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Pfizer diz que sua pílula anticovid reduz drasticamente gravidade da doença

Cartelas da pílula experimental contra a covid-19 da Pfizer em um laboratório de Friburgo (Alemanha), em imagem fornecida à AFP pela empresa farmacêutica em 16 de novembro de 2021 afp_tickers

A empresa farmacêutica americana Pfizer disse nesta terça-feira (14) que ensaios clínicos confirmaram que sua pílula contra a covid-19 reduziu em quase 90% as hospitalizações e mortes entre as pessoas de risco, quando é tomada nos primeiros dias após a manifestação dos sintomas.

O anúncio foi feito no mesmo momento em que um estudo na África do Sul mostrou que duas doses da vacina Pfizer-BioNTech protegem 70% contra os casos graves da variante ômicron, um resultado considerado favorável pelos pesquisadores, embora seja uma taxa menor que a de outras cepas.

Os resultados da nova pílula, que ainda não foi aprovada em nenhum país, se baseiam em um estudo com mais de 2.200 pessoas e confirmam o que foi anunciado no início de novembro a partir de conclusões preliminares.

A Pfizer também anunciou que seu tratamento antiviral, que será comercializado como Paxlovid, resistiu à variante ômicron em testes de laboratório.

“Isso destaca o potencial deste (medicamento) candidato para salvar a vida de pacientes em todo o mundo”, expressou o CEO da Pfizer, Albert Bourla, citado em um comunicado. “Variantes preocupantes como a ômicron acentuaram a necessidade de opções de tratamento acessíveis para quem contrair o vírus”, acrescentou.

O ensaio mostrou que a pílula reduz a necessidade de hospitalização em adultos de alto risco com covid em 89% se o tratamento for feito nos três dias seguintes à manifestação dos sintomas e em 88% nos primeiros cinco dias, disse a empresa.

No total, houve 12 mortes no grupo placebo – que não recebeu o tratamento – e nenhuma no grupo que recebeu.

Efeitos colaterais foram detectados em porcentagens semelhantes no grupo que recebeu o tratamento e no que recebeu o placebo (23% e 24%, respectivamente) e foram majoritariamente leves.

Segundo a empresa, também há resultados animadores em um estudo entre pessoas com risco alto de desenvolver um caso grave da covid-19, mas esse ensaio ainda não foi finalizado.

– Novo tipo de droga –

O Paxlovid é uma combinação de duas drogas – nirmatrelvir, uma medicamento experimental, e ritonavir, um antiviral que já existe e é usado contra o HIV. O tratamento consiste em ingerir 30 pílulas em um período de cinco dias.

O nirmatrelvir age bloqueando a ação de uma enzima que o coronavírus precisa para se replicar. O ritonavir é administrado para desacelerar a decomposição do nirmatrelvir no corpo, o que aumenta sua eficácia.

Como o Paxlovid não age contra as proteínas de rápida mutação que se encontram na superfície do coronavírus, os cientistas esperam que possa ser mais resistente às variantes do que outros tratamentos, como os anticorpos usados na maioria das vacinas anticovid.

Outra pílula para a covid, a molnupiravir, desenvolvida pelo laboratório americano Merck Sharp and Dohme (MSD), já foi autorizada no Reino Unido e aguarda o sinal verde nos Estados Unidos.

No entanto, estudos finais mostraram que o molnupiravir só reduz as internações e mortes em 30%. Além disso, há preocupações sobre sua segurança. A empresa não recomenda seu uso em mulheres grávidas, depois que estudos com animais geraram preocupações sobre seu efeito nos fetos.

A Pfizer afirmou que compartilhou as informações sobre sua pílula com a Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos, como parte de sua solicitação para uma autorização de uso emergencial.

– Dados reais da vacina –

As notícias chegam em um momento em que a variante ômicron continua se espalhando rapidamente pelo mundo, despertando preocupações sobre o possível aumento de casos graves e mortes.

Mesmo que as primeiras informações sugiram que a variante é leve na maioria dos casos, sua maior transmissibilidade e habilidade de reinfecção pode gerar um maior número de casos.

Vários países lançaram campanhas para promover a aplicação das doses de reforço, buscando restaurar a eficácia das vacinas.

O último estudo na África do Sul concluiu que duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech ainda oferecem uma alta proteção contra uma forma grave da doença.

“A dose dupla da vacina da Pfizer/BioNTech apresenta 70% de eficácia em reduzir o risco de hospitalização”, disse o chefe da principal empresa de seguro médicos privados da África do Sul, a Discovery, Ryan Noach, que dirigiu o estudo junto com a South African Medical Research Council (SAMRC).

Essas duas doses ofereciam uma proteção de 93% contra as variantes anteriores, segundo as empresas.

O estudo se baseou em 78.000 resultados de testes PCR feitos na África do Sul entre 15 de novembro e 7 de dezembro.

Também estabeleceu que as duas doses eram 33% eficazes contra a infecção, um resultado que coincide com dados prévios do Reino Unido e que para os especialistas ressalta a necessidade de uma terceira dose.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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