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Juiz dos EUA nega pedido do governo para publicar transcrições de cúmplice de Epstein

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Um juiz federal dos Estados Unidos rejeitou, nesta segunda-feira (11), o pedido do Departamento de Justiça para revelar as transcrições do grande júri no caso contra Ghislaine Maxwell, presa por recrutar menores para o criminoso sexual Jeffrey Epstein.

O governo do presidente Donald Trump buscava publicar as transcrições para acalmar a crescente ira entre seus próprios partidários pelo que consideram um acobertamento de crimes e ligações de alto nível de Epstein. 

Mas o juiz Paul Engelmayer, do Tribunal do Distrito Sul de Nova York, refutou os argumentos do governo de que as transcrições deveriam ser publicadas em razão do “grande interesse público” sobre o caso.

“Toda a sua premissa — de que os materiais do grande júri sobre Maxwell trariam à tona novas informações significativas sobre os crimes de Epstein e Maxwell, ou sobre a investigação do governo — é manifestamente falsa”, escreveu.

“Na medida em que a moção de desclassificação implica em que os materiais do grande júri constituem uma fonte de informações não divulgadas sobre Epstein, Maxwell ou seus cúmplices, definitivamente não o são”, declarou o magistrado.

O juiz também questionou a motivação do governo Trump para solicitar a divulgação pública das transcrições, e sugeriu que era “hipócrita”.

“Um membro do público, ao entender que os materiais do grande júri sobre Maxwell não acrescentam nada ao conhecimento público, poderia concluir que o pedido do governo para sua divulgação não buscava ‘transparência’, mas desviar a informação; não buscava uma divulgação completa, mas a ilusão de tal”, afirmou.

Maxwell, de 63 anos, cumpre pena de 20 anos, após ser condenada em 2021 por recrutar menores de idade para Epstein, que morreu em uma prisão de Nova York em 2019 enquanto aguardava seu julgamento por tráfico sexual.

O Departamento de Justiça também solicitou a publicação das transcrições do grande júri no caso de Epstein. Esta solicitação é tratada por outro juiz.

O caso Epstein preocupa há tempos os partidários de Trump, que no mês passado se indignaram quando o FBI e o Departamento de Justiça declararam que o rico financista havia se suicidado, não havia chantageado nenhuma figura proeminente e não mantinha uma “lista de clientes”.

Diante da crescente pressão, o Departamento de Justiça pediu a publicação das transcrições.

O vice-procurador-geral dos Estados Unidos, Todd Blanche, que foi advogado pessoal de Trump, reuniu-se recentemente com Maxwell, mas não revelou o que conversaram. Ela foi depois transferida para uma prisão de menor segurança.

Trump, de 79 anos, foi amigo próximo de Epstein, e o jornal The Wall Street Journal informou no mês passado que o nome do presidente figurava entre os centenas de nomes encontrados durante uma revisão do Departamento de Justiça dos chamados “arquivos Epstein”, embora não haja provas de irregularidades.

cl/des/ad/mr/lm/mvv/ic/am

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