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Fome assola após inundações que deixaram mais de 900 mortos na Indonésia

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As devastadoras inundações e os deslizamentos de terra deixaram mais de 900 mortos na ilha de Sumatra, na Indonésia, anunciou a agência de gestão de catástrofes do país neste sábado (6), e teme-se que o número de vítimas aumente devido à escassez de alimentos.

A catastrófica confluência de dois ciclones tropicais e da estação de monções deixou cerca de 1.800 mortos em Indonésia, Sri Lanka, Malásia, Tailândia e Vietnã.

Destas vítimas, 908 morreram na turística ilha de Sumatra, no oeste da Indonésia, informou a agência neste sábado, e mais de 400 pessoas continuam desaparecidas. 

O número, no entanto, pode aumentar devido à fome que ameaça as aldeias e as “áreas que continuam inacessíveis nas regiões remotas de Aceh”, alertou Muzakir Manaf, governador desta província “completamente destruída, de norte a sul, desde as estradas até o mar”. 

“Muitas pessoas precisam de produtos de primeira necessidade”, declarou à imprensa, alertando que “as pessoas não morrem pelas inundações, mas pela fome”.

Segundo o serviço meteorológico indonésio, as chuvas podem voltar neste sábado a Aceh e Sumatra, onde a água e a lama soterraram muitas residências.

– “Traído” –

Fachrul Rozi, vítima das inundações em Aceh, contou que passou a última semana amontoado em uma velha tenda junto com outras pessoas que fugiram das águas. 

“Comíamos o que encontrávamos, ajudando-nos uns aos outros com as escassas provisões que cada um havia trazido. Dormíamos amontoados uns sobre os outros”, declarou à AFP.

Munawar Liza Zainal, outro morador de Aceh, disse se sentir “traído” pelo governo indonésio, que até agora não declarou o estado de catástrofe nacional, apesar das pressões. 

“É uma catástrofe extraordinária que deve ser tratada com medidas extraordinárias”, insistiu.

O Sri Lanka, por outro lado, solicitou ajuda internacional esta semana e confirmou um saldo de 611 mortos e 213 desaparecidos na ilha, localizada ao sul da Índia.

O presidente, Anura Kumara Dissanayake, qualificou a emergência como a catástrofe natural mais grave que o país já sofreu. 

Mais de dois milhões de pessoas – quase 10% da população – foram afetadas pelas inundações e deslizamentos de terra.

Os sobreviventes receberão até dez milhões de rúpias (US$ 33.000 ou R$ 173.100, na cotação atual) para adquirir um terreno em um local mais seguro e construir uma nova casa, assegurou o Ministério das Finanças em um comunicado na noite de sexta-feira.

O governo também oferece indenizar com um milhão de rúpias (R$ 17.310) os familiares de pessoas falecidas ou que a tragédia tenha causado uma deficiência permanente.

O banco central ordenou, por sua vez, que as instituições bancárias, tanto públicas quanto privadas, reestruturassem os empréstimos concedidos a pessoas em situação de vulnerabilidade e que não impusessem sanções aos inadimplentes.

O Centro de Gestão de Desastres indicou que mais de 71.000 residências sofreram danos. 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) examina o pedido do Sri Lanka, que atravessa uma grave crise econômica, para obter US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) adicionais aos 347 milhões de dólares (R$ 1,9 bilhão) que receberá este mês.

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