
Arnold Schwarzenegger no porão de casa

Um jovem suíço, aficionado do cinema, é o dono de uma das maiores coleções do mundo de objetos utilizados pelos estúdios de cinema Hollywood nos seus filmes.
Seu sonho é abril um museu com as cinco mil peças, que por enquanto estão guardadas num porão. Destaques: Star Wars, Indiana Jones e Arnold Schwarzenegger.
– As pessoas vão aos Estados Unidos para conhecer os cenários onde foram rodados seus filmes preferidos. Porém, com exceção de algumas instalações da Universal Studios, não há muita coisa para ver – comenta Roman Guettinger.
Obviamente tenho de ir para o lugar correto: visitar a casa de Guettinger e ver sua coleção guardada em dois grandes porões num simples conjunto habitacional em Frauenfeld, uma cidade distante vários anos-luz de Hollywood, mas apenas 45 quilômetros de Zurique.
Ele me busca na estação de trem e me conduz até lá, pois acha que eu não poderia encontrar sozinho sua casa.
Seu pequeno carro é conduzido muito mais próximo dos outros carros do que eu gostaria. No banco de trás, eu encontrei um torso sem cabeça, algumas máscaras de monstros em borracha e uma espada do filme “Kill Bill”.
Surpresas subterrâneas
Meu dia e o meu papel num filme de ficção científica chegam ao seu ponto culminante quando ele abre a porta do primeiro porão.
Guettinger, que trabalha durante o dia como empregado de uma companhia de distribuição de filmes em Zurique, salvou do lixo centenas de grandes heróis do mundo da fantasia que povoa as telas de cinema no momento em que as filmagens estavam encerradas.
No porão, as prateleiras estão abarrotadas e os corredores estreitos. Lá o visitante esbarra com os andróides do “Star Wars”, com os monstrinhos do “Gremlins” e até mesmo com uma figura em tamanho natural do Arnold Schwarzenegger, com a metade do seu rosto desfigurado, quando ele fez o papel de “Terminator”.
Espadas e armas estão espalhadas pelo chão, assim como os tênis que Tom Hanks utilizou para cruzar a América no filme “Forrest Gump”.
– Eu tenho um bom gosto para as mulheres. Eu aprecio sua beleza – e também a dos monstros pela sua feiúra – explica Guettinger, que já chegou a sonhar em ser maquilador de cinema – porém um monte de monstros, como por exemplos os Aliens, também tem sua própria elegância. Eles têm estilo.
Museu
Ele costuma guiar os visitantes pela sua exposição normalmente nos fins-de-semana. Porém na realidade, o suíço gosta de brincar com a idéia de abrir seu próprio museu.
– Todo mundo que vem aqui diz que eu tenho de abrir um museu. Até o Richard Taylor, ganhador de um Oscar por efeitos especiais no filme “Lord of the Rings”, disse a mesma coisa.
– Isso seria algo muito positivo para a Suíça, um país onde as pessoas têm um grande interesse em cinema. As audiências em Zurique, por exemplo, é uma das mais elevadas de toda a Europa – explica.
Guettinger está à procura de um patrocinador que o ajude a alcançar esse objetivo. Enquanto isso, ele ressalta que continuará a colecionar os objetos de cinema, um hobby que ele tem há pouco mais de quinze anos. Sua reputação, sua experiência profissional no mundo do cinema e o tempo passado em Los Angeles freqüentando a escola de diretores, lhe trouxeram um grande número de contatos importantes, sobretudo diretores e técnicos de efeitos especiais.
– A maior parte dos objetos que adquiro vem das pessoas que eu conheço e que trabalham nessa indústria. O problema é esse material chega muito raramente ao público comum. Por isso é importante fazer atenção e ter as conexões certas.
Aliens até o King Kong
Uma dos melhores contatos do suíço é o artista suíço H.R. Giger, o autor das criaturas vistas no filme “Aliens”, e Peter Jackson, diretor da série “Lord of the Rings” e do filme “King Kong”.
– A maior parte das peças utilizadas nos filmes permanece fechada em containeres dos estúdios e não podem ser cedidas por questões legais. Assim elas apodrecem – se entristece Guettinger.
– Se você tem sorte, o responsável por efeitos especiais irá levar para casa alguns objetos depois da filmagem. Alguns irão mantê-los. Outros irão vender as peças ou até mesmo doá-las. É impossível de saber o que pode acontecer.
Um número incontável de fantasias vestidas por alguns dos mais populares heróis de cinema das últimas décadas é o que preenche o espaço do segundo porão. Lá podem ser vistas uma das roupas originais de silicone utilizadas pelo personagem principal no filme “Batman Forever”, a fantasia de caçador de vampiros utilizada pelo ator Wesley Snipes no filme “Blade” e a vestimenta de aventureiro trajada por Harrinson Ford na pele do famoso personagem do “Indiana Jones”.
A peça favorita do suíço é a roupa que a atriz inglesa Kate Winslet estava usando no filme “Titanic”, mostrando que ele também tem um coração para as histórias de amor.
– Eu tenho certeza que essas roupas ficariam ótimas num museu…se eu tivesse um – explica Guettinger, lembrando também do seu sonho de ser diretor de cinema.
– Sempre quis dirigir um filme, mas que não fosse ficção científica. Seria algo com um bom enredo, bons atores e onde a história tivesse o papel central, e não apenas os efeitos especiais. Mas antes de fazer algo parecido, tenho que ter o orçamento necessário. A razão por não querer fazer um filme de horror? É por que eu já vi centenas e centenas de péssimos filmes de ficção e de horror – conclui.
swissinfo, Dale Bechtel
Roman Guettinger, 35 anos, coleciona os objetos retirados dos sets de filmagens há trinta e cinco anos
Atualmente ele possui cerca de cinco mil peças, guardadas nos porões de um conjunto habitacional em Frauenfeld, não muito distante de Zurique.
Sua especialidade são peças de filmes de ficção científica, terror e fantasia.
Muitas delas estão à venda na sua homepage.

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