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EUA quer abrir escritórios de departamento de segurança no Equador

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Os Estados Unidos estão interessados em instalar escritórios de seu Departamento de Segurança Interna em instalações “estratégicas” do Equador, aonde chegou nesta quarta-feira (5) a secretária dessa pasta, Kristi Noem.

Antes disso, os equatorianos deverão aprovar no referendo marcado para 16 de novembro se permitem a instalação de bases estrangeiras em seu território, algo que está proibido pela Constituição desde 2008.

O referendo sobre essas bases ocorrerá em meio à ofensiva militar americana no Pacífico e no Caribe, com ataques mortais contra embarcações de supostos narcotraficantes, uma estratégia apoiada pelo presidente equatoriano Daniel Noboa.

Noem chegou na tarde desta quarta-feira à base aérea Eloy Alfaro, localizada na cidade de Manta, no sudoeste do Equador, país onde operam dezenas de organizações criminosas ligadas a cartéis internacionais.

Devido à guerra pelo poder entre essas máfias, o Equador é uma das nações mais violentas da América Latina. Nos últimos seis anos, os homicídios dispararam mais de 600%.

“Quando o crime não conhece fronteiras, as estratégias contra eles tampouco devem conhecer fronteiras. O foco específico desta cooperação é […] em recursos e equipamentos tecnológicos, dos quais o Equador ainda carece”, disse Gian Carlo Loffredo, ministro da Defesa do país sul-americano, em vídeo compartilhado pelo governo.

Está previsto que a secretária americana visite uma base militar na quinta-feira na cidade costeira de Salinas, também no sudoeste do país.

Manta recebeu durante uma década aviões americanos para voos antidrogas até 2009, enquanto Salinas foi, junto a Baltra, parte da estratégia militar de Washington na Segunda Guerra Mundial. Em ambas as localidades há instalações das Forças Armadas equatorianas.

A secretária americana e Noboa já tinham se reunido em julho em Quito. O presidente convocou o referendo em 19 de setembro.

Noem conhecerá “instalações estratégicas” para “potenciais bases” do departamento americano, disse a porta-voz presidencial Carolina Jaramillo, em uma coletiva de imprensa em Quito. 

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos protege o país de ameaças potenciais, e suas funções abrangem a prevenção do terrorismo, o controle de fronteiras, a gestão migratória, entre outras.

Se forem aprovadas no referendo, essas bases vão abrigar “agências de segurança e defesa” dos Estados Unidos, além de forças policiais e militares do Equador envolvidas na luta contra o crime organizado, acrescentou a porta-voz.

O presidente Noboa, aliado do governo de Donald Trump na região, anunciou na sexta-feira que ambos os países descartaram a ideia de instalar uma base militar americana em Galápagos como parte de uma ofensiva contra o narcotráfico no Pacífico.

Noboa também disse que o Equador conversou com o governo brasileiro para criar uma polícia amazônica para combater o crime organizado nessa região.

sp/pld/mel/yr/am/rpr

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