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Memórias de Virginia Giuffre aumentam pressão sobre o príncipe Andrew

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As memórias póstumas da americana Virginia Giuffre, principal acusadora do príncipe Andrew no caso Jeffrey Epstein, publicadas nesta terça-feira (21), aumentam a pressão sobre o irmão do rei britânico Charles III. 

O lançamento do livro “Nobody’s Girl” de Giuffre, que cometeu suicídio na Austrália em abril, aos 41 anos, ocorre após Andrew renunciar aos seus títulos reais na última sexta-feira (17). 

A renúncia de Andrew, de 65 anos, que está excluído de eventos públicos com a família real desde 2019 devido ao escândalo, ocorreu após trechos do livro serem divulgados pela imprensa na semana passada. 

Giuffre emergiu como a principal voz das vítimas do financista americano Epstein, que tirou a própria vida na prisão em 2019, antes de ser julgado. 

No livro, a mulher relata que foi usada como escrava sexual por Epstein e revela que teve relações sexuais com o príncipe Andrew três vezes. Uma delas ocorreu quando Giuffre tinha apenas 17 anos. Outra, ela afirma, foi uma orgia que incluiu Epstein, o príncipe e “outras oito jovens”. 

Uma fonte do Palácio de Buckingham afirmou nesta terça-feira à AFP que as alegações do livro eram motivo de “grande e séria preocupação” e que devem “ser examinadas de maneira adequada”.

O livro rapidamente alcançou o primeiro lugar de vendas no site britânico da Amazon.

– Colaborar com a justiça –

Para Amy Wallace, que redigiu as memórias de Virginia Giuffre, Andrew deve comparecer à justiça nos Estados Unidos. 

O príncipe, que sempre negou as acusações, evitou um julgamento em Nova York pagando milhões de dólares a Giuffre, que apresentou ações judiciais contra ele em 2021. 

Amy Wallace disse à BBC na noite de segunda-feira que Andrew “indicou que estava disposto a ajudar os investigadores americanos”. 

“É algo que ele ainda pode fazer e dizer, como já fez em várias ocasiões, que continua negando qualquer envolvimento”, acrescentou Wallace. 

Em suas memórias, Giuffre afirma ter sido apresentada ao príncipe em 2001, quando estava em Londres, na casa de Ghislaine Maxwell, cúmplice de Epstein. 

Maxwell foi condenada nos Estados Unidos em 2022 a 20 anos de prisão por recrutar meninas menores de idade para Epstein. 

No livro, Giuffre conta que Maxwell a elogiou na manhã seguinte: “Você se saiu bem. O príncipe se divertiu”, teriam sido suas palavras.

Giuffre acrescenta que Epstein lhe deu 15.000 dólares (35.250 reais em valores de 2001) pelos “serviços prestados” ao príncipe.

A mulher relata outro incidente em uma propriedade de Epstein com “um ex-ministro”, sem especificar sua nacionalidade.

“Ele queria violência. Ele me sufocou até eu perder a consciência”, escreve.

Embora o nome de Donald Trump apareça poucas vezes no livro, sua publicação pode reacender especulações sobre as relações que mantinha com o financista. 

Giuffre conta que seu pai a apresentou a Trump e que o agora presidente dos Estados Unidos lhe perguntou: “Você já cuidou de crianças?”. 

“Logo eu estava ganhando dinheiro algumas noites por semana, cuidando das crianças da elite”, relata Giuffre.

– Desacreditar Giuffre –

Em seu livro, Giuffre afirma que o príncipe fez todo o possível para desacreditá-la e prejudicar sua imagem. 

A polícia de Londres anunciou que está investigando os relatos da imprensa de que Andrew havia contratado um policial para buscar informações para desacreditar Giuffre. 

A pressão sobre Andrew não se limita ao caso Epstein, já que o jornal The Times revelou nesta terça-feira que o príncipe, que mora em uma mansão de 30 cômodos na residência real de Windsor, não paga aluguel desde 2003. 

O The Times questiona a renda do príncipe, já que Charles III o privou de uma mesada anual de mais de 1,3 milhão de dólares (cerca de R$ 7 milhões, na cotação atual) enquanto sua equipe de segurança — pela qual o rei não paga mais — representa um custo de de quase 4 milhões de dólares (R$ 21,5 milhões) por ano. 

A imprensa britânica noticiou nos últimos meses que Charles III tentou, em vão, convencer seu irmão a trocar a propriedade por uma mais modesta em Windsor.

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