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Trump alcança acordos comerciais com Japão e Filipinas

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O presidente Donald Trump anunciou na terça-feira (22) que alcançou acordos comerciais com Japão e Filipinas, que incluem tarifas de 15% sobre os produtos japoneses que entram nos Estados Unidos e de 19% sobre os filipinos.

Trump ameaçou dezenas de parceiros comerciais dos Estados Unidos com novas tarifas aduaneiras a partir de 1º de agosto se as negociações fracassarem. Até o momento, o presidente republicano anunciou acordos apenas com Japão, Filipinas, Reino Unido, Vietnã e Indonésia.

“Acabamos de fechar um acordo maciço com o Japão” no qual o país “pagará tarifas recíprocas aos Estados Unidos de 15%”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

As importações de produtos japoneses já estavam submetidas a tarifas de 10%. O país asiático, principal investidor estrangeiro nos Estados Unidos, estava exposto a sobretaxas de 25%. 

Para os automóveis, indústria que gera 8% dos empregos japoneses, já estavam em vigor tarifas de 25%, que agora serão reduzidas.

Trump não revelou detalhes, mas destacou que o acordo prevê investimentos no valor de “550 bilhões de dólares [R$ 3 trilhões] nos Estados Unidos, que receberão 90% dos lucros”, e a criação de “centenas de milhares de empregos”.

“Talvez o mais importante seja que o Japão abrirá seu país ao comércio, o que inclui automóveis e caminhões, arroz e outros produtos agrícolas”, escreveu o republicano.

O pacto foi anunciado dois dias depois que a coalizão do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, sofreu uma derrota nas eleições do Senado.

Ishiba confirmou nesta quarta-feira (23) que as tarifas americanas sobre os carros japoneses foram reduzidas de 25% para 15%.

“Concordamos em reduzir para 15% a tarifa adicional de 25% imposta em abril sobre automóveis e autopeças”, afirmou Ishiba. Os 15% já incluem os 2,5% vigentes antes da ofensiva tarifária de Trump, explicou.

“Somos o primeiro país no mundo a reduzir as tarifas sobre carros e autopeças sem limite de volume”, declarou à imprensa.

Mas as tarifas de 50% sobre alumínio e aço não estão contempladas no acordo, segundo o enviado comercial de Tóquio, Ryosei Akazawa.

“Se estão perguntando se o acordo inclui aço e alumínio, não estão incluídos”, disse Akazawa à imprensa em Washington. 

Akazawa também destacou que “o acordo comercial não inclui nada relacionado a gastos com defesa”, depois que Trump pressionou Tóquio a aumentar os gastos militares.

Com o anúncio, as ações das montadoras japonesas dispararam na Bolsa nesta quarta-feira. Os títulos da Toyota subiram até 12% no mercado nipônico.

As exportações de automóveis japoneses para os Estados Unidos caíram 26,7% em junho, o que alimentou os temores de uma recessão técnica no Japão.

No ano passado, os automóveis japoneses representaram quase 28% dos 21,3 trilhões de ienes (142 bilhões de dólares, 790 bilhões de reais) das exportações do país para a maior economia do mundo.

Para a decepção de Trump, os carros americanos têm pouco mercado no país asiático, com apenas algumas centenas de vendas a cada ano, contra os milhões de veículos japoneses comprados nos Estados Unidos, como os modelos da Toyota.

Por outro lado, as importações de arroz são um tema sensível para o governo de Ishiba. O primeiro-ministro explicou que o acordo não sacrifica o setor agrícola japonês.

– Filipinas –

Horas antes, Trump anunciou um acordo comercial com as Filipinas para a aplicação de tarifas de 19% sobre os produtos provenientes do arquipélago do país asiático.

A taxa é superior aos 17% com os quais ele ameaçou o país asiático em abril, quando anunciou tarifas que congelou depois para negociar caso a caso.

“Concluímos nosso acordo comercial, pelo qual as Filipinas caminham rumo a um MERCADO ABERTO com os Estados Unidos”, disse Trump em sua plataforma Truth Social após receber na Casa Branca seu par filipino, Ferdinand Marcos.

Washington impõe tarifas às Filipinas, apesar das relações de defesa cada vez mais estreitas entre os Estados Unidos e o país asiático, um ex-território americano que antes foi colônia espanhola.

– Europa ‘amanhã’ –

Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, Trump impôs uma tarifa universal de 10% tanto a aliados quanto a rivais, com encargos mais altos sobre o aço, o alumínio e os automóveis.

Dezenas de países podem estar expostos a aumentos a partir de 1º de agosto, que em alguns casos são exponenciais.

Na América Latina, Trump pode impor 30% ao México e 50% ao Brasil, neste caso, sobretudo, em protesto contra o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por uma suposta tentativa de golpe em 2022.

Durante uma recepção com congressistas republicanos para comemorar seus seis meses no cargo, Donald Trump anunciou hoje que a União Europeia é a próxima na lista.

A vez da Europa “chegará amanhã, e depois de amanhã virão outros”, disse, em alusão aos países e regiões cujas negociações de acordos comerciais ainda não foram concluídas.

Nesta terça, o governo americano especificou os detalhes do acordo comercial anunciado com a Indonésia que, segundo a Casa Branca, é preliminar.

Ambos os países concordaram em aliviar as restrições à exportação de minerais do país do Sudeste Asiático aos Estados Unidos, anunciou a Casa Branca.

No caso da Indonésia, as tarifas serão de 19%, muito menos que os 32% brandidos por Trump.

Após uma escalada de tarifas com a China, as duas maiores economias do mundo estabeleceram uma redução das tarifas enquanto negociam um acordo. A próxima rodada de conversações deve acontecer em Estocolmo na próxima semana.

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