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Israelenses prometem corredor humanitário no Líbano

Jakob Kellenberger durante sua visita ao sul do Líbano. IKRK

O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Jakob Kellenberger, obteve o "compromisso pessoal" do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, de facilitar o acesso das equipes de ajuda humanitária ao sul do Líbano.

Durante visita ao Líbano e Israel, Kellenberger clamou às partes envolvidas a poupar populações civis e infra-estrutura.

Ehud Olmert prometeu ao presidente da CICV de “fazer o possível” para que a organização internacional possa ter acesso às vítimas do conflito entre Israel e o Hezbollah no sul do Líbano, declarou na quinta-feira (10.08) Jakob Kellenberger.

“Eu encontrei M. Olmert e os ministros israelenses da Defesa e das Relações Exteriores, Tzipi Livni e Amir Peretz, e lhes disse que eu não estava satisfeito com a situação humanitária”, declarou o presidente da CICV durante uma coletiva de imprensa organizada num hotel de Jerusalém.

“Tive o sentimento que a mensagem foi compreendida. M. Olmert me prometeu de fazer o possível para facilitar o nosso trabalho, ou seja, permitir acesso às populações que precisam urgentemente de ajuda humanitária”.

O primeiro-ministro israelense também lhe prometeu facilitar a evacuação de 400 a 600 pessoas – sobretudo crianças e feridos – do sul do Líbano e de permitir a um navio da CICV carregado de medicamentos e alimentos de atracar no porto de Tyr.

Encontro com Haniyeh

Jakob Kellenberger também acrescentou que o delegado geral do CICV para o Oriente Médio, Balthasar Staehelin, e o chefe da delegação em Israel e nos territórios ocupados, Dominik Stillhart, tiveram um encontro com o primeiro-ministro palestino Ismaïl Haniyeh, em Gaza.

Eles trataram com ele a questão do soldado israelense capturado por grupos armados palestinos em 25 de junho, indicou o presidente do CICV, mas sem fornecer detalhes mais precisos.

Ato simbólico

O encontro com os dirigentes israelenses foi a última etapa de uma visita de quatro dias de Jakob Kellenberger à região. Ela também foi marcada, na quarta-feira, por um ato simbólico.

Nesse dia, o presidente do CICV atravessou à pé o rio Litani sobre um tronco jogado entre as duas margens, para alcançar a cidade portuária de Tyr. As duas pontes que ligavam as regiões foram destruídas pelas forças armadas israelenses, que também prometeu bombardear todos os veículos que estiverem circulando a parte sul do Litani, incluindo os civis.

Durante a coletiva de imprensa organizada em Tyr, uma cidade praticamente deserta, Kellenberger clamou às partes do conflito a permitir que a ajuda humanitária chegue o mais rápido possível às populações cercada pelos combates.

Ele estima que 100 mil civis estejam em situação precária e lembrou que água, alimentação e condições sanitárias são a prioridade para as equipes de salvamento.

Os bombardeios israelenses destruíram a maior parte das estradas na região e os feridos não podem mais ser socorridos. Muitos mortos também se encontram entre os escombros das suas casas.

“Nossa maior preocupação é o respeito das leis humanitárias durante um conflito armado. Não é possível escapar a essa obrigação lançando folhetos de avião”, criticou Kellenberger, fazendo alusão à prática do exército israelense de alertar a população antes dos bombardeios.

swissinfo e agências

Presente no Líbano desde 1967, o CICV está engajado atualmente em diversas operações de ajuda à vítimas do conflito entre Israel e o Hezbollah.

Para fazer frente à situação humanitária catastrófica, o CICV fez um apelo por 100 milhões de francos suíços para incrementar a ajuda humanitária em resposta ao conflito. A organização também aumentou sua presença no Líbano, onde conta atualmente com 59 delegados.

O CICV, guardião das Convenções de Genebra sobre o direito internacional humanitário, se dispõe a fornecer apoio logístico neutro caso seja encontrada uma solução para o conflito e as partes desejem trocar prisioneiros.

Jan Egeland, secretário-geral adjunto para questões humanitárias e coordenador de socorro de urgência da ONU, exigiu em Genebra a cessação imediata das hostilidades e o restabelecimento dos acessos ao sul do Líbano.

“É uma vergonha. Há vários dias já não temos acesso à população sitiada, as mais de 100 mil pessoas que estão cortadas do mundo. O exército israelense bombardeou sistematicamente a estrada que leva à Tyr pela costa”, declarou emocionado Egeland.

As Nações Unidas tentam agora de levar ajuda ao sul do país pela via marítima. Jan Egeland espera uma decisão rápida do Conselho de Segurança da ONU nas próximas horas, para “evitar uma catástrofe total”.

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