Um em cada cinco pacientes ainda relata sintomas de Covid longa

Um paciente com Covid há muito tempo recebe tratamento em Lugano, em maio de 2021. Keystone / Alessandro Crinari

Cerca de uma em cada cinco pessoas que sofrem de Covid longa na Suíça ainda apresenta sintomas após dois anos, segundo um estudo. Mas a maioria dos sintomas é leve.

Pesquisadores da Universidade de Zurique e da Universidade da Califórnia entrevistaram mais de 1.100 adultos residentes no cantão de Zurique que haviam contraído a Covid e não haviam sido vacinados. Seu estudo foi publicado no British Medical Journal (BMJ)Link externo em 31 de maio.

Suas descobertas mostraram que quase um quarto (23%) das pessoas que sofreram de Covid não se recuperaram totalmente após seis meses. Essa proporção diminuiu para 18,5% após 12 meses, mas 17% ainda não haviam se recuperado após dois anos.

“É a primeira vez que conseguimos quantificar a extensão de uma síndrome pós-viral”, disse Milo Puhan, diretor do Instituto de Epidemiologia, Bioestatística e Prevenção da Universidade de Zurique, àLink externo rádio pública suíça SRF.

Entre 4% e 6% das pessoas que participaram da pesquisa estão prejudicadas de forma grave ou moderada na vida cotidiana, disse Puhan.

Entre elas estão pessoas com grandes dificuldades de concentração, falta de ar ou exaustão permanente.

“Mas o que se deve dizer é que 70% têm sintomas relativamente leves, que tendem a melhorar e não causam grandes problemas na vida cotidiana”, disse Puhan.

O número total de pessoas que vivem com a Covid longa na Suíça não é claro. O Escritório Federal de Seguro Social da Suíça informa que mais de 4.000 pessoas com Covid longa se registraram no escritório desde 2021. Mas acredita-se que o número real seja maior.

“É muito difícil estimar quantas pessoas são afetadas hoje”, admite Puhan.

Pessoas que sofrem de Covid longa e especialistas criaram grupos de interesse e estão pedindo um registro nacional e recomendações claras de saúde e estudos terapêuticos.

Covid não é mais uma emergência

Em 5 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a Covid não é mais uma “emergência de saúde pública de interesse internacional, ou PHEIC” – o status mais alto possível de acordo com os regulamentos internacionais de saúde, que foi aplicado pela primeira vez à Covid em 30 de janeiro de 2020. Essa mudança segue a orientação de especialistas da OMS.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a pandemia estava “em uma tendência de queda há mais de um ano, com o aumento da imunidade da população devido à vacinação e à infecção”.

Muitos países já abandonaram há muito tempo muitas de suas restrições contra a pandemia. A Suíça anunciou a suspensão de todas as restrições à Covid-19 em 1º de abril de 2022.

Apesar do progresso no combate à Covid-19, as autoridades de saúde alertam que o vírus não desaparecerá.

“A fase de emergência acabou, mas a Covid não… embora não estejamos em modo de crise, não podemos baixar a guarda”, disse Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS para a Covid, em 5 de maio.

A Covid-19 agora será gerenciada juntamente com outras doenças infecciosas, mas o risco de surgirem novas variantes que causem novos surtos de casos e mortes permanece, alerta Tedros.

Na Suíça, o número de novos casos confirmados em laboratório caiu consideravelmente desde o início do ano, quando as autoridades federais pararam de cobrir os custos dos testes. Enquanto isso, a Covid continua a circular na Suíça, embora em um nível baixo.