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Esposa de Pedro Sánchez prestará depoimento a tribunal espanhol por caso de corrupção

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O cerco judicial está se estreitando em torno da esposa do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que foi convocada a prestar depoimento no início de julho por ser investigada em um caso de suposta corrupção e tráfico de influência que o líder socialista classificou como uma “armação grosseira”.

Desde que a investigação contra Begoña Gómez foi anunciada, o assunto se tornou um pesadelo para o socialista, que chegou a declarar no final de abril, para surpresa geral, que estava considerando renunciar. Ao final, permaneceu no poder. 

O tema escalou nesta terça-feira (4), quando o Tribunal Superior de Justiça de Madri anunciou que Begoña foi convocada para depor como investigada no dia 5 de julho.

“O Juizado de Instrução nº 41 de Madri citou a depor como investigada Begoña Gómez, na sexta-feira, 5 de julho, às 10h”, por supostos “crimes de corrupção no setor privado e tráfico de influências”, explicou a Justiça em um comunicado.

Em outra carta aos cidadãos publicada na tarde desta terça-feira, Sánchez afirmou ter tomado conhecimento da convocação pela imprensa e descreveu o caso como uma “armação grosseira”. 

“Estamos absolutamente tranquilos. Não há nada por trás desta acusação, apenas uma armação grosseira”, escreveu o líder socialista na rede social X, acusando a oposição de direita de explorar este caso para “tentar condicionar as eleições” europeias de 9 de junho. 

Sánchez garantiu que a sua decisão de continuar à frente do governo “está mais firme do que nunca” e que a sua esposa é “uma mulher trabalhadora e honesta que reivindica o seu direito de trabalhar”.

– Oposição pede renúncia de Sánchez –

A oposição de direita comemorou imediatamente a notícia e pediu a renúncia de Sánchez.

O presidente de governo deve “assumir sua responsabilidade política imediatamente” e “comunicar à nação qual é sua decisão”, escreveu na rede social X Alberto Nuñez Feijóo, líder do conservador Partido Popular (PP), principal formação de oposição.

“Qualquer presidente de governo com um mínimo de dignidade se demitiria hoje mesmo”, disse aos jornalistas o porta-voz do PP, Borja Sémper.

A convocação foi anunciada após o tribunal ter rejeitado, na semana passada, o pedido do Ministério Público para arquivar a investigação, por falta de elementos “suficientes”. 

Também teve continuidade apesar de um relatório da Guarda Civil no qual informaram não ter encontrado nenhum crime.

Um tribunal de Madri considerou que havia “indícios de um suposto ato criminoso” e autorizou a continuidade da investigação preliminar. 

As investigações contra Begoña Gómez foram iniciadas após a denúncia de um grupo próximo da extrema direita, ‘Manos Limpias’, que admitiu que se baseou apenas em artigos de imprensa. 

– Crise com a Argentina –

Ao negar o recurso do Ministério Público, o tribunal limitou o âmbito da investigação, que inicialmente teve como alvo os vínculos entre Gómez e o diretor-geral do grupo turístico espanhol Globalia, no momento em que este negociava auxílios do Governo à sua companhia aérea Air Europa durante a pandemia de covid-19.

Mas a instância judicial de Madri rejeitou esta parte do caso, alegando que partiu de uma base “improvável”, e limitou as investigações a contratos públicos adjudicados a um empresário que tinha relações profissionais com Gómez.

As denúncias contra Gómez provocaram uma crise diplomática com a Argentina no mês passado.

Em visita a Madri para participar de uma convenção do partido de extrema direita Vox, o presidente argentino, o ultraliberal Javier Milei, classificou a esposa de Sánchez como uma “mulher corrupta”. 

Em resposta, a Espanha retirou “definitivamente” a sua embaixadora na Argentina.

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