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Otan quer reforçar resposta à presença de drones russos

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A Otan vai testar novos sistemas de detecção e neutralização de drones, após múltiplas incursões russas no espaço aéreo europeu, anunciou nesta quarta-feira (15) o secretário-geral da Aliança, Mark Rutte.

Tanto a Otan como a União Europeia buscam enfrentar as deficiências na defesa do continente, após várias violações do espaço aéreo por parte da Rússia em setembro.

A organização “implementará uma série de medidas adicionais contra drones que reforçarão, ampliarão e acelerarão nossa capacidade de enfrentá-los”, declarou Rutte após uma reunião dos ministros da Defesa da organização em Bruxelas. 

A Aliança quer testar “sistemas integrados” capazes de “detectar, rastrear e neutralizar melhor as ameaças aéreas”, acrescentou. 

Os ministros também discutiram sobre o apoio militar à Ucrânia. Assim que chegou à sede da Otan, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, incentivou os países europeus e o Canadá a colaborarem mais, no âmbito do programa denominado Purl. 

Esta iniciativa, lançada por Washington, permite a Kiev comprar armas americanas com dinheiro europeu.

– Programa Purl –

“Você alcança a paz quando é forte, não quando usa palavras fortes ou aponta o dedo (…). Consegue quando é forte e tem capacidades reais que seus adversários respeitam”, declarou Hegseth.

No âmbito do programa Purl, Kiev já recebeu duas parcelas de ajuda no valor de cerca de 2 bilhões de dólares (10,9 bilhões de reais, na cotação atual), financiadas pelos Países Baixos e por vários países escandinavos.

Alemanha e Canadá se comprometeram a financiar outras duas, no valor de 500 milhões de dólares (R$ 2,7 bilhões) cada, e Kiev espera que mais duas parcelas sejam finalizadas em breve. 

Rutte afirmou que mais da metade dos 32 Estados-membros da Otan já responderam ao pedido, sem, no entanto, especificar os valores. 

O ministro da Defesa ucraniano, Denis Shmigal, também pediu aos aliados europeus que participassem desta iniciativa e, de forma geral, que reforçassem seu apoio militar.

O presidente americano, Donald Trump, se reunirá na sexta-feira com seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, e considera a possibilidade de autorizar o envio de mísseis Tomahawk para Kiev.

O Kremlin advertiu os EUA contra a medida, mas Trump se aproximou da Ucrânia nas últimas semanas, impaciente com os poucos avanços obtidos com o mandatário russo, Vladimir Putin, para negociar um cessar-fogo.

Com os mísseis Tomahawk, Kiev poderia atacar mais profundamente no território russo e aumentar a pressão sobre o Kremlin para conter o conflito.

– Drones –

A Ucrânia precisará de cerca de 120 bilhões de dólares (R$ 660 bilhões) no próximo ano para seu esforço bélico, dos quais metade poderá financiar por conta própria. 

Mas Kiev também precisa “urgentemente” de 4 bilhões de dólares (R$ 22 bilhões) em 2026. “Poderemos fabricar até 10 milhões de drones se nossos parceiros se comprometerem a fornecer os fundos necessários”, afirmou Shmigal.

Somente em setembro, a Ucrânia foi atacada por cerca de 5.600 drones e 180 mísseis, destacou. 

Os países da Otan pretendem aproveitar a experiência ucraniana na guerra contra drones.

A presença de quase 20 drones russos em setembro no espaço aéreo da Polônia obrigou a Aliança a derrubar três deles, o que não acontecia desde a fundação da organização militar em 1949.

Alguns dias depois, caças da Otan escoltaram três MiG russos para retirá-los do espaço aéreo da Estônia, ao término de uma incursão que durou 12 minutos. 

A Aliança Atlântica também planeja aperfeiçoar suas normas de intervenção, concedendo maior flexibilidade ao seu comando militar. A ideia é simplificar as normas que se baseiam em sistemas diferentes e que, por vezes, limitam a capacidade de atuação de seu comando militar.

A União Europeia, cujos ministros da Defesa se reunirão na tarde desta quarta-feira, após o encontro da Otan, propôs a criação de um “muro antidrones” para enfrentar os incidentes e espera que esteja em funcionamento até 2027.

A Otan apoia esta medida, garantiu Rutte, mas o plano do bloco europeu deverá ser coordenado em conjunto com a Aliança, de forma que esta tenha a autoridade de indicar o que é conveniente em cada caso.

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