
EUA e Israel acordam plano para Gaza e Trump se diz disposto a liderar transição

O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciaram nesta segunda-feira (29) um acordo sobre um plano de paz para Gaza proposto pelo republicano, e que agora fica pendente da reação do movimento Hamas, que ainda mantém dezenas de reféns em seu poder.
Trump está disposto a presidir um comitê de transição para o território palestino, segundo os detalhes do pacto, bem recebido por países árabes.
“Estamos no mínimo muito, muito perto (…) e quero agradecer a Bibi por realmente se envolver e fazer seu trabalho”, disse Trump a jornalistas, referindo-se a Netanyahu por seu apelido.
Ao seu lado, Netanyahu declarou o apoio a esse plano “para pôr fim à guerra em Gaza, que alcança nossos objetivos bélicos, [que] trará de volta a Israel todos os nossos reféns, desmantelará as capacidades militares do Hamas, porá fim ao seu governo político e garantirá que Gaza nunca volte a representar uma ameaça para Israel”.
A coletiva de imprensa, na qual não foram aceitas perguntas, foi uma reiteração da aliança diplomática histórica entre ambos os países, posta à prova de maneira decisiva após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel.
Esse ataque provocou uma dura resposta militar de Israel, que devastou a Faixa e causou mais de 66 mil mortos.
— “Boa-fé” —
Catar e Egito entregaram o plano ao Hamas, afirmou à AFP um responsável a par das negociações.
“Os negociadores do Hamas declararam que examinarão de boa fé e darão uma resposta”, afirmou essa fonte sob condição de anonimato.
A Autoridade Palestina, inimiga do Hamas, “recebe favoravelmente os esforços” de Trump, enquanto oito países árabes e muçulmanos também acolheram favoravelmente a iniciativa.
Por outro lado, a Jihad Islâmica, outro dos grupos ativos em Gaza e que também mantém reféns em seu poder, considerou que o plano é “uma receita para uma agressão”.
Israel pode contar com o “apoio total” dos Estados Unidos para continuar com suas operações se o Hamas não aceitar o pacto, advertiu Trump.
Israel “manterá sua responsabilidade sobre a segurança” desse diminuto território encravado entre seu território e o Egito, explicou Netanyahu.
A Autoridade Palestina “não tem nenhum papel” em todo esse processo a não ser que empreenda “mudanças radicais”, advertiu.
Trump está disposto a presidir o “comitê de transição” junto a personalidades como o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
O plano também contempla, uma vez desarmado o Hamas, “uma força de estabilização internacional temporária”, indicou.
Segundo meios de comunicação, em troca Israel libertaria mais de 1.000 prisioneiros palestinos, incluindo alguns condenados à prisão perpétua.
Netanyahu havia afirmado na sexta-feira, em uma mensagem desafiadora na tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, que aceitar a criação de um Estado da Palestina seria um “suicídio nacional” para seu país, e assegurou que queria “terminar o trabalho” em Gaza “o mais rápido possível”.
Trump havia mostrado recentemente sinais de frustração diante de uma guerra que começou há quase dois anos.
O presidente americano advertiu Netanyahu na semana passada contra o plano de anexar a Cisjordânia, como pedem alguns membros do gabinete do primeiro-ministro israelense, e também se opôs ao recente ataque de Israel contra dirigentes do Hamas no Catar, um aliado-chave dos Estados Unidos.
Durante o encontro na Casa Branca, Netanyahu telefonou pessoalmente para o primeiro-ministro do Catar para se desculpar por esse ataque e expressar seu “profundo pesar” pela morte de um guarda de segurança catari.
A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, que causou a morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Dos 251 sequestrados no ataque, 47 continuam em Gaza, sendo que 25 já são considerados mortos pelo Exército israelense.
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