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Trump dá 50 dias para Rússia encerrar guerra na Ucrânia

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu à Rússia o prazo de 50 dias para encerrar a guerra na Ucrânia ou enfrentar novas sanções e anunciou o envio iminente de uma grande quantidade de armas a Kiev através da Otan.

O presidente russo, Vladimir Putin, recusa-se a encerrar a invasão iniciada em fevereiro de 2022. Sua ofensiva se intensificou nas últimas semanas, de modo paralelo ao impasse nas negociações lideradas pelos Estados Unidos para encerrar os combates na Ucrânia.

Moscou bate recordes a cada semana no número de drones lançados, fornecidos por uma indústria de defesa operando em plena capacidade.

“Estamos muito, muito descontentes” com a Rússia, disse Trump na segunda-feira à imprensa durante uma reunião com o chefe da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca. “Vamos aplicar tarifas muito severas se não chegarmos a um acordo em 50 dias, tarifas de aproximadamente 100%”, declarou Trump.

Ele acrescentou que seriam “tarifas secundárias” que afetariam os parceiros comerciais da Rússia. O objetivo é sufocar economicamente o país, que já enfrenta duras sanções ocidentais.

O principal parceiro comercial da Rússia no ano passado foi a China, com quase 34%, seguida de longe por Índia, Turquia e Belarus, segundo o Serviço Federal de Alfândegas da Rússia. 

A China reagiu nesta terça-feira às ameaças. “A coerção ou as pressões não podem resolver os problemas”, declarou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim.

– “Eles pagarão” –

Trump e Rutte revelaram os termos de um acordo pelo qual a aliança militar da Otan compraria armas dos Estados Unidos, incluindo baterias antimísseis Patriot, e as forneceria à Ucrânia.

“Bilhões de dólares em equipamentos militares serão comprados dos Estados Unidos, que serão destinados à Otan (…) e rapidamente distribuídos no campo de batalha”, declarou Trump.

“Nós, os Estados Unidos, não faremos nenhum pagamento… nós os fabricaremos, e eles pagarão”, declarou o presidente.

Rutte, ex-primeiro-ministro holandês que surpreendeu Trump ao se referir a ele como “papai” durante uma cúpula em junho, afirmou que a Ucrânia “receberá quantidades realmente substanciais de equipamentos militares, tanto para defesa aérea quanto mísseis e munições”.

Alemanha, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Países Baixos, Noruega, Suécia e Reino Unido seriam os compradores de armas para a Ucrânia, acrescentou o chefe da Otan.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou ter conversado com Trump e disse estar “agradecido” pelo acordo de armas.

Trump tentou uma aproximação com Putin logo após iniciar seu segundo mandato em janeiro, na tentativa de cumprir sua promessa de campanha de encerrar a guerra na Ucrânia em 24 horas.

Essa mudança gerou temores de que daria as costas à Ucrânia, especialmente após o confronto verbal com Zelensky no Salão Oval da Casa Branca em fevereiro.

Mas, nas últimas semanas, a frustração de Trump tem aumentado. Em uma entrevista à emissora britânica BBC divulgada nesta terça-feira, o presidente americano demonstrou seu descontentamento. 

“Estou decepcionado com ele, mas não terminei com ele”, afirmou o presidente americano. Ao ser questionado se confia no líder russo, Trump respondeu: “Eu não confio em quase ninguém”.

– “Antes tarde do que nunca” –

O anúncio de Trump na segunda-feira coincidiu com a visita de seu enviado especial Keith Kellogg a Kiev para se reunir com Zelensky.

Um soldado ucraniano destacado no leste do país, que se identificou como Grizzly para proteger sua identidade, elogiou a promessa de Trump de novos sistemas de defesa aérea.

“Antes tarde do que nunca”, disse ele à AFP.

“Porque enquanto estivermos aqui defendendo a linha de frente, nossas famílias estarão desprotegidas. Graças aos Patriots que vocês nos entregam, nossas famílias estarão mais seguras”, acrescentou o soldado de 29 anos.

Na frente ucraniana, o Exército russo permanece na liderança.

As forças russas afirmaram na segunda-feira ter capturado duas pequenas localidades ucranianas: Mayak, na região de Donetsk, e Malynivka, na região sul de Zaporizhzhia.

Os ataques de segunda-feira deixaram pelo menos três civis mortos nas regiões de Kharkiv e Sumy, ambas na fronteira com a Rússia, segundo autoridades locais.

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