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O primeiro e único relógio suíço que chegou na Lua

O piloto do modulo lunar Edwin Aldrin com seu relógio "Swiss made". nasa.gov

Com as comemorações dos 40 anos da conquista da Lua, o relógio suíço que chegou lá com os astronautas - um Omega Speedmaster - tornou-se um clássico da relojoaria suíça.

Ainda bem que todos se focalizaram nos primeiros passos de Neil Armstrong e pouca gente prestou atenção que ele não tinha um relógio no pulso.

Armstrong tinha deixado o relógio no módulo lunar Eagle porque o dispositivo eletrônico de cronometragem de bordo não funcionava corretamente e devia ter uma reserva de segurança.

Seu coleta astronauta Edwin Aldrin, o segundo a pisar na Lua, foi então o primeiro homem que levou o relógio suíço para a Lua.

Omega, que tem sede na cidade suíça de Biel (oeste) e que é uma das 17 marcas do Grupo Swatch, não criou o modelo Speedmaster especialmente para a NASA.

De fato, ele foi fabricado pela primeira vez em janeiro de 1957, dez meses antes do voo do Sputinik I da União Soviética, primeiro satélite artificial a ser lançado no mundo.

Qualidade, fiabilidade e sorte se combinaram no Speedmaster, aprovado em 1° de março de 1965 para todas as missões tripuladas da NASA.

Produtos para sonhar

No início dos anos 1960 os pesquisadores da NASA compraram exemplares de diferentes cronômetros em relojoarias da região de Houston. Apenas três passaram nas provas rigorosas.

A NASA não queria encomendar um modelo novo porque achava que a produção pelos fornecedores levaria muito tempo.

Os relógios tinham de ter as funções de um cronômetro para uma coordenação precisa e necessitavam de um movimento manual porque os cientistas suspeitavam que um movimento automático poderia não funcionar corretamente em um ambiente de falta de gravidade.

O relógio teria também de trabalhar no vácuo, suportar a exposição dos raios solares, resistir a temperaturas extremas e suportar as forças de saída e entrada na atmosfera.

Missão espacial Gemini

“Creio que a primeira vez que a empresa Omega se deu conta de que seus relógios tinham sido escolhidos foi quanto vieram a Ed White em seu passeio espacial – com a missão Gemini 4 – com o relógio”, explica à swissinfo.ch Stephen Urquhart, presidente atual da Omega.

Ele explica que na verdade foram “escolhidos sem saber” o que para a empresa foi “algo particularmente gratificante.”

Eram Speedmaster sem modificações, vinham diretamente das vitrines das relojoarias e como nossa publicidade destacava esse momento, qualquer um podia comprar um relógio exatamente igual aos que os astronautas levaram para o espaço.”

O conceito básico do relógio era que os astronautas queriam ter uma alternativa para a segurança com uma eventual possibilidade de duplicação de outros instrumentos de bordo.

O relógio realmente tornou-se fundamental na dramática missão da Apollo 13, depois de uma explosão no módulo de serviço. Isso danificou um dos painéis exteriores da cause e causou grandes danos como um incêndio do motor e no abastecimento de oxigênio.

A tripulação teve que voltar para a atmosfera terrestre em modo manual, com uma coordenação precisa exigida pelo motor com um ângulo correto. Este incidente e o posterior resgate da missão deu ao relógio um status de legendário.

Premio ‘Snoopy’

“Omega recebeu um prêmio Snoopy da NASA, que foi o galardão mais alto em termos de reconhecimento pelo papel desempenhado pelo Speedmaster, recordou Urquhart. Mas o relógio também foi uma lembrança para os astronautas quando voltaram para casa.

“Eles não tinham ideia da hora que chegaram na Lua, porém tinham um relógio que mostrava a hora de Houston, a hora da volta para casa. Isso criou um tipo de vinculação emocional, psicológica e positiva com a Terra; vários astronautas fizeram esse comentário.”

Mesmo se o desenho original do relógio mudou durante esses anos, houve poucas modificações estéticas. Com relação ao futuro, ainda é um pouco cedo para se pronunciar, mas foram feitos contatos preliminares para outras missões lunares ou, quem sabe, até Marte.

Muita coisa aconteceu desde que 40 anos atrás, Urquhart trabalhou no departamento de comunicação da Omega. Naquela época, ele usou seu inglês para traduzir em francês algumas das conversas mantidas entre a Apollo 11 e Houston para o pessoal da empresa.

“Incrivel”

“Tinha então apenas 22 anos e ouvir aquilo era incrível. Na realidade não tive tempo de pensar muito. Acabei encarando com calma”, explica.

“Na década de 60 foi muito especial. Era o momento crítico da Guerra Fria e se pensava que seria o próximo objetivo depois da Lua.”

Urquhart chegou a pensar, 40 anos atrás, que seria o presidente de Omega? Sua resposta é rápida, sem hesitação: “Nunca, nem um segundo.”


Robert Brookes, swissinfo.ch

Fundada por Louis Brandt em 1848, Omega foi uma das primeiras fabricantes de relógios de pulso.

Omega cronometrou mais de 20 vezes os Jogos Olímpicos e outros eventos esportivos internacionais como atletismo, natação, golfe e vela.

Em 1965 a NASA escolheu o modelo Speedmaster Professional como cronômetro oficial para a exploração do espaço.

Em 1970 o cronômetro ajudou a resgatar de um desastre a tripulação da Apollo 13, depois da explosão na nave. Com o Speedmaster foi possível coordenar um motor avariado com o ângulo certo para voltar à atmosfera terrestre.

O último modelo da série é o Speedmaster Professional X-

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