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Bogotá inaugura modelo colombiano de convivência com a pandemia

Uma loja com uma placa "Aluga-se" permanece fechada depois que a prefeita de Bogotá, Claudia Lopez, suspendeu a medida de quarentena estrita em alguns setores da cidade dentro da pandemia de coronavírus COVID-19, em Bogotá em 27 de agosto de 2020. afp_tickers

Bogotá, foco da pandemia na Colômbia, deixou para trás sua rígida quarentena por zonas e começou a aplicar medidas menos restritivas contra o novo coronavírus nesta quinta-feira, com o objetivo de relançar o comércio em declínio na capital.

Depois de mais de cinco meses de restrições, principalmente em atividades não essenciais, milhares de pessoas reabriram as instalações ou voltaram às vendas informais.

Ainda que o vírus continue circulando fortemente, a prefeitura, junto com o governo nacional, decidiu esta semana dar lugar a uma reabertura geral, com algumas exceções, baseada no autocuidado e no uso generalizado da máscara em espaços públicos.

A prefeita Claudia López insistiu que os colombianos terão que se adaptar a um “modelo de nova realidade”. “Temos que aprender a nos socializar e a trabalhar com cuidado”, disse.

Nesta quinta-feira chegaram ao fim as chamadas quarentenas por localidades (grupos de bairros) nesta capital de quase oito milhões de habitantes.

As ruas pareciam mais cheias e os congestionamentos reapareceram. As pessoas também voltaram para parques e trilhas ecológicas, além de restaurantes, embora com lotação limitada.

As escolas só poderão reabrir suas portas em outubro e sob certas restrições, enquanto o aeroporto El Dorado reiniciará as operações com alguns voos domésticos em setembro. O tráfego aéreo internacional ainda está suspenso.

A prefeitura estima que, com o novo modelo, 60% da população (quase cinco milhões de pessoas) se deslocará por dia.

Em nível nacional, as novas medidas de relaxamento entrarão em vigor após 1º de setembro. No entanto, eventos de massa ainda são proibidos.

A Colômbia soma quase 600.000 infecções desde que detectou, em Bogotá, o primeiro caso em 6 de março.

Já são mais de 18 mil mortos, mas segundo o governo a pandemia atingiu uma “espécie de patamar com tendência de queda”.

– Vidas rotas –

Em San Victorino, um dos pontos maior atividade e contágio do centro de Bogotá, os comerciantes cruzam os dedos para uma recuperação rápida.

Hoje “há mais vendedores do que público”, disse à AFP Sandra Parra, 42, gerente de uma loja de roupas que demitiu 12 dos 36 funcionários devido à paralisia associada à pandemia.

Os ainda poucos compradores devem passar por um controle de temperatura e depois desinfetar as mãos com gel.

“O contágio aumentou muito assim como a insegurança. Eles nos açoitaram”, lamenta Parra, ao receber seus primeiros clientes.

Os vendedores informais se aglomeram nos arredores. Concepción Ávila, 70, reabriu sua banca móvel de doces e cigarros.

Na pandemia, ela perdeu seu marido Alfredo, de 68 anos. “Ele morreu durante a quarentena por desespero (…) ao pensar que logo poderiam nos despejar da casa” que alugamos, conta.

O colapso trazido pela pandemia deste ano destruiu cerca de cinco milhões de empregos na quarta maior economia da América Latina, que antes da emergência já lidava com uma informalidade de cerca de 47%.

Bogotá é uma das cidades mais castigadas. 35% das infecções são na capital, onde as restrições foram sentidas com mais força.

Em nível regional, a Colômbia é o quarto país mais afetado pelo novo vírus em número de infecções e mortes, atrás do Brasil, México e Peru.

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