ONU pode se tornar supérflua?
Nascida em meados do século passado, a ONU é capaz de enfrentar e responder às grandes mudanças que ocorrem nos países e sociedades de todo o mundo? Algumas respostas à questão em torno dos cinco principais desafios que a Genebra Internacional enfrenta.
Genebra, sede europeia da Organização das Nações Unidas (ONU), é um dos dois centros mais importantes da diplomacia multilateral. Na cidade de Calvino, às margens do lago Léman, os desafios que envolvem todo o planeta são esclarecidos e negociados antes que os países discutam na sede em Nova York as opções para enfrentá-los. Uma divisão de papéis que foi seriamente abalada em 2020 pela crise do Covid-19.
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Os fantasmas do Palácio das Nações
Genebra e a ONU quiseram aproveitar este duplo aniversário para ressaltar a importância desta forma de organizar as relações entre os países. Um apelo cheio de preocupação, uma vez um dos mais importantes financiadores da ONU – os Estados Unidos – haviam se tornado um de seus maiores adversários durante a presidência de Donald Trump. Em particular, Washington deixou o Conselho de Direitos Humanos e depois a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao mesmo tempo, a administraç Trump sufocou a organização mais importante de Genebra – a Organização Mundial do Comércio (OMC) – ao bloquear a renovação de seus órgãos executivos.
A composição do governo de Joe Biden confirma a vontade do novo presidente de se reconectar com a estrutura internacional existente e seus aliados tradicionais. Mas um retorno ao mundo anterior (Trump e Covid-19) parece excluído.
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Postura de Trump lança uma sombra sobre os laços EUA-Genebra
O desafio da paz
Essa é a razão de ser da Liga das Nações e das ONU, duas organizações nascidas logo após duas guerras mundiais, que assolaram a Europa e a Ásia. Sempre as potências vencedoras desses conflitos de consequências internacionais tentaram estabelecer um quadro legal baseado no direito dos povos à autodeterminação. O objetivo era assegurar que a paz não se baseasse apenas em um equilíbrio de poderes entre as grandes potências, mas sim nos interesses de todos os Estados-Membros e suas populações.
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A Suíça, a Liga das Nações e a Hipoteca Bolchevique
Um objetivo longe de ser alcançado, afirma o Secretário-Geral das Nações Unidas. “Hoje, um vento de loucura varre o globo. Da Líbia ao Iêmen, à Síria e mais além – a escalada está de volta. As armas circulam e as ofensivas se multiplicam (…) Entretanto, as resoluções do Conselho de Segurança são ignoradas antes da tinta da canetaa secar”, alertou Antônio Guterres em 4 de fevereiro de 2020. Isto foi tragicamente ilustrado no outono passado pela Guerra do Alto Carabaque.
Então, quando se trata de segurança coletiva, será que a ONU se tornará obsoleta como a Liga das Nações no final da década de 1930?
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A longa luta da humanidade entre a guerra e a paz
Se o órgão executivo da ONU – o Conselho de Segurança – está paralisado, outros organismos internacionais ajudam a levar a paz às sociedades, com a ONU apoiada em três pilares: paz e segurança, desenvolvimento e direitos humanos. Essas são áreas interdependentes, como Kofi Annan salientou em 2005, quando chefiava as Nações Unidas: “Não pode haver segurança sem desenvolvimento e não pode haver desenvolvimento sem segurança”. E ambos dependem do respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de direito”.
Mas durante pelo menos há uma década, as liberdades civis estão sendo atacadas até mesmo em democracias liberais, seja nos Estados Unidos ou mesmo na Europa.
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Democracias ocidentais estão em crise
Desafio democrático
Ao mesmo tempo, regimes autoritários como a China se aproveitam das fraquezas ocidentais para destacar um modelo de sucesso econômico que exclui o pleno respeito aos direitos civis e políticos. No coração dos regimes democráticos contemporâneos, os direitos humanos são desafiados dentro dos próprios organismos internacionais que supostamente os defendem. Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos é o teatro dessa batalha com consequências globais.
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ONU em Genebra não sabe o que fazer com os robôs assassinos
Se confirmado, o declínio das democracias poderia influenciar a forma como o mundo responde aos dois maiores desafios do século 21: a crise do clima e ambiental e a transição digital da economia e da sociedade.
O desafio ambiental
Sobre as mudanças climáticas, Antônio Guterres reitera que só pode haver soluções coletivas que envolva todos os países membros da ONU. Essa ameaça existencial para toda a humanidade pode levar a comunidade internacional a juntar seus esforços como fez após as duas guerras mundiais do século 20?
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COP25: uma conferência decisiva para o futuro do planeta
Ao mesmo tempo, o mundo se empenha na revolução industrial muito mais profunda e ampla do que as anteriores que tiveram lugar nos séculos 19 e 20. A transição digital transforma radicalmente o mundo econômico e financeiro, assim como o funcionamento das sociedades e os direitos democráticos que supostamente as governam. Os direitos individuais e coletivos contidos na Carta das Nações Unidas estão sob ameaça.
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Organização Internacional do Trabalho (OIT) comemora 100 anos de existência
O desafio sanitário
É o acontecimento imprevisto, dos assuntos mundiais. A pandemia global do coronavírus SRA-CoV-2 está a abalar a organização global do planeta como em nenhuma outra ocasião. Com a Organização Mundial da Saúde (OMS) na linha da frente, a ONU pode demonstrar a importância do seu papel como plataforma de cooperação e coordenação das políticas nacionais.
Não foi uma surpresa a pandemia ter pego os países de surpresa. Na sequência de epidemias como a SIDA, na década de 1980, ou o SARS, em 2002, os países-membros da OMS fizeram uma revisão dos regulamentos sanitários internacionais em 2005 para conter o aparecimento de outros vírus de origem animal.
É provável o novo coronavírus tenha surgido por deficiências na aplicação das recomendações adotadas na altura. Resta saber se o choque do Covid-19 e as suas consequências multifacetadas irão legitimar a ONU ou tirar sua importância como ocorreu com a Liga das Nações um século atrás.
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Como o Covid-19 desafia os sistemas de saúde nacionais
O desafio digital
As Nações Unidas tentam recuperar o controle dessa questão, especialmente em Genebra, estabelecendo normas legais capazes de orientar esta transição para que beneficie a todos, respeitando seus direitos fundamentais.
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As gigantes da internet querem roubar nosso know-how?
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