crescimento.

Além do mercado interno de 220 milhões de habitantes, o Brasil é visto como porta de entrada para toda a América do Sul, região com 440 milhões de consumidores. O artigo ressalta ainda o potencial do acordo entre o Mercosul e a EFTA (da qual a Suíça faz parte), que pode tornar os produtos suíços mais competitivos. Para Busch, a combinação de crescimento econômico, expansão de infraestrutura e necessidade de modernização industrial cria um cenário promissor para empresas suíças no Brasil.

Fonte: nzz.ch, 19.08.2025Link externo (em alemão) 

Agricultura torna Brasil menos dependente do petróleo

O jornal NZZ (Neue Zürcher Zeitung), o mais prestigioso da Suíça germanófona, publicou um artigo de Alexander Busch, correspondente no Brasil especializado em economia, analisando o papel do país na transição energética global. Enquanto Europa e Ásia se preocupam com possíveis altas históricas do petróleo em meio às tensões no Oriente Médio, o Brasil encara a questão com menos apreensão, já que figura entre os maiores produtores de petróleo do mundo e, sobretudo, porque 30% de sua matriz energética já vem da agricultura.

Essa característica é rara no cenário internacional: apenas Tailândia, Escandinávia e Uruguai apresentam proporções semelhantes. No Brasil, a cana-de-açúcar é o centro da ofensiva energética, gerando etanol, biodiesel e eletricidade a partir do bagaço. O país também investe em biogás, energia solar e eólica em propriedades rurais. Segundo a Fundação Getulio Vargas, cerca de 60% da energia sustentável brasileira tem origem agrícola, e há projetos-piloto para combustíveis de aviação sustentáveis (SAF).

O artigo lembra que a busca por autonomia energética começou nos anos 1970, com o Proálcool, programa pioneiro de etanol de cana. Após crises e abandono de subsídios, a introdução da tecnologia flex-fuel em 2003 consolidou o uso do biocombustível, tornando-o padrão na frota brasileira. Hoje, o Brasil se diferencia de outros produtores, como os EUA, por oferecer uma cadeia completa e eficiente de produção, distribuição e consumo de etanol.

Chamas saindo de uma chaminé em uma refinaria.
Chamas saindo da torre de uma instalação da refinaria de petróleo no complexo industrial da PCK-Raffinerie GmbH em Schwedt, Alemanha. Desde de janeiro de 2023, os fornecimentos de petróleo da Rússia através do oleoduto “Freundschaft” foram suspensos. KEYSTONE/DPA/Christophe Gateau

Apesar de pioneiro, o modelo brasileiro enfrenta críticas devido ao desmatamento associado ao agronegócio. Busch observa, contudo, que certificações internacionais vêm garantindo que parte relevante da produção não está ligada à destruição da Amazônia. Em regiões tropicais, a biomassa rende até três vezes mais energia por hectare do que na Europa, o que explica o interesse de países como Índia, Indonésia e China em replicar o modelo. Já a Europa, incapaz de copiá-lo integralmente, poderá recorrer a maiores importações – cenário que pode gerar disputas comerciais com os EUA, principais exportadores globais de etanol.

Fonte: nzz.ch, 18.08.2025Link externo (em alemão)

Luta contra os incêndios já causou seis mortes

O jornal francófono Le Matin destacou a gravidade dos incêndios que consomem o oeste da Espanha e de Portugal desde o fim de julho, uma catástrofe natural que vem sendo amplamente coberta por toda a imprensa suíça devido à sua dimensão e duração. Até agora, seis pessoas morreram na Península Ibérica, milhares foram evacuadas e mais de 70 mil hectares já foram devastados apenas na Espanha, segundo autoridades locais.

As altas temperaturas, que chegaram a 45ºC, alimentaram as chamas por mais de duas semanas, mas a Agência Meteorológica Espanhola prevê o fim da onda de calor, trazendo esperança de uma trégua. Apesar disso, 23 incêndios de grande intensidade ainda estão ativos, sobretudo nas regiões da Galícia, Castilla y León e Extremadura, obrigando a mobilização de milhares de bombeiros, militares e apoio aéreo internacional.

A tragédia já fez vítimas entre os próprios combatentes: bombeiros morreram em acidentes durante operações na Espanha e em Portugal, além de voluntários e civis que tentavam proteger animais e propriedades. Em Portugal, o foco principal está na região de Arganil, onde mais da metade dos dois mil bombeiros mobilizados luta contra as chamas.

No total, a Espanha já perdeu 343 mil hectares em 2025, um recorde histórico, enquanto em outras partes da Europa, como os Bálcãs e a Turquia, a queda das temperaturas e as chuvas recentes ajudaram a controlar incêndios igualmente devastadores.

Fonte: Le Matin, 18.08.2025Link externo (em francês)

Festival de cinema africano atrai mais de seis mil pessoas

O portal francófono 24heures.ch destacou o sucesso do 19º Festival cinémas d’Afrique Lausanne (FCAL), que reuniu quase 6.000 pessoas entre quinta e domingo, o maior público de sua história. O evento exibiu 59 filmes de 23 países, além de shows e DJs, celebrando a diversidade do talento criativo africano.

Entre os destaques estiveram os longas Katanga, la danse des scorpions (Burkina Faso), de Dani Kouyaté, e Sudan, Remember us (Tunísia, Sudão), de Hind Meddeb, além de programas de curtas-metragens na seção Panorama. Uma retrospectiva de filmes restaurados e o foco em Angola também atraíram grande interesse do público.

Segundo os organizadores, obras com forte compromisso com temáticas sociais – como mulheres, juventude, LGBTQIA+ e comunidades diversas – estimularam debates e troca de experiências. A próxima edição do festival já tem data marcada: 13 a 16 de agosto de 2026.

Fonte: 24heures.ch, 17.08.2025Link externo (em francês)   

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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 29 de agosto. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!

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