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Prótese projetada na Suíça ajuda paciente com Parkinson a voltar a andar

EPFL
Diferentemente dos tratamentos convencionais, que têm como alvo regiões cerebrais diretamente afetadas pela perda de neurônios produtores de dopamina, essa neuroprótese tem como alvo a área da medula espinhal responsável pela ativação dos músculos das pernas durante a caminhada. Uma área que não é diretamente afetada pela doença. © Keystone/ Valentin Flauraud

Neurocientistas de Lausanne e da França apresentaram na segunda-feira um neuroprotético que corrige os distúrbios de mobilidade associados ao mal de Parkinson. Antes confinado em sua casa, o primeiro paciente a receber o implante agora é capaz de caminhar com confiança e sem cair.

Os distúrbios da marcha ocorrem em cerca de 90% das pessoas com mal de Parkinson avançado. Até o momento, não há tratamentos disponíveis para a maioria dos casos.

Marc Gauthier, que está na casa dos 60 anos, convive com a doença desde 1996. A dopamina e, depois, a estimulação cerebral profunda, a que ele se submeteu em 2004, ajudaram a tratar seus tremores e rigidez. Mas ele também desenvolveu graves dificuldades para caminhar.

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“Eu mal conseguia andar sem sofrer quedas frequentes, várias vezes ao dia”, explicou Gauthier, objeto deste estudo, em uma coletiva de imprensa organizada pelo Hospital Universitário de Lausanne CHUV e pela Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL). Ele também sofria de “congelamento”, um bloqueio que fazia com que ele parasse diante de um obstáculo como se fosse um abismo e não conseguisse se mover.

Estimulação elétrica

“A ideia de desenvolver uma neuroprótese que estimule eletricamente a medula espinhal para harmonizar a marcha e corrigir distúrbios locomotores em pacientes com Parkinson é fruto de vários anos de pesquisa”, explicou Grégoire Courtine, professor de Neurociência da EPFL, CHUV e Universidade de Lausanne.

Ao contrário dos tratamentos convencionais, que têm como alvo regiões do cérebro diretamente afetadas pela perda de neurônios produtores de dopamina, essa neuroprótese tem como alvo a área da medula espinhal responsável pela ativação dos músculos das pernas durante a caminhada. Uma área que não é diretamente afetada pela doença.

Com Erwan Bezard, neurocientista do Inserm da França e da Universidade de Bordeaux, Courtine e a neurocirurgiã Jocelyne Bloch, de Lausanne, operaram o primeiro paciente em 2021. Marc Gauthier, de Bordeaux, foi equipado com a neuroprótese que consiste em um campo de eletrodos colocados na área de sua medula óssea que controla a caminhada e um marca-passo implantado sob a pele de seu abdômen.

Graças à programação direcionada dos estímulos da medula óssea, que se adaptam em tempo real aos seus movimentos, as dificuldades de locomoção de Gauthier desapareceram rapidamente. Após algumas semanas de reabilitação com a neuroprótese, ele conseguiu voltar a andar quase normalmente.

O efeito sobre a caminhada foi quase imediato, de acordo com os cientistas. Quanto ao “congelamento”, ele desapareceu completamente, disse Gauthier. O paciente também tem sapatos conectados que enviam informações sobre sua caminhada e um relógio para iniciar a estimulação, todos ligados a um computador sem fio.

Atualmente, ele usa sua neuroprótese por cerca de oito horas por dia, desligando-a apenas quando fica sentado por um longo período ou quando está dormindo. “Nem mesmo as escadas me assustam mais. Todos os domingos vou à beira do lago e caminho cerca de seis quilômetros. Eu adoro isso. Isso salvou minha vida”, disse.

Implantação em larga escala

Até o momento, esse conceito terapêutico demonstrou sua eficácia em uma única pessoa, com um implante que ainda precisa ser otimizado para implantação em larga escala, indicaram os autores dessa pesquisa publicada na revista Nature Medicine.

Ainda existem algumas limitações. Courtine ressalta que a neuroprótese requer boas habilidades cognitivas por parte do paciente, pois amplifica os movimentos. É uma espécie de “gerenciamento de um avatar”. “Você precisa se concentrar quando a estimulação é acionada”, confirmou Gauthier.

Atualmente, os cientistas estão trabalhando no desenvolvimento de uma versão comercial da neuroprótese. Um estudo com mais seis pacientes terá início no próximo ano, anunciou Bloch. Ele é financiado em um milhão de francos suíços pela Michael J. Fox Foundation.

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