The Swiss voice in the world since 1935

Opositora venezuelana María Corina Machado estará em Oslo para receber Nobel

afp_tickers

A opositora venezuelana María Corina Machado, que vive na clandestinidade em seu país, confirmou que estará em Oslo na semana que vem para receber seu Prêmio Nobel da Paz, anunciou neste sábado (6) o diretor do Instituto Nobel à AFP.

“Estive em contato com a senhora Machado esta noite e ela me confirmou que estará em Oslo para a cerimônia”, afirmou Kristian Berg Harpviken.

“Dada a situação de segurança, não podemos dar mais detalhes sobre a data e a forma como virá”, acrescentou em mensagem enviada à AFP.

A possibilidade de que a opositora de 58 anos participasse da cerimônia de entrega do Nobel em 10 de dezembro era objeto de grandes dúvidas.

Em novembro, o procurador-geral da Venezuela declarou à AFP que Machado seria considerada “foragida” caso deixasse o país para receber seu prêmio.

“Nada é 100% seguro no mundo, mas isto é tão seguro quanto pode ser”, precisou Harpviken à rádio NRK.

María Corina Machado recebeu o Nobel em 10 de outubro “por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia” no país.

À opositora, com ideias alinhadas às do presidente americano, Donald Trump, foi impedida de concorrer às eleições presidenciais de 2024, nas quais o presidente em fim de mandato, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor apesar dos protestos da oposição.

Os Estados Unidos e grande parte da comunidade internacional não reconheceram o resultado.

A entrega do Nobel coincidirá com a mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico, onde já morreram ao menos 87 pessoas em ataques lançados por Washington.

– Prêmio dedicado a Trump e ao povo venezuelano –

Os Estados Unidos sustentam que o envio, iniciado em agosto, faz parte de operações contra o narcotráfico. Mas muitos especialistas questionaram a legalidade desses ataques, e o presidente Nicolás Maduro insiste que o objetivo é derrubá-lo e se apoderar das riquezas da Venezuela, rica em petróleo.

Após a concessão do Nobel, Machado dedicou seu prêmio ao presidente americano, ao considerar que sua ajuda é crucial para garantir uma transição democrática em seu país.

“Dedico este prêmio ao sofrido povo da Venezuela e ao presidente Trump por seu decidido apoio à nossa causa!”, escreveu em inglês na rede social X, após receber o galardão.

Edmundo González Urrutia substituiu Machado depois que ela foi inabilitada nas últimas presidenciais.

A ganhadora do Nobel sustenta que Maduro roubou a eleição de seu candidato. Ela publicou cópias das atas emitidas pelas máquinas de votação como prova de fraude. O chavismo rejeitou essas acusações.

A oposição venezuelana convocou para este sábado marchas em várias cidades do mundo, para “acompanhar o reconhecimento da valentia de cada venezuelano, porque o Nobel é de todos e a esperança também”, segundo uma convocatória nas redes sociais.

Várias centenas de pessoas se reuniram no centro de Madri, na Praça Espanha, para homenagear Machado e pedir uma mudança de governo na Venezuela.

Figuras da oposição como Leopoldo López e Antonio Ledezma participaram do ato, no qual foi reproduzida uma mensagem de Machado. “O mundo nos reconhece, reconhece cada um de vocês”, disse Machado em seu recado.

Em Paris, na central Praça da República, reuniram-se cerca de cem pessoas, empunhando bandeiras da Venezuela e levantando fotografias de Machado. Os manifestantes entoaram palavras de ordem como “O Nobel é nosso”, “Viva a Venezuela livre” e “Viva María Corina”.

A militância da oposição se desmobilizou na Venezuela em parte por um medo crônico, gerado pela prisão de 2.400 pessoas nos protestos que se seguiram à reeleição de Maduro.

Além do envio, por parte dos Estados Unidos, de uma frota de navios e aviões de combate ao Caribe e dos ataques a embarcações supostamente carregadas com drogas, a Venezuela ficou praticamente isolada desde quinta-feira.

As últimas companhias aéreas internacionais que operavam no país suspenderam na quinta-feira seus voos por motivos de segurança, depois que a autoridade aeronáutica americana emitiu um alerta devido ao aumento da atividade militar na região.

O Nobel, que será entregue em Oslo, capital da Noruega, consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma soma de 1,2 milhão de dólares (R$ 6,4 milhões).

phy-tjc-al/sag/meb/am

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR