EUA suspende um de seus programas de vistos após ataque na Universidade Brown
O governo do presidente Donald Trump anunciou a suspensão de um de seus programas de vistos para imigrantes, que permitiu a entrada nos Estados Unidos de um português suspeito do assassinato de dois estudantes na Universidade Brown e de um professor do MIT.
“Claudio Manuel Neves-Valente entrou nos Estados Unidos por meio do programa de loteria de vistos de diversidade (DV1) em 2017 e recebeu um ‘green card’”, afirmou, nesta sexta-feira (19), a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, nas redes sociais.
“Seguindo as instruções do presidente Trump, ordeno imediatamente ao USCIS (Serviço de Cidadania e Imigração) que suspenda o programa DV1 para garantir que mais nenhum americano seja prejudicado por este programa desastroso”, acrescentou.
O Programa de Vistos de Diversidade foi instaurado em 1990 e permite a emissão de autorizações de residência para quase 50.000 pessoas por ano, desde que cumpram os critérios de elegibilidade.
Para obter o visto, é necessário passar por uma prova e uma entrevista. Todos os anos, milhões de pessoas de países com baixos índices migratórios para os Estados Unidos participam do sorteio.
Neves-Valente, de 48 anos, foi encontrado morto na quinta-feira no estado de New Hampshire, ao lado de duas armas de fogo.
Ele “tirou a própria vida”, disse Oscar Perez, chefe do Departamento de Polícia de Providence.
O atirador abriu fogo no sábado passado em um edifício da Universidade Brown. Dois estudantes, Ella Cook e Mukhammad Aziz Umurzokov, morreram e outras nove pessoas ficaram feridas.
– Aluno da Universidade Brown –
Ele também é suspeito de ter matado na segunda-feira Nuno Loureiro, professor do prestigioso Massachusetts Institute of Technology (MIT), a quase 70 quilômetros de distância.
Loureiro era professor no MIT desde 2016 e dava aulas de Ciências e Engenharia Nuclear. Na noite de segunda-feira, ele foi encontrado com ferimentos provocados por tiros em sua residência em Brookline, no estado de Massachusetts. Tinha 47 anos e foi declarado morto no hospital no dia seguinte.
Até o momento, não foi estabelecida nenhuma motivação para os fatos, que afetaram duas das universidades mais renomadas dos Estados Unidos.
O suspeito foi aluno da Universidade Brown no início dos anos 2000. Entre 1995 e 2000, fez os mesmos estudos de Física que Nuno Loureiro na Universidade de Lisboa, segundo o jornal The New York Times.
Ele chegou aos EUA em 2000 com um visto de estudante e obteve a residência permanente em 2017.
“Ficamos muito consternados ao saber que o principal suspeito, encontrado morto, é um cidadão português”, disse o ministro das Relações Exteriores de Portugal, Paulo Rangel.
A polícia portuguesa informou que está cooperando com os investigadores nos Estados Unidos.
Segundo a promotora de Massachusetts, Leah Foley, é provável que Neves-Valente e Nuno Loureiro se conhecessem, mas ela não indicou qual teria sido a relação entre eles.
Antes de identificar o suspeito como o autor do ataque na Universidade Brown e encontrá-lo morto, as autoridades prenderam um homem, que foi liberado posteriormente.
O caso foi retomado graças a uma pista sobre dados financeiros e imagens de videovigilância captadas nas duas cenas do crime.
O suspeito foi hábil em apagar seus rastros, disse Foley. Ele trocou a placa de seu carro e usou um telefone que os investigadores não conseguiam localizar.
Segundo o Arquivo de Violência com Armas, que define um ataque a tiros em massa como um evento em que quatro ou mais pessoas são feridas por disparos, mais de 300 ataques a tiros em massa foram registrados nos Estados Unidos desde o início do ano.
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