Descendentes de suíços se reinventam para honrar seus antepassados na Argentina
Em 2 de julho, as autoridades de San José celebraram o 163º aniversário da primeira colônia de suíços do cantão do Valais na província argentina de Entre Ríos.
Gentileza Municipalidad de San José
Com ajuda das redes sociais e mantendo o distanciamento social, a cidade argentina de San JoséLink externo celebrou no dia 2 de julho o legado dos pioneiros suíços que fundaram a primeira colônia valesana na província de Entre Ríos, há 163 anos.
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Norma Domínguez, Buenos Aires
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Valesanos en Argentina se reinventan para honrar a sus antepasados
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A celebração não foi como os festivais tradicionais coloridos e cheios de gente devido ao contexto e às restrições impostas pela pandemia. Mas a emoção e o abraço à distância foram a melhor homenagem aos valesanos pioneiros fundadores – valesanos são pessoas originárias do cantão do Valais, região do sudoeste da Suíça.
Descendente do pioneiro Jean Joseph BastianLink externo (nascido em Liddes, cantão do Valais), o jovem político aceitou o desafio porque sabia que tinha uma equipe poderosa para conseguir realizar o evento: as associações suíças, os municípios vizinhos, a embaixada suíça, os museus, o departamento de Colón, a província de Entre Ríos e os primos valesanos que da pátria mãe Suíça diriam “presente”.
Assim, a comemoração da primeira colônia valesana na província argentina de Entre Ríos foi realizada com o apoio de autoridades e habitantes cujos sobrenomes formam seu DNA: Bastian, Follonier, Zenclusen, Buet, Quinodoz e Martin, entre muitos outros.
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Silvia Fachini, diretora do “Centro de Estudios Valais Argentina de Colón Entre Ríos” (CEVACERLink externo), foi a primeira organizadora a dizer para swissinfo.ch que este ano celebrariam o aniversário da cidade e o nono aniversário da formação do Museu Provincial Moinho ForclazLink externo de uma forma adaptada à situação imposta pela COVID-19.
“Teremos uma conversa via Zoom aqui do Moinho com os amigos do Valais na Suíça, a Embaixada, autoridades provinciais e associações suíças da Argentina e do Uruguai”, disse Fachini, emocionada ao destacar o trabalho que todos têm feito para se adaptar às conexões virtuais.
“Tive a oportunidade de fazer um intercâmbio em 2010 na Secretaria de Turismo de Sion (capital do cantão do Valais) no âmbito da conexão entre Sion e Colón, a cidade de Entre Ríos onde vivo”.
“Vivemos tempos difíceis desde a pandemia e isto nos levou a fazer nossos contatos virtualmente para continuar com a nossa paixão que é mostrar a cultura que nossos avós imigrantes nos deixaram”.
Do Moinho Forclaz para todos os valesanos do mundo!
As festividades tradicionais com desfiles, danças típicas e música dos Alpes ecoando nas ruas de San Sebastián viraram neste ano um encontro virtual de cem pessoas em uma sala de Zoom aberta pela Secretaria da Cultura da Província.
Na primeira fila da reunião estavam o anfitrião Juan Carlos Buet, diretor do Museu do Moinho Forclaz; o embaixador suíço na ArgentinaLink externo Heinrich Schellenberg; autoridades do governo local; o presidente da FASRALink externo, Guillermo Páez, e diretores de instituições suíças.
Para a comunidade local foi muito emocionante que o presidente do Comitê Valais do CEVACER, Bruno Clivaz, acompanhado por Patrice Fournier, Jean Michel Zermatten, Marie Pascale Bagnoud e Anne Lise Aymon estivessem, da Suíça, participando do encontro.
Durante a reunião, o escritor e professor Walter Maidana apresentou seu livro El sueño de Juan, que traça a história da Família Forclaz.
Comovido, Buet ficou grato por poder realizar esta homenagem em comunhão, mesmo que através de redes sociais, com suíços e argentinos. Descendente de suíço-francês, ele contou como seus ancestrais chegaram à Colônia San José em 1859, na terceira expedição, quase junto com a família Forclaz.
Ele é responsável pelo Museu há 6 anos e disse que o monumento histórico vem crescendo muito: no ano passado recebeu quase 23.000 visitas.
Do Valais, com amor
“Gostei muito da reunião”, disse Patrice Fournier de Saint-Severin, na cidade de Conthey. Após a homenagem o suíço acrescentou:
“Este aniversário virtual do 163º aniversário da Colônia de San José é um pouco surreal por causa da situação atual da saúde, mas teve que ser feito e nós pudemos sentir pela conversa WhatsApp que todos estávamos conectados, suíços e argentinos.
“É muito importante que essas comemorações aconteçam, que haja danças, festas, aulas de francês ou alemão, aulas de história sobre o Valais e que o dia nacional suíço seja comemorado todo 1º de agosto”, disse Patrice que é professor da escola primária e tem um coração muito latino depois de ter vivido uma década na Colômbia.
“Estou em contato quase diariamente com nossos amigos na Argentina através das redes e dá para sentir o amor que existe entre nós, primos do Velho e do Novo Continente”.
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