Terremoto na região norte do Afeganistão deixa 20 mortos
Pelo menos 20 pessoas morreram e mais de 530 ficaram feridas em um terremoto de 6,3 graus de magnitude que atingiu o norte do Afeganistão nesta segunda-feira (3), dois meses após um tremor letal na região leste do país.
O terremoto aconteceu por volta de 1h00 local (17h30 de Brasília, domingo) com epicentro em Kholm, na província de Samangan, e teve uma profundidade de 28 quilômetros, segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS).
“Todas as casas foram destruídas e houve feridos”, declarou à AFP Ahmad Khan, morador da aldeia de Tashqurghan, no distrito de Kholm, enquanto as pessoas buscavam entre os escombros.
“Pedimos ao governo que nos ajude com a reconstrução”, acrescentou.
Nas províncias de Samagan e Balkh, “534 pessoas ficaram feridas e mais de 20 mártires foram levados para hospitais”, indicou Sharafat Zaman, porta-voz do Ministério da Saúde.
Segundo a Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Afeganistão (Andma), a maioria das vítimas estava em Samangan e entre os feridos há 25 em estado grave.
Em Mazar-i-Sharif, grande cidade do norte do país na região de Balkh, a mesquita azul, uma joia arquitetônica do século XV, sofreu danos.
Partes da estrutura do templo famoso, um dos poucos locais turísticos do Afeganistão, desabaram, especialmente um dos minaretes, observou um jornalista da AFP.
O Ministério da Informação e Cultura afirmou que tomaria “imediatamente as medidas necessárias para avaliar os danos e repará-los”.
“Muitas casas foram destruídas e registramos perdas econômicas significativas”, anunciou na rede social X o porta-voz adjunto do governo talibã, Hamdullah Fitra. Ele acrescentou que as autoridades competentes receberam ordens para distribuir ajuda.
– Corte de eletricidade –
O Ministério da Defesa informou que desobstruiu e reabriu a estrada principal entre Mazar-i-Sharif e Kholm, que havia sido bloqueada por deslizamentos de terra.
Contudo, ainda é necessário restabelecer o fornecimento de energia elétrica em várias províncias após os danos sofridos pelas linhas elétricas procedentes do Uzbequistão, informou a empresa pública Dabs.
Os tremores secundários foram sentidos inclusive na capital, Cabul, segundo os repórteres da AFP na cidade.
No final de agosto, um terremoto de 6 graus de magnitude atingiu as províncias de Kunar, Laghman e Nangarhar, no leste do país, uma tragédia que provocou mais de 2.200 mortes e deixou mais de 4.000 feridos, segundo as autoridades talibãs. Foi o tremor mais letal da história recente do Afeganistão.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) destaca que 221.000 pessoas continuam com uma “necessidade urgente” de ajuda no leste e, segundo o Banco Mundial, o terremoto de agosto causou danos em edifícios e infraestruturas avaliados em 183 milhões de dólares (990 milhões de reais).
– “Medo e incerteza” –
“À medida que as temperaturas caem, milhares de crianças no leste do país, devastado pelo terremoto, enfrentam o inverno com barracas como única proteção contra a chuva e a neve”, alertou nesta segunda-feira Samira Sayed Rahman, da ONG Save the Children, que afirmou ter enviado uma equipe para Samangan.
“E agora, famílias no norte também vivem com medo e incerteza após o último terremoto de grande intensidade”, acrescentou.
O país é abalado com frequência por terremotos, em particular na cordilheira de Hindu Kush, que fica próxima da união das placas tectônicas eurasiática e indiana.
Desde 1900, o nordeste do Afeganistão registrou 12 terremotos com magnitudes superiores a 7, segundo Brian Baptie, sismólogo do British Geological Survey.
O Afeganistão enfrentou vários terremotos desde que os talibãs retomaram o poder em 2021, incluindo o registrado na região de Herat, na fronteira com o Irã, em 2023, que deixou mais de 1.500 mortos e destruiu mais de 63.000 residências.
A ONU e organismos de emergência alertaram que a fome está aumentando no Afeganistão, cuja população enfrenta uma crise humanitária agravada pela seca e pelo colapso econômico.
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