
Gestão do canal do Panamá prevê iniciar construção de gasoduto em 2027

A administração do Canal do Panamá planeja iniciar a construção de um gasoduto em 2027, um projeto sobre o qual as empresas interessadas em participar tiveram as primeiras conversas formais esta semana, informou o gestor da via interoceânica nesta terça-feira (16).
O gasoduto, de 77 quilômetros, permitiria transportar etano, propano e butano provenientes da costa leste dos Estados Unidos com destino a China, Japão e Coreia do Sul, um negócio que a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) estima que deve dobrar na próxima década.
O combustível chegaria em navios ao Caribe panamenho e, após cruzar o istmo através do gasoduto, seria reembarcado no Pacífico rumo à Ásia.
A construção começará “possivelmente em 2027, se os prazos forem cumpridos razoavelmente”, afirmou o administrador da ACP, Ricaurte Vásquez, em uma conferência.
Vásquez disse que, na próxima quinta-feira, começarão as conversas com empresas de navegação, energia e outras interessadas em participar deste projeto, anunciado pela ACP há alguns meses.
O gasoduto poderia custar entre 2 e 8 bilhões de dólares (entre 10 e 42 bilhões de reais, na cotação atual), segundo estimativas preliminares, caso os três gases sejam finalmente transportados.
Cerca de 5% do comércio marítimo mundial transita pelo Canal do Panamá, cujos principais usuários são os Estados Unidos e a China.
Mais de 90% do etano, propano e butano enviados dos Estados Unidos para a Ásia utilizavam o Canal do Panamá até 2023.
Contudo, esse percentual vem caindo por vários motivos e, para recuperá-lo, segundo a ACP, é necessário construir o gasoduto, que permitirá transportar 2 milhões de barris diários de combustível.
Com o projeto, a ACP espera que quase 53 milhões de toneladas de combustível, principalmente propano, passem por esta via em 2040.
Vásquez acredita que o transporte deste material energético aumentará nos próximos anos devido à industrialização da Índia e à capacidade exportadora dos Estados Unidos.
“Essa quantidade [de combustível] dobrará nos próximos 10 anos”, apontou o chefe da ACP, e se o Panamá não construir o gasoduto, pode surgir “uma rota diferente” para o seu transporte.
Inaugurado pelos Estados Unidos em 1914, o Canal do Panamá conecta mais de 1.900 portos em 170 países. Sua principal rota liga os portos de China, Japão e Coreia do Sul aos terminais da costa leste dos Estados Unidos.
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