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Avalanches matam oito pessoas nos Alpes suíços

Equipes de resgate encontraram mais três vítimas da avanlanche de neve de Diemtigtal nesta terça-feira. Keystone

Duas avalanches de neve ocorridas no domingo em Diemtigtal, nos Alpes bernenses, mataram sete pessoas. Um outro esquiador morreu no Valais, oeste do país.

Apesar de alguns casos dramáticos recentes, o número de vítimas de avalanches de neve diminui e gira em todo de 20 por ano na Suíça. Esportes radicais aumentam o risco da ‘morte branca’.

O tempo estava lindo, mas o longo final de semana da virada do ano terminou de forma trágica na Suíça. Avalanches mataram pelo menos oito pessoas nos Alpes de Berna e no Valais, segundo os n’umeros mais recentes divulgados nesta terça-feira (5/1).

No domingo (3/01), quatro pessoas morreram soterradas sob a neve na região de Chummli, no vale Diemtig, a cerca de 50 km de Berna. Outras três morreram no hospital, segundo informou a polícia estadual de Berna.

A tragédia ocorreu por volta do meio-dia, quando uma primeira “prancha de neve” arrastou um grupo de esquiadores que fazia um passeio no Diemtigtal. Um esquiador foi soterrado, segundo a polícia.

Pouco depois da chegada da Guarda Aérea Suíça de Socorro (Rega) ao local, uma segunda avalanche soterrou o médico de emergência e outros membros da equipe de salvamento.

Em seguida, oito helicópteros da Rega, uma dúzia de cães de avalanche e cerca de cem ajudantes participaram da operação de busca, interrompida às 18h por motivos de segurança. Um esquiador foi resgatado morto no domingo, os outros três corpos foram encontrados nesta terça-feira.

O médico da Rega e outras duas pessoas morreram em consequência de graves ferimentos no hospital. Foi a primeira vez na história da Rega, fundada em 1952, que um médico da instituição morreu durante uma operação de socorro a vítimas de avalanche.

Aventureiros fora das pistas

No domingo à tarde, uma esquiador morreu após ter sido soterrado por 80 cm de neve em Bruson, a 2400 m de altitude, no cantão do Valais (oeste da Suíça). Seu guia de montanha foi resgatado com vida da avalanche e levado ao hospital com congelamento de partes do corpo.

Outra avalanche ocorreu na região da estação de esqui de Zermatt (Valais), onde um grupo de pessoas que esquiava fora da pista provocou o desprendimento de neve, mas ningém saiu ferido. Após o incidente, a estação de Zermatt decidiu, pela primeira vez na história, denunciar os esquiadores que estavam fora da pista.

Há uma semana, em Anzère, também no Valais, três “aventureiros” provocaram uma avalanche, que rolou sobre a pista de esqui e arrastou um suíço de 39 anos. Ele foi desenterrado por seus acompanhantes e levado ao hospital com ferimentos leves. Oito cães e 130 pessoas participaram da busca.

Só nos dias 26 e 27 de dezembro passado, a Rega realizou 110 operações de resgate. Quase todos os pedidos de socorro estavam relacionados a acidentes ocorridos durante a prática de esportes de inverno.

Acidentes em esportes de inverno

Em 2008, a Rega foi chamada em 1714 acidentes em esportes de inverno (13,3% a mais do que no ano anterior) e prestou socorro em 37 casos de avalanches de neve (-17,8% em relação a 2007).

O acidente deste final de semana no vale Diemtig, com sete mortos confirmados foi o mais grave nos Alpes suíços desde 1999, quando 12 pessoas foram mortas por uma avalanche em Evolène, no Valais (oeste do país).

Na Suíça ocorreram vários tragédias de avalanches de neve nos últimos anos. Em julho de 2007, por exemplo, seis soldados do exército suíço morreram aos tentar escalar o Jungfrau (4158 m), o terceiro pico mais elevado dos Alpes bernenses.

O acidente mais grave das últimas décadas nos Alpes suíços ocorreu em 24 de fevereiro de 1970, em Reckingen, no Valais, quando 30 pessoas (6 crianças, 5 mulheres e 19 soldados) foram mortos por uma avalanche de neve (veja outras avalanches na coluna à direita).

O pior inverno nesse sentido na Suíça contemporânea foi o de 1950/1951, quando 1301 avalanches de neve causaram a morte de 98 pessoas e 884 animais, e danificaram 187 casas, 999 currais e 303 outras construções.

703 vítimas em três décadas

A crescente prática de esportes alternativos de inverno, como free rider (veja vídeo na coluna à direita), passeios de “raquete” de neve e excursões de esqui fora das pistas convencionais aumentam o risco de acidentes desse tipo.

Apesar de aventuras cada vez mais arriscadas, porém, o número de mortes por avalanches de neve diminuiu nos últimos anos. É o que mostram dados do Instituto de Pesquisa de Neve e Avalanches (SLF, na sigla em alemão), em Davos.

Segundo Christine Pielmeier, especialista em prognóstico de avalanches do WSL, na primeira metade das últimas três décadas foram registrada 27 mortes decorrentes de avalanches envolvendo turistas; na segunda metade, foram apenas 20 mortos.

O SLF analisou 1619 avalanches de neve ocorridas nos Alpes suíços entre 1977 e 2006. Elas arrastaram 3434 pessoas, das quais 703 morreram. O número de soterrados – entre 35 e 40 pessoas por ano -, no entanto, quase não mudou no período analisado.

Nos anos de 1970, segundo o SLF, 60% das pessoas completamente soterradas por uma avalanche de neve morriam; hoje a taxa de mortalidade é de 40%.

Pielmeier atribui essa queda do número de mortes ao melhor equipamento dos esportistas e à sua avaliação do risco de avalanches, além disso, à reação correta em caso de acidentes e ao socorro cada vez mais eficiente da Rega.

Observação: esta reportagem foi escrita em 4/1/10 e atualizada em 5/1/10.
Geraldo Hoffmann, swissinfo.ch (com agências)

6/4/75: Uma avalanche mata três pessoas em Acla, no desfiladeiro Lukmanier, entre os cantões dos Grisões e Ticino. Quase todo o povoado foi destruído pela massa de neve.

2/3/85: Uma avalanche soterra um micro-ônibus e um carro de passeio entre Zermatt e Täsch (no Valais) – 11 pessoas morrem.

1°/5/92: Quatro pessoas morrem e 16 são feridas por uma avalanche que atingiu um ônibus de turismo no desfiladeiro Flüela (2383 m), perto de Davos (Grisões).

21/2/99: Treze pessoas são soterradas (12 morrem) e vários destruídos por duas avalanches em Val d’Herens (Valais).

21/2/00: Três esquiadores morrem numa aventura fora da pista no Meierhofer Tälli, um vale perto de Davos.

6/2/01: Três esquiadores são soterrados e morrem na montanha Tete de Balme (Valais).

11/2/01: Uma avalanche mata três esquiadores numa aventura fora da pista no Pizzo Rotondo (3191 m), pico mais alto da cordilheira do Gotthard (Ticino).

5/3/02: Três esquiadores (de um grupo de 12) são mortos por uma avalanche em Val S-Charl, perto de Scuol (Grisões).

6/1/03: Três esquiadores fora da pista morrem sob uma avalanche no pico Pointe de Penna (2782 m), no Valais (oeste da Suíça).

14/3/05: O mesmo acontece com três esquiadores perto de Obstalden, cantão de Glarus.

20/2/06: Três assim chamados “esquiadores de variantes” são mortes por uma avalanche no Val Acletta, perto de Disentis (Grisões).

11/2/09: Sete franceses que caminhavam na neve com raquetes (sapatos especiais) são surpreendidos por uma avalanche na região de Siviez/Nendaz; três morrem.

13/6/09: Uma avalanche arrasta três alpinistas para um abismo de 400 m no Piz Palü, pico de 3900 m, na fronteira do cantão suíço dos Grisões e a província italiana da Lombardia.

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